Lula na CNN: Sabatina é marcada por perguntas sobre corrupção

Em entrevista à CNN na última segunda-feira (12), Lula se defendeu de acusações de corrupção e defendeu indicações políticas no governo. (Reprodução)

Em entrevista concedida ao jornalista Willian Waack na noite dessa segunda-feira (12), na CNN, o candidato à Presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu-se de acusações sobre escândalos de corrupção em seu governo e ponderou a indicação de aliados para cargos-chave do governo.

Repetindo estratégia adotada tanto na entrevista concedida ao Jornal Nacional quanto no debate entre os candidatos promovidos pela Band, Lula não negou a corrupção durante os governos petistas.

Teceu duras críticas, porém, à postura dos delatores da operação Lava Jato, que, segundo ele, foram beneficiados para tentar culpá-lo.

“A minha versão é que algum diretor da Petrobras que reconheceu que roubou pagou o preço. Eu não posso dizer que não houve corrupção se as pessoas delataram, se o Sérgio Cabral, no Rio de Janeiro, reconheceu que fez o erro que ele fez, se outros denunciaram que receberam favores de empresas. O que eu acho grave é que essas pessoas foram beneficiadas por uma delação premiada na qual o objetivo era tentar me culpar.”

O ex-presidente disse que foi “culpado por ser inocente”.

“Eu sou, pela primeira vez na história no Brasil, eu sou culpado de ser inocente. É fantástico, porque eu disse o tempo inteiro que tinha um juiz mentindo, eu disse o tempo inteiro que tinha um grupo tarefa do Ministério Público, que é grave, que induziu a sociedade brasileira, induziu a imprensa brasileira a vender as mentiras que eles contavam como se fosse verdade. Eu tive que provar na Justiça a minha inocência e provar a culpa deles, porque fomos nós que provamos toda maracutaia e falcatrua que foram feitas”, afirmou.

Indicações políticas

Ao ser questionado sobre o loteamento de cargos na Petrobras durante os governos petistas, Lula disse que indicações políticas acontecem em todas as democracia do mundo.

“Acontece na democracia de qualquer país do mundo. Quando você ganha uma eleição, você tem uma composição para ganhar as eleições. (…) Se a gente ganhar as eleições, esses partidos irão participar do governo. O que não faz sentido é você ganhar as eleições e seu adversário indicar”, afirma o ex-presidente.

Para Lula, é natural que pessoas que participaram de sua chapa presidencial façam indicações para cargos em estatais, no STF, na PF e na PGR.

“Você não tem como fazer se não for assim. Como você indica um ministro para a Suprema Corte? Como você escolhe um diretor da Polícia Federal? Como você escolhe um procurador-geral da República? Como você indica um diretor para o conselho da Petrobras ou de outra empresa? É indicação das pessoas que participaram do processo.”

O ex-presidente afirmou que, apesar de serem filiados a partidos políticos, os diretores da Petrobras nomeados por ele eram funcionários de carreira na empresa. “Eram pessoas com mais de 30 anos de concursadas na Petrobras”, destacou.

Lula culpa Aécio e judicailização por acirramento do clima político

Perguntado sobre a responsabilidade pelo atual clima de acirramento político e sobre a atuação política do judiciário, Lula defendeu que o deputado federal Aécio Neves (PSDB), ao questionar o resultado das eleições de 2014, foi o responsável por iniciar o movimento de alta interferência do Poder Judiciário na política.

“Primeiro é culpa da classe política. Qualquer coisinha recorre à Suprema Corte. E aí nós temos um problema que foi a eleição da Dilma de 2014, quando o candidato que ela derrotou não quis aceitar o resultado. (…) O Aécio afrontou a vitória da Dilma, entrou com recurso na Justiça e é responsável pelo clima de animosidade que está criado neste país”, disse Lula.

Segundo ele, é necessário “voltar à normalidade”, com cada Poder cumprindo a sua função.

O petista disse que Bolsonaro surgiu a partir da negação da política e comparou o surgimento do atual presidente aos de Adolf Hitler, na Alemanha nazista, e de Benito Mussolini, na Itália fascista.

“A negação da política, a destruição da política, permitiu que surgisse um Bolsonaro, como permitiu na Alemanha que surgisse um Hitler, como permitiu na Itália que surgisse um Mussolini. Toda vez que você nega a política, o que vem dela é muito pior.

Economia

Na área econômica, Lula defendeu que, para “consertar o país”, é necessário ter credibilidade, estabilidade e previsibilidade. “Na economia não existe mágica. A economia é um processo em construção que você vai ganhando espaço”.

Ele defendeu a volta de investimentos estatais em obras de infraestrutura para estimular a economia e mencionou o retorno de obras do PAC.

“Quero fazer um levantamento dos três principais projetos de infraestrutura de cada governo do estado, quero fazer o levantamento de todas as obras do PAC que estão prontas para serem trabalhadas, quero retomar o Minha Casa Minha Vida, para a gente fazer a economia voltar a funcionar”, disse.

O ex-presidente ainda citou que os bancos estatais voltarão a conceder crédito e salientou ser necessário gerar empregos. “Nós vamos fazer investimentos para que a economia volte a funcionar gerando emprego. As pessoas não querem viver de benefício do governo o tempo inteiro. As pessoas querem trabalhar”, pontou Lula.

O petista voltou a dizer que vai criar um programa de renegociação de dívidas com o varejo e com bancos. Segundo ele, esse é um mecanismo para estimular o consumo e tornar o país atrativo para investimentos.

“Vamos convencer que o Brasil é um bom negócio para fazer investimento novo”, disse Lula.

A entrevista é uma série da CNN com candidatos à Presidência da República no “WW Especial: Presidenciáveis”. 

Simone Tebet (MDB), Luiz Felipe D’Avila (Novo), Ciro Gomes (PDT) e Soraya Thronicke (União Brasil) já foram ouvidos, entre os dias 29 de agosto e 2 de setembro. Jair Bolsonaro (PL) se recusou a comparecer.

Pedro Munhoz[email protected]

Editor de Política do BHAZ. Graduado em Direito pela Faculdade Milton Campos e em História pela UFMG, trabalhou como articulista de política no BHAZ entre 2012 e 2013. Atuou como assessor parlamentar desde 2016, com passagens pela Câmara dos Deputados, Câmara Municipal de Belo Horizonte e Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

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