Aluna de veterinária denuncia professor da PUC por assédio: ‘Acabei reprovada’

professor puc betim
Professor da PUC é alvo de denúncias de assédio (Reprodução/StreetView)

Alunas de medicina veterinária da PUC Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, se mobilizaram para denunciar um professor universitário por assédio sexual. O caso veio à tona após a publicação de relatos anônimos, que sugerem que o profissional se insinuou mais de uma vez às estudantes.

Ao BHAZ, uma aluna do nono período, que preferiu não se identificar, conta ter procurado a Delegacia de Plantão de Atendimento à Mulher na tarde dessa quinta-feira (17) para denunciar o professor. Ela relata que teve aulas com o docente em 2021 e que, desde então, se sente constrangida com comentários feitos por ele.

“Quando começou a pandemia, passei a ter aulas remotas com ele. Foi quando ele começou a ‘mexer’ comigo. Ficava me mandando mensagem dizendo que minha foto de perfil, em que eu apareço abraçada com o meu cachorro, era muito bonita. Ele disse que eu deveria agarrar muito ele [o cão] e perguntou se poderia trocar de lugar com o meu cachorro, para eu também agarrá-lo daquele jeito”, conta ela.

Mensagens enviadas pelo professor deixaram a aluna constrangida (Arquivo pessoal)

Aluna parou de assistir às aulas

A estudante relata, ainda, que o professor chegou até a oferecer um estágio para ela, além de insistir para acompanhá-la em atividades extraclasse.

Segundo a jovem, os comentários a deixavam incomodada, mas ela tinha medo de dizer algo que pudesse a prejudicar na avaliação da disciplina dele.

“Eu ficava com medo de não responder e isso me prejudicar na faculdade. Mas ele ficava insistindo, me chamava de linda, cobrava respostas. Então comecei a fingir que eu estava em um local sem sinal e que por isso eu não o respondia”, explica a aluna.

“Um dia, tivemos aula prática e minhas amigas contaram que ele ficava me olhando muito. Na sala de aula, ele andava na minha direção, botava a mão no meu ombro, mexia no meu material escolar. Eu comecei a parar de assistir à aula dele, até que acabei reprovando por faltas”, acrescenta.

Estudante passou a dar desculpas para não responder o professor (Arquivo pessoal)

O que diz a PUC?

A estudante conta que ela e outras alunas da PUC, que também teriam sofrido assédio por parte do professor, chegaram a procurar a coordenação do curso para relatar o ocorrido.

A jovem lamenta que o caso não tenha sido levado adiante pela instituição e conta ter sido desencorajada a denunciar o professor, para não ser prejudicada.

“É muito difícil a gente que é aluna passar por essas coisas e não ter apoio. Muitas pessoas tentam denunciar e são censuradas pela própria faculdade, que tem medo desses casos vazarem. Precisou de um movimento muito grande para a PUC publicar uma nota e, ainda assim, duvidar da nossa palavra”, lamenta a jovem.

Em nota, a PUC informou que “está atenta à mobilização de alunos”, mas afirma que “suspeitas graves como esta requerem a devida apuração e sustentação por fatos”.

A universidade pede, ainda, que as possíveis vítimas procurem formalizar as denúncias contra o professor para que os casos sejam investigados.

“A Universidade entende que situações como esta podem impactar a integridade moral e a dignidade das pessoas envolvidas e que, por isso mesmo, deve cercar-se de todos os cuidados e protocolos institucionais para que não haja nem impunidade, que significaria a persistência de práticas inaceitáveis, nem condenações prévias, que podem transformar injustamente suspeitos em vítimas”, disse, em nota (leia na íntegra abaixo).

Nota da PUC na íntegra

A PUC Minas esclarece que está atenta à mobilização de alunos em função de denúncia, surgida nas redes sociais, de assédio por parte de um professor contra uma aluna da Universidade. No entanto, deixa claro que suspeitas graves como esta requerem a devida apuração e sustentação por fatos e, especialmente, que as denúncias sejam formalizadas, com os denunciantes tendo o direito de valerem-se do sigilo que lhes dá proteção e que é garantido pela Instituição.

A Universidade entende que situações como esta podem impactar a integridade moral e a dignidade das pessoas envolvidas e que, por isso mesmo, deve cercar-se de todos os cuidados e protocolos institucionais para que não haja nem impunidade, que significaria a persistência de práticas inaceitáveis, nem condenações prévias, que podem transformar injustamente suspeitos em vítimas.

Larissa Reis[email protected]

Graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Vencedora do 13° Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, idealizado pelo Instituto Vladimir Herzog. Também participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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