Um advogado denunciou ter sido vítima de racismo durante uma live realizada na última segunda-feira (28). O tema do encontro era justamente uma crítica ao crime que segue sendo praticado no país. Em entrevista ao BHAZ, Gilberto Silva destacou que o sentimento que fica é de “dor” e um dos “piores possíveis”. Um boletim de ocorrência foi registrado em delegacia de Belo Horizonte.
“Estávamos discutindo, justamente, a questão do racismo, fascismo e o contexto histórico deles. Surgiu uma pessoa, que me segue nas redes, com as ofensas: ‘Uau! Macacos falantes’. A gente não interrompeu a live, pois sabíamos dos procedimentos que deveríamos tomar na sequência”, conta.
Gilberto é especialista em crimes raciais e, pelo fato do crime ter ocorrido na internet, ele foi até a Delegacia de Crimes Cibernéticos, no bairro Santa Efigênia, região Centro-Sul da capital, para fazer o registro da ocorrência. “Esta é a medida que deve ser tomada por todos que são vítimas destes ataques para os responsáveis serem punidos”.
‘Sensação de dor’
Diante do ataque sofrido, o advogado relata o sentimento que fica. “É uma sensação de dor, aquela dor que acaba sendo silenciosa, mas que grita lá dentro. As pessoas usam estes ataques para que sejamos menores na sociedade, para nos sentirmos menores como seres humanos. É assim que elas nos enxergam.
“A sensação é de impotência, um vazio muito grande e de falta de dignidade humano que nos deixa tristes e pensativos do quanto o ser humano é deplorável em pleno século XXI. Para o advogado, os “discursos de ódio” propagados no país reforçam a continuidade destes ataques.
“Esses discursos têm sido pronunciado a todo momento e eles vêm com intuito de manter a estrutura do racismo, machismo, sexismo e homofobia. As pessoas, infelizmente, copiam isso, pois se sentem legitimadas a praticar tais atos. No Brasil temos a figura máxima do Estado brasileiro que destila ódio e já foi protagonista de ofensas raciais”.
Denuncie
Procurar as autoridades e denunciar os ataques sofridos é uma forma de combater o preconceito, conforme diz Gilberto. “Temos que denunciar. Se você é vítima, mesmo que pensa na impunidade, faça o registro policial. Temos que chamar a atenção para que o Judiciário seja mais firme na punição que nada mais é do que a luta antirracismo”.
A reportagem procurou a Polícia Civil para saber mais detalhes sobre a investigação do caso. A corporação informou que “a equipe, responsável pela investigação, fez contato com a vítima e ela será ouvida e orientada acerca da representação, tendo em vista que se trata de crime condicionado à representação da vítima, conforme dispõe a Lei”.
Um inquérito foi instaurado para apurar o fato. “Os trabalhos policiais seguem na Delegacia Especializada de Investigação de Crimes de Racismo, Xenofobia, LGBTfobia e Intolerâncias, em Belo Horizonte”, disse em nota enviada ao BHAZ.
Nota da Polícia Civil
“Sobre a ocorrência registrada, ontem (29/6), de injúria racial, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) instaurou procedimento para apurar o fato. A equipe, responsável pela investigação, fez contato com a vítima e ela será ouvida e orientada acerca da representação, tendo em vista que se trata de crime condicionado à representação da vítima, conforme dispõe a Lei. Os trabalhos policiais seguem na Delegacia Especializada de Investigação de Crimes de Racismo, Xenofobia, LGBTfobia e Intolerâncias, em Belo Horizonte”.