Kamila Simioni, 35, dona da rede de salões de mesmo nome e de lojas de sapato, vestuário e acessórios em Belo Horizonte, além de influenciadora digital com mais de 300 mil seguidores, foi denuncia por uma ex-funcionária, ontem (28), que a acusa de agressão. A violência teria ocorrido no escritório da empresa, no Centro da capital. Conforme relatado pela vítima, as humilhações já teriam começado na semana anterior, quando ela foi demitida aos gritos.
A ex-funcionária se dirigiu até o escritório, nessa terça-feira (28), para fazer o acerto de contrato com Kamila e a diretora comercial da empresa. Quando a colaboradora apontou a falta de R$ 213 de uma comissão, as duas se exaltaram, xingaram a mulher e já partiram para a agressão, conforme o relato. “Ela me empurrou, eu já caí no chão, bati a cabeça e eu só queria sair da sala porque meu medo era ficar na sala e ali mesmo elas me desovarem”, conta ao BHAZ a vendedora, visivelmente abalada.
“Primeiro ela falou: ‘some daqui, desaparece da minha frente, você não vai ter um centavo’. Nisso que eu fui saindo, e escutei [a diretora comercial]: ‘a vontade que eu tenho é de matar você'”, relata. Nesse momento, a mulher conta que questionou a diretora se ela gostaria de bater nela. “Eu disse: ‘você quer me bater, então bate”.
“Nisso ela me deu dois tapas de virar o rosto e a Kamila veio no cabelo, puxando o cabelo e me chutando no chão”. Ainda segunda a vítima, quando ela conseguiu sair da porta, uma funcionária do salão apareceu, impediu a sua saída e xingou ela com palavras de baixo calão. “Nisso ela veio puxou meu cabelo que veio até chão”, conta.
Denúncia à polícia
Em dado momento, a ex-funcionária conseguiu descer no elevador e sair do local, enquanto recebia xingamento de Kamila e da diretora comercial. Ao mesmo tempo, outras mulheres se dirigiram ao escritório para apartar a briga.
Já na Praça da Estação, próximo ao local, a vendedora conversou com a guarnição municipal, que a orientou a ligar para a Polícia Militar. Os guardas impediram que a influenciadora saísse do prédio no momento em que ela estava conduzindo o carro para fora da garagem. A vendedora foi levada para o hospital e realizou o boletim de ocorrência.
Deboche no carro de polícia
“Aqui estou mais um dia sob o olhar sanguinário do vigia”, começa o story de Kamila no carro da polícia, enquanto estava sendo conduzida para a delegacia com a diretora comercial. As duas aparecem rindo nos vídeos. “Lá vai a pessoa indo para a delegacia de novo”, diz a influenciadora. No próximo story, ela mostra o próprio salto e coloca a legenda “plena”.
Na delegacia, a mulher debocha da situação, marca o Instagram da diretora comercial e escreve: “Tô vendo que vamos perder o jogo do galo hoje“. “Estragou nosso rolê”, escreve em outra gravação, marcando a diretora novamente, junto com um riso. Em nova gravação na delegacia, a empresária diz: “gente, eu quero saber quanto tá o jogo do Galo. Tomamos um gol”.
Depois que realizou os procedimentos policiais, já no carro, a influenciadora gravou um vídeo se referindo à ex-funcionária: “tenta de novo, tá, amor, continua tentando, todo dia sai um bobo de casa, tá bom, e esse bobo não sou eu. Galo!”, disse. “Para os meus seguidores maravilhosos, que estão me perguntando o que aconteceu. Gente, falar até papagaio fala, provar que é difícil”, diz, e ainda acusa a colaboradora de estar tentando se dar bem em cima dela.
Ameaças
Enquanto isso, a ex-funcionária relata que realizou o exame de corpo delito no IML (Instituto Médico Legal) e sofreu ameaças na própria delegacia. “Ela me ameaçou de morte com dois policiais lá dentro”, diz a mulher, que ainda conta que relatou a fala aos policiais, mas a influenciadora a chamou de louca e negou as acusações.
“O marido [de Kamila] passava e olhava tipo colocando medo. Minha filha começou a chorar: ‘mãe, vamos embora daqui, vamos embora daqui'”, conta a vendedora sobre o tempo na delegacia. “Meu medo era sair dali em um rabecão. Eu já tenho síndrome do pânico, já vivo muita coisa”, desabafa.
“Ela usa tudo que faz pra virar mídia e ganhar seguidor. ‘Tem pessoas querendo crescer em cima da gente’. Como se eu quisesse mídia, meu Instagram tem poucos seguidores, fotos minhas e da minha filha”, conta, ao choro.
A vendedora conta que começou a trabalhar na loja no dia 23 de agosto, mas que viu “muita coisa errada” na condução do negócio. Isso gerou um conflito com a dona e a diretora comercial antes da demissão, que ocorreu, segundo a auxiliar da advogada da família, aos gritos. “Ela foi demitida aos berros e mediante muita humilhação”, conta assistente jurídica Tracy Caldeira.
Medidas judiciais
A assessora diz que está atuando de forma voluntária para a vendedora. “É pouco dinheiro, pouco dinheiro pra ela [Kamila], mas pra minha cliente que tem dois filhos, aluguel, 200 pra alguém que não tem condições financeiras é muito dinheiro”, argumenta. “Vamos atuar probono para ajudá-la”.
Elas pretendem seguir com o processo. “Vamos levar todas as demandas até o final, tanto a criminal quanto a trabalhista, porque ela assinou o recebido, mas não recebeu. E com certeza o dano moral”, disse, lembrando dos stories na manhã de hoje expondo a ex-funcionária aos seguidores. “Kamila se preocupou em desbloquear [a cliente] para continuar e perpetuar a humilhação, não bastasse o que aconteceu ontem. Na nossa forma de enxergar, está tentando virar o jogo”.
A assessora conta que a cliente perdeu até mesmo o novo emprego diante dessa situação. “Perdeu o trabalho que tinha conseguido para começar hoje – empregadora disse que não precisa mais que ela vá. Não só isso como a imagem dela está sendo exposta de uma forma inverídica no Instagram e de forma a difamar as intenções”.
A vendedora conta que está com medo de receber represálias e até mesmo que a vida dela e de suas filhas seja tirada.
Posicionamento e investigações
O BHAZ tentou contato com Kamila Simioni e a diretora comercial da empresa, mas não recebeu respostas. Caso se manifestem, esta matéria será atualizada.
Já a Polícia Civil confirmou que houve uma ocorrência de lesão corporal registrada nesta terça-feira (28), no Centro de Belo Horizonte. Segundo a instituição, os policiais lavraram o Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO). Já a influenciadora foi ouvida e liberada.
Nota da Polícia Civil na íntegra
“Sobre a ocorrência de lesão corporal registrada nesta terça-feira (28), no centro de Belo Horizonte, a Polícia Civil de Minas Gerais lavrou Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO). A mulher, de 35 anos, foi ouvida e liberada”.