Os ambulantes credenciados para o Carnaval de Belo Horizonte se reuniram nesta quinta-feira (20) em um protesto contra as restrições, em algumas das principais avenidas, à venda de bebidas que não sejam da Ambev, patrocinadora master da folia na capital mineira. A manifestação, realizada em frente à Prefeitura de BH, na região Central da capital, segundo os organizadores, reuniu cerca de 200 trabalhadores. Em nota ao BHAZ, a Belotur informou que o edital já mencionava a exclusividade comercial em 10 vias da cidade para a marca que obtivesse a chancela ‘Apresenta’. Além disso, “a exclusividade diz respeito somente a cervejas, estando liberada a comercialização de qualquer marca das demais bebidas”.
A Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte (Belotur) informou e o edital de patrocínio do Carnaval de Belo Horizonte em 2025, vencido pela Ambev, que assina a principal cota, prevê que a empresa terá exclusividade comercial em 10 vias da cidade no período de 28 de fevereiro a 4 de março (veja lista abaixo). A informação, por sua vez, pegou os trabalhadores de surpresa, já que só teriam ficado cientes no dia da entrega das credenciais, em 11 de fevereiro.
Entre as principais demandas, os comerciantes pedem maior transparência a respeito das regras, o fim da “repressão e truculência” por parte da fiscalização, e, ainda, que a exclusividade na venda de produtos da Ambev passe a valer apenas a partir do dia 28, uma vez que alguns trabalhadores, no último sábado (15), teriam sido alvo de fiscalização. Em nota, a PBH garante que essa exclusividade está prevista apenas a partir dessa data até o dia 4 de março.
Segundo a ambulante Thais Thamara Santana, embora a norma só entre em vigor nos dias oficiais da folia, muitos vendedores já enfrentaram retaliações e restrições na venda de bebidas de outras marcas. “Mesmo com oito dias de antecedência, alguns vendedores foram impedidos de comercializar Heineken, por exemplo”, afirmou.
Outra preocupação dos ambulantes é a falta de respostas sobre o fato de a presidente da Belotur, Bárbara Menucci, ter sido funcionária da Ambev, o que levanta questionamentos sobre um possível conflito de interesses. “Questionamos essa situação, afinal, ela trabalhou em uma empresa que é a principal patrocinadora do Carnaval”, afirmou.
A ambulante ainda explica que, apesar das tentativas de diálogo com a PBH, o poder executivo se recusou a atendê-los. “Ficamos na porta da Prefeitura das 8h até o meio-dia, mas ninguém nos ouviu. Enviaram apenas um funcionário para informar que não seríamos recebidos e que não teríamos direito de fala. Queríamos expor nossa situação e explicar o que está acontecendo para o prefeito, mas não tivemos essa oportunidade”, afirmou.
Reivindicações
A ambulante também destaca que, entre as principais reivindicações, estão a maior participação dos ambulantes nas reuniões de planejamento do Carnaval e a ampla divulgação das normas, para não serem pegos de surpresa.
Além disso, eles pedem a possibilidade de manter nas caixas as cervejas que não sejam da Ambev, já que muitos ambulantes não têm onde armazená-las. “O edital não proíbe isso. Muitos trabalhadores não conseguem estocar a bebida e nem veículo próprio”, explicou Thais.
Outra demanda diz respeito à abordagem dos fiscais da prefeitura com os trabalhadores nas ruas. A ambulante Sandra de Jesus comenta: “Não queremos repressão nem truculência por parte da Guarda Municipal. Então, nós queremos ter é despreocupação de podermos trabalhar nesse período, sem preocupação de termos mercadorias nos tiradas pela fiscalização”.
“Pedimos também a diminuição dos 10 pontos de exclusividade, porque dez pontos abrangeram muitas ruas. Então, a gente pede para que sejam diminuídos para três, sendo aonde tem a caixa som, que seria Avenida Afonso Pena, Avenida Brasil e Andradas”, completa.
Em nota ao BHAZ, a Belotur informou que o “Edital de Patrocínio do Carnaval 2025 foi publicado em 18 de dezembro de 2024 e já mencionava no Anexo 1, artigo 4, a exclusividade comercial em 10 vias da cidade para a marca que obtivesse a chancela ‘Apresenta’.
Além disso, o órgão municipal afirmou que a exclusividade é somente para cerveja, estando liberada a comercialização de qualquer marca das demais bebidas, alcoólicas ou não, nas dez vias. “Os ambulantes que compraram cervejas de outras marcas terão a liberdade de vender os produtos que desejarem em quaisquer outros pontos do Carnaval, celebração que acontece em toda a cidade”, disse.
Em relação ao processo de construção do credenciamento dos ambulantes, a Belotur explicou que “foi elaborado em diálogo com a associação da categoria”.
Vias obrigatórias
Veja a lista das 10 vias da cidade em que a Ambev terá exclusividade comercial para cervejas:
- Avenida Amazonas entre Rua São Paulo e Rua da Bahia
- Avenida Afonso Pena entre Avenida Amazonas e Avenida Álvares Cabral
- Avenida Brasil entre a Avenida Afonso Pena e Avenida Francisco Sales
- Avenida Getúlio Vargas entre Rua Alagoas e Rua Professor Moraes
- Rua Mármore entre Rua Gabro e Rua Tenente Durval
- Avenida dos Andradas entre Rua Alphonsus de Guimarães e Rua Pirite
- Avenida dos Andradas entre Avenida do Contorno e Rua dos Carijós
- Avenida Coronel Oscar Paschoal entre a Avenida Antônio Abrahão Caram e Avenida
- Presidente Carlos Luz
- Avenida dos Bandeirantes entre Praça da Bandeira e Rua Professor Mello Cançado
- Avenida Assis Chateaubriand entre Rua Sapucaí e Rua Silva Ortiz