Uma jovem de 18 anos, moradora de Juiz de Fora, na Zona da Mata, a 265 quilômetros de Belo Horizonte, denunciou à Polícia Federal (PF) e à polícia de Minas Gerais estar recebendo ameaças de morte após ser acusada por internautas de participar do ataque contra o candidato à Presidência da República, Jair Bolsonaro, na última quinta-feira (6).
A mãe da estudante A.C. garante que a filha foi confundida com uma mulher homônima que alguns internautas acusam de ter entregue a Adélio Bispo de Oliveira, de 40 anos, a faca com que o desempregado feriu o político.
A jovem é a segunda pessoa cujo nome e dados pessoais são divulgados nas redes sociais por internautas que as acusam, sem provas, de participação no crime.
“Existem muitas pessoas com um nome parecido com o da minha filha. De repente, ela começou a ver sua foto divulgada nas redes sociais. Divulgaram inclusive o número do telefone dela. Passaram a telefonar dizendo que vão encontrá-la; que vão matá-la; que ela deve ser presa”, contou a mãe da menina à Agência Brasil, que prefere manter o sigilo do nome para preservação da família.
Com um tom de voz preocupado, a mãe da jovem disse que a filha está com medo. “Ela está muito assustada com tudo o que está acontecendo. Não está saindo de casa e apagou tudo das redes sociais.”
Explicações
A mãe acrescentou ainda que a filha, que está no ensino médio, estava em casa no momento em que o candidato foi esfaqueado e não tem envolvimento com política partidária. “Nós ainda nem sabemos ao certo em quem vamos votar. Conversamos sobre política como qualquer família ou pessoa”, acrescentou a mãe da menina, pedindo que seu nome não fosse divulgado.
Temendo pela segurança da filha, a família deu queixa das ameaças à polícia e compareceu à Delegacia da Polícia Federal (PF), em Juiz de Fora. É a PF quem está investigando o ataque contra Bolsonaro – inclusive se o agressor recebeu ajuda de alguém. Detido logo após desferir a facada que atingiu os intestinos grosso e delgado do candidato, Adélio Bispo de Oliveira confessou o crime. Durante seu depoimento, Oliveira disse ter agido sozinho, por ordem de Deus.
Outro Lado
Por meio de sua assessoria, a PF confirmou que o delegado-substituto de Juiz de Fora recebeu a mãe e a menina na manhã desta segunda-feira (10) e que nem a jovem, nem qualquer outra pessoa cujo nome está sendo divulgado na internet são investigadas.
Ainda de acordo com a assessoria, peritos já analisaram diversas gravações do momento do ataque, sem identificar nada que acrescentasse ao que o agressor disse em depoimento.
Adélio Oliveira foi indiciado no Artigo 20 da Lei de Segurança Nacional, que prevê ataques à pessoas ou atos de terrorismo praticados por inconformismo político ou para a obtenção de fundos destinados à manutenção de organizações políticas clandestinas ou subversivas são passíveis de pena de reclusão de até 10 anos – punição que pode ser dobrada quando houver lesão corporal grave; ou triplicada quando o ataque causar a morte da vítima.
Em sua conta no Twitter, o filho de Jair Bolsonaro, o deputado federal Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), escreveu que algumas pessoas tratadas nos vídeos como se tivessem colaborado com o atentado já foram identificadas e não têm relação com o crime.
Nova cirurgia
Internado há três dias em São Paulo, o candidato à Presidência Jair Bolsonaro precisará passar por uma nova cirurgia de grande porte para reconstruir o trânsito intestinal e retirar a bolsa de colostomia, feita em função de lesões graves no intestino grosso e delgado, informou boletim médico do Hospital Albert Einstein, divulgado às 10h.
A nota não informa em que momento essa cirurgia será feita. De acordo o boletim médico, Bolsonaro permanece sem sinais de infecção, recebendo o suporte clínico, fisioterapia respiratória e motora e alimentação exclusivamente endovenosa.
Da Agência Brasil