‘Jogos Vorazes – A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes’ mostra lado humano do vilão Snow; leia a crítica

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Confira a crítica a ‘Jogos Vorazes: A cantiga dos Pássaros e das Serpentes’, novo filme da franquia (Reprodução/X)

O filme do último livro da franquia “Jogos Vorazes” chegou aos cinemas brasileiros no dia 15 de novembro, reavivando a chama dos fãs da saga. “Jogos Vorazes: A cantiga dos Pássaros e das Serpentes” é a adaptação do spin off homônimo, que conta a história do vilão Snow.

A trilogia de livros e os quatro filmes de Jogos Vorazes conquistou os corações de adolescentes e adultos entre 2012 e 2015. Estrelados por Jennifer Lawrence, Josh Hutcherson e Liam Hemsworth, a distopia comoveu milhares de pessoas com a história de Katniss Everden.

Dentre os personagens da série de livros e filmes, Presidente Snow se destaca como o carismático vilão da trama. Movido por vaidade e tirania, o governante de Panem é a mente por trás de 64 edições dos Jogos Vorazes e de toda a perseguição contra Katniss Everden.

Viola Davis brilha no papel da vilã Dra. Gaul (Reprodução/YouTube)

Passado do vilão

Mas qual seria a motivação de tanta vaidade e tirania? Responder essa pergunta é o objetivo de Jogos Vorazes: A cantiga dos Pássaros e das Serpentes. Suzanne Collins – a real mente brilhante criadora de toda a história – publicou o spin off em 2020.

Francis Lawrence, cineasta responsável pelos outros filmes da franquia, também dirigiu A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes. O longa-metragem é dividido em três partes, como uma espécie de três atos que explicam como Snow tornou-se uma pessoa tirana.

Na trama, Coriolanus Snow (Tom Blyth) tem 18 anos e vive na Capital no período pós-guerra. Por causa disso, a cidade é retratada de uma forma mais fria em comparação com a alegoria que é mostrada nos demais filmes da franquia.

Estudantes da Capital como tutores dos tributos

Estudando em uma universidade, Snow faz de tudo para ser bem–sucedido e mudar a realidade da família, que ficou sem nada após a morte do pai dele. No meio disso, os estudantes recebem a missão de serem tutores dos tributos nos Jogos Vorazes, com o objetivo de aumentar a audiência do programa.

A questão de mostrar como o ser humano sente prazer em ver pessoas disputando entre si é um pouco explorada, levando a entender as estratégias que são utilizadas nos Jogos Vorazes em prol do entretenimento do público.

Assim acontece o encontro entre Coriolanus e Lucy Gray Baird (Rachel Zegler), seu par romântico na trama. A jovem é selecionada como tributo do Distrito 12, e viaja até a capital para os jogos, que estão na 10ª edição.

Rachel Zegler no papel de Lucy Gray Baird (Reprodução/YouTube)

Fique de coração aberto

O primeiro ato e parte do segundo são lentos para os padrões de Hollywood. Com duas horas e 38 minutos, quem está habituado à ação de Jogos Vorazes e aos mega efeitos especiais que nos deixam de olhos arregalados perante à tela pode estranhar.

Vale abrir o coração para uma nova forma de roteiro e direção para não perder nenhum detalhe da história que é contada. A partir da segunda metade da parte II, a ação toma conta do longa-metragem com os jogos na arena, que era bem mais simplória.

O auxílio de Snow à Lucy Gray e as ideias que ele dá durante os jogos apresentam indícios de tudo o que a arena se tornou na trilogia com Katniss.

Coriolanus Snow era um ambicioso estudante antes de se tornar o presidente de Panem (Reprodução/YouTube)

Finalmente, o vilanismo de Snow

O problema da trama surge no terceiro ato, quando o ritmo do filme fica apressado e mostra, finalmente, a verdadeira face de Snow. É possível sair da sala de cinema com certa indignação, tentando entender como surgiram tantos sentimentos ruins no jovem.

Tal questão seria facilmente resolvida se, desde o início do filme, ficasse clara a pré-disposição de Snow para o vilanismo. Dessa forma, é fácil se apaixonar pelo personagem e torcer para que ele fique com Lucy Gray. A humanidade do jovem acaba sendo o grande destaque da trama, mesclada com os momentos de manipulação em que conseguimos passar aquele pano.

Um outro incômodo da obra é a cantoria de Lucy Gray. Fato é que Rachel Zegler tem um talento absurdo para a música, porém, a adição excessiva de momentos musicais no longa-metragem ficou cansativa e um tanto quanto desnecessária.

Os efeitos especiais também deixam a desejar, o que é estranho, visto que a franquia lucrou no cinema e lucra até hoje nas plataformas de streaming. Esse problema tem sido recorrente em muitos filmes de produtoras milionárias, parecendo quase um acordo universal cinematográfico para baixo investimento em Visual Effects.

A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes tem sucesso na escolha do elenco e nas referências bem costuradas aos demais filmes da franquia. O grande destaque vai para Viola Davis, a vilã desta trama, no papel da Dra. Gaul, uma grande sádica com figurino marcante.

Quem é fã de Jogos Vorazes tem grandes chances de ficar satisfeito com o filme, que prende do início ao fim. Conhecer a história de Snow e mergulhar nos tempos em que a mente dele tendia a ser boa é um prato satisfatório para entender a obsessão do personagem em escrutinar o sofrimento nos jogos.

Edição: Lucas Negrisoli
Andreza Miranda[email protected]

Graduada em Jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2020. Participou de duas reportagens premiadas pela CDL/BH (2021 e 2022); de reportagem do projeto MonitorA, vencedor do Prêmio Cláudio Weber Abramo (2021); e de duas reportagens premiadas pelo Sebrae Minas (2021 e 2023).

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