Gasolina: Preço médio aumenta quase R$ 0,50 em um mês em BH

posto gasolina frentista
Preço médio da gasolina não para de subir em Belo Horizonte (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Se não bastasse ter que encarar o momento mais crítico da pandemia, com sistema de saúde colapsando, o belo-horizontino ainda tem que conviver com a alta desenfreada da gasolina. Em menos de um mês, o valor médio do litro do combustível aumentou quase R$ 0,50 na capital mineira e a máxima – da gasolina normal, vale frisar – atingiu R$ 6,24 em um posto de gasolina no bairro Belvedere, Zona Sul da capital mineira. Além da mais intensa sequência de aumentos em mais de 20 anos de conferência de preço pelo instituto de pesquisa Mercado Mineiro, o motorista ainda vê o risco de nova paralisação dos tanqueiros até a sexta-feira (26).

“São 20 anos de Mercado Mineiro, e nunca tivemos tanto aumento seguido igual aconteceu do fim do ano passado para cá. Sempre com argumento da política de preços da Petrobras e repassando isso para o bolso do consumidor. As pessoas viraram reféns do dólar, de fatores externos. Temos que pensar três vezes antes de pegar o carro”, explica Feliciano Abreu, presidente do Mercado Mineiro, um instituto de pesquisa que acompanha e compara preços de produtos diversos em BH.

A pesquisa mais recente foi realizada entre quinta-feira (18) e domingo (21), quando foi calculado um valor médio da gasolina normal de R$ 5,759. No último levantamento, realizado no dia 26 de fevereiro, a média do preço estava em R$ 5,293 – portanto, um aumento de R$ 0,47 em menos de um mês. Em Betim, na Grande BH, o preço médio do litro da gasolina é de R$ 5,688. Já em Contagem, o valor está em R$ 5,749.

A expectativa, pelo menos, é de que seja registrada uma queda nos valores em breve – mas pequena, que não deve ultrapassar os 5%. “A partir desta semana é possível que os postos faça, uma redução, mas muito pequena. Tem toda a questão de imposto, transporte, logística. A notícia é boa, por conta da queda, de aumentos consecutivos, mas o resultado final não deve trazer tanta diferença ao consumidor. A expectativa é menos pior, mas não vejo ainda nada a comemorar, ainda tem muita dessa gordura – desses aumentos consecutivos – para queimar”, completa Abreu.

Acima de R$ 6

O litro da gasolina acima de R$ 6 já é uma realidade em BH. O posto Belvedere – Ipiranga é o campeão da pesquisa realizada pelo Mercado Mineiro. O estabelecimento situado na avenida Paulo Camilo Pena, uma das principais do bairros, cobra R$ 6,24 pelo litro. A gasolina aditiva chega a quase R$ 6,50 – R$ 6,44 para ser exato.

Mas não é apenas no Belvedere onde esse tipo de combustível ultrapassou os R$ 6. No bairro Luxemburgo, também na Zona Sul de BH, o posto Luxemburgo – Petrobras cobra R$ 6,09 pela gasolina normal e R$ 6,29 pela gasolina aditivada. O estabelecimento fica na rua Guaicuí, também uma das principais do bairro.

No outro extremo, estão postos que ainda cobram abaixo de R$ 5,50 pelo litro da gasolina normal. O posto Night and Day, que fica na avenida Barão Homem de Melo, 400, Zona Oeste de BH, cobra o mais barato da cidade: R$ 5,47. O posto Fenix Estoril – Shell (avenida Amazonas, 4808), na região Central, vende a quantidade por R$ 5,49.

Na pesquisa, foram consultados 145 postos em Belo Horizonte e região metropolitana. E não custa lembrar que os valores podem ser reajustados a qualquer momento. Confira o levantamento completo aqui.

Etanol e diesel

No caso do etanol, o menor preço encontrado entre os postos pesquisados foi de R$ 3,899, e o maior de R$ 4,749, com uma variação de 21,8%. Na comparação realizada entre os preços médios no dia 26 de fevereiro de 2021, foi apontando que o preço médio do etanol subiu 13,7%, sendo que o valor médio era de R$ 3,698 e passou a ser de R$ 4,207.

De janeiro até março, o diesel subiu 15,56% – era R$ 3,823 e passou para R$ 4, 418. Na cidade de Betim, o preço médio do etanol é de R$ 4,158 e, em Contagem, está a R$ 4,207. Vale lembrar que o etanol não é viável para o bolso do consumidor quando comparamos os preços médios, correspondendo a 73% do preço médio da gasolina comum.

Tanqueiros podem paralisar

Além das seguidas altas (ou por causa delas), os trabalhadores de transportadoras de combustíveis podem entrar em greve, mais uma vez, em Minas Gerais e outros estados. A categoria informou, em entrevista ao BHAZ, na última quarta-feira (17), que enquanto o governador Romeu Zema (Novo) não anunciar medidas que auxiliem os trabalhadores, durante o período da onda roxa, não haverá entrega de combustíveis em Minas. O movimento, segundo integrantes da categoria, pode começar a qualquer momento.

Ao BHAZ, o presidente do Sinditanque-MG (Sindicato das Empresas Transportadoras de Combustíveis e Derivados de Petróleo do Estado de Minas Gerais), Irani Gomes, afirmou em entrevista na última semana que a gestão Zema diminuiu a carga de trabalho e os trabalhadores exigem “resposta imediata”. “Como a categoria é essencial, queremos uma reposta do governo imediata, as situação financeira das empresas está muito complicado. Se o governo não dar uma solução para as empresas, elas vão paralisar a operação”, afirmou Irani.

Irani justificou que as empresas de combustíveis precisam ser mantidas como serviços essenciais. “O governador tirou o consumidor do mercado, parando as outras atividades. As empresas de transportes precisam manter os funcionários e a empresa aberta, mas não tem consumidor. Então todos vão cruzar os braços a não ser que o governo socorra as empresas com algum incentivo fiscal, ou alguma isenção de impostos, alguma coisa”.

Em nova conversa com o BHAZ, realizada hoje, o presidente afirma que o governo tem até esta sexta-feira (26) para dialogar com a categoria. “Estamos aguardando o posicionamento do governo em relação às nossas demandas. Vamos esperar até sexta-feira. Caso não tenhamos nenhuma resposta, a categoria vai se reunir e decidir os próximos passos, que pode ser a paralisação”.

Edição: Thiago Ricci
Vitor Fernandes[email protected]

Sub-editor, no BHAZ desde fevereiro de 2017. Jornalista graduado pela PUC Minas, com experiência em redações de veículos de comunicação. Trabalhou na gestão de redes do interior da Rede Minas e na parte esportiva do Portal UOL. Com reportagens vencedoras nos prêmios CDL (2018, 2019, 2020 e 2022), Sindibel (2019), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

SIGA O BHAZ NO INSTAGRAM!

O BHAZ está com uma conta nova no Instagram.

Vem seguir a gente e saber tudo o que rola em BH!