Ex-aluno da UFMG é preso novamente por filmar e divulgar estupros

Denúncia estupro UFMG
Suspeito compartilhava nomes e perfis de redes sociais das vítimas em grupos na internet (Polícia Civil/Divulgação)

Um ex-aluno de arquitetura da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), que já havia sido preso em 2019, foi preso novamente pelos crimes de estupro, divulgação de cenas de sexo e nudez sem o consentimento das vítimas e divulgação de cena pornográfica envolvendo menor de idade.

O homem havia sido solto no final de 2020 depois de cometer os mesmos crimes contra oito vítimas. De volta às ruas, ele continuou se encontrando com mulheres e forçando-as a participar de atos sexuais violentos e degradantes e compartilhando as imagens em aplicativos de conversa.

O suspeito foi preso preventivamente em Contagem, na região metropolitana de BH, na última sexta-feira (14). Os policiais apreenderam um celular, um chip de memória, quatro CDs, uma quantidade de maconha e uma balaclava. A Polícia Civil identificou mais três vítimas do predador sexual, de 18, 24 e 28 anos. A mais nova tinha 15 anos quando enviou fotos íntimas ao homem, e ele as divulgou na internet em março deste ano.

Abordagem em redes sociais

As investigações da 1ª Delegacia de Polícia Civil do Barreiro foram retomadas quando as três mulheres procuraram a corporação, relatando os crimes.

“A partir dos relatos, chegamos ao modus operandi do criminoso: através de sites de encontros, ele identificava as pretensas vítimas e, depois de algumas conversas, chegava a marcar um encontro sexual. É bom asseverar que, inicialmente, os encontros eram consentidos. Mas durante o ato, ele se portava de forma muito violenta, chegando a forçar as vítimas a realizar outros atos sexuais sem consentimento”, detalha o delegado Túlio Leno.

Quando ouvido pela polícia neste ano, o homem confessou ainda que “combinava” com as vítimas alguns códigos que sinalizassem que ele deveria interromper o que estava fazendo. Um desses códigos, segundo ele, seria que a vítima de 28 anos ingerisse sua urina. Ele chegou a filmar esse ato durante cerca de seis minutos, e, de acordo com o delegado, no vídeo, a mulher pede para ele parar e ele continua o ato.

Divulgação dos vídeos

Ainda segundo investigação da Polícia Civil, o suspeito divulgava vídeos e fotos, tirados durante os estupros sem o consentimento das vítimas, em diversos grupos de Telegram com aproximadamente 200 pessoas cada.

Além de expor os rostos das mulheres, ele ainda incluía seus nomes e seus nomes de usuário nas redes sociais. Em depoimento à corporação, o homem confessou os crimes e afirmou ser portador de dois distúrbios sexuais: sadismo e exibicionismo.

Uma das mulheres comentou sobre o estupro sofrido com uma amiga, e descobriu que ela já havia sido vítima do predador sexual em 2019, quando seus vídeos foram divulgados em sites pornográficos.

“Desde então, ela teve problemas psicológicos, e se juntou num grupo de mulheres vítimas dele. Todos os dias, elas se procuram na internet para saber se ele divulgou mais alguma coisa. Em uma das publicações, ele colocou até o número de telefone de uma delas, e várias pessoas mandavam mensagens”, completa o delegado.

De acordo com Túlio Leno, o advogado conseguiu um exame que atestava insanidade mental do suspeito para que ele fosse solto no final de 2020.

Prisão anterior

O homem de 31 anos foi preso em 3 de dezembro de 2019, pelos mesmos crimes apurados na investigação mais recente. Conforme levantado à época, o jovem manteve relação sexual com pelo menos uma das vítimas em estado de inconsciência e vulnerabilidade, filmou toda a ação e postou as imagens em sites pornográficos.

Ele também publicou vídeos de pelo menos três das mulheres com quem teve relações sexuais recentemente. O autor posicionava o notebook para que a câmera registrasse os momentos íntimos.

Nos sites, ele se inscrevia com nomes e emails falsos e, além de divulgar as imagens, também expunha os perfis de redes sociais das mulheres. Uma delas contou à polícia que, certa vez, estava com ele em um local, bebeu e “apagou”. Ela só soube do abuso tempos depois, quando assistiu às imagens.

Segundo os delegados responsáveis pelo caso, o suspeito , que era engajado em causas feministas, disse, em depoimento, que tem compulsão sexual e faz tratamento.

Edição: Giovanna Fávero
Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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