Alunos não conseguem cancelar matrículas da SmartFit e advogada presta serviço gratuito em BH

Clientes reclamam que o cancelamento só pode ser efetuado presencialmente (SmartFit/Divulgação)

Basta acessar os canais da rede de academias SmartFit para perceber que os clientes não estão satisfeitos com a empresa nos últimos dias. Milhares de alunos reclamam que não conseguem cancelar suas matrículas nas academias, inclusive em unidades de Belo Horizonte, e que não recebem resposta da empresa quando procuram o suporte.

Parte dos clientes quer cancelar as matrículas porque, durante a pandemia de Covid-19, as academias estão fechadas e o serviço não está sendo utilizado. Outros se mobilizaram em forma de boicote à SmartFit, após o dono da empresa, Edgard Corona, ter sido alvo da operação da Polícia Federal que investiga um esquema de disseminação de notícias falsas.

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As reclamações tomaram conta das redes sociais e uma das principais queixas é a respeito de uma cláusula presente nos contratos, que prevê que o cancelamento das matrículas só pode ser feito pessoalmente.

Percebendo a repercussão, pessoas se mobilizaram para ajudar os clientes que estavam enfrentando problemas para na hora do cancelamento. Uma advogada de Belo Horizonte reuniu, no Twitter, um “passo a passo” para que o aluno acione o Procon (Programa Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor) e exija a suspensão do serviço.

A ajuda chamou a atenção da advogada belo-horizontina Nathalia Tanure, que se disponibilizou a oferecer assessoria jurídica gratuita para quem quisesse cancelar a matrícula na SmartFit e está tendo dificuldades. Em um dia, cerca de 150 pessoas entraram em contato com Nathalia para pedir orientação.

Queixas dos clientes

Ao BHAZ, a advogada especializada em direito administrativo conta que não existe um problema único entre os clientes, mas que cada caso apresenta um impasse. Segundo ela, um dos maiores problemas é que os clientes não conseguem sequer entrar em contato com o suporte da rede para tentar cancelar a matrícula.

“Cada contrato tem sua especificidade e nenhuma orientação pode ser geral. O que a rede deveria fazer é tomar uma medida que seja única e condizente com os direitos do consumidor. A empresa tem que entender que há uma situação que escapa a normalidade do contrato, uma pandemia”, explica Nathalia.

Ela conta que grande parte das queixas é referente à cláusula que exige que o cliente cancele a matrícula presencialmente. “A vontade da pessoa de se proteger do contágio pelo vírus precisa ser respeitada. Ela não pode ser obrigada a congelar a matrícula porque não quer se expor indo até o local para cancelá-la”, argumenta.

A advogada também recebeu relatos de clientes que chegaram a ir até a academia, mas ela estava fechada. Outros contam que fizeram o congelamento da matrícula, mas ainda estão sendo cobradas, e há casos de cobrança de multa mesmo após o período de fidelidade ter passado.

“Cada um que me procurou encontrou um problema. Existem soluções que estão sendo apresentadas para uns e não estão sendo oferecidas para outros. E muita gente que não consegue nem resposta”, acrescenta.

Nathalia conta que as motivações para o cancelamento variam, mas que a grande maioria é justificada pelo fato de que o serviço não está sendo utilizado, já que as academias estão fechadas. “Muita gente fala que não vai voltar a frequentar a academia, por não achar que será um lugar seguro tão cedo. Uma ou outra pessoa também menciona uma motivação poítica, mas 99% quer cancelar por causa da pandemia”, explica.

A advogada reuniu as solicitações e já começou a atender algumas pessoas nessa sexta-feira (29). Como se tratam de cerca de 150 pessoas, ela colocou parte dos casos em uma fila e pretende retomar o atendimento na segunda-feira (1°).

“O que me motiva a ajudar é saber que muitas pessoas são lesadas por não conseguirem fazer as coisas sem um advogado. Acredito que a advocacia é essencial na Justiça e, às vezes, só uma orientação já resolve, não precisa entrar com um processo. O que eu quero é que as pessoas consigam seus direitos”, finaliza Nathalia.

O BHAZ tentou contato com a Smartfit, mas não obteve sucesso. Esta reportagem será atualizada tão logo a empresa se manifeste.

Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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