No último domingo (10), um jovem de 21 anos morreu após se envolver em um acidente na MG-424, em Vespasiano, na região metropolitana de BH. Acionado pelo Corpo de Bombeiros, o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) deixou de atender a vítima ao alegar que o local não fazia parte da área de atendimento. O atendimento especializado – que poderia ter mudado o destino da vítima, segundo especialistas ouvidos pelo Bhaz – deveria estar apto há dois anos, conforme promessas dos governantes.
Em agosto de 2013, o então secretário estadual de Saúde da gestão Antonio Anastasia (PSDB), Antônio Jorge (hoje deputado estadual do PPS); e o, à época, secretário nacional de Atenção à Saúde, Helvécio Magalhães (atual secretário estadual de Planejamento, na gestão Fernando Pimentel (PT)); além do prefeito de BH, Marcio Lacerda (PSB), prometeram que uma central única do Samu passaria a funcionar em 2014 – e atenderia 6,3 milhões de pessoas de 103 municípios.
A promessa era que uma central seria construída no bairro Gameleira, na Zona Oeste da capital mineira, para avaliar qual melhor atendimento para cada tipo de ocorrência registrada na região Central do Estado mineiro. “Essa regulação muda a qualidade assistencial, colabora para desafogar o principal polo que é a capital e, principalmente, ordena aquilo que é fundamental para urgência e emergência: levar a pessoa não só para o lugar mais rápido, mas para o lugar certo, sem desperdiçar tempo”, alegou, à época, o então secretário da Saúde estadual.
No papel
Passados praticamente três anos da promessa, o Samu Regional Central/Metropolitana ainda está longe de se tornar realidade. A gestão do PSDB, durante a disputa eleitoral de 2014, prometeu que a estrutura estaria concluída até o final daquele ano. Nada. Fernando Pimentel venceu as eleições, cuja entre as promessas de campanha estava a finalização do projeto, e, até agora, nenhum sinal concreto para que o compromisso seja cumprido – não, ao menos, nos próximos meses.
Questionado por esta reportagem em 2015 e nesta semana, o Governo de Minas Gerais enviou exatamente a mesma resposta: “Diante da área estratégica de abrangência, está em fase de elaboração pela SES os estudos necessários para implantação do SAMU Regional em novas centrais de regulação em Belo Horizonte, Betim, Contagem, Itabira e Sete Lagoas – municípios que já contam com o serviço”.
Sobre prazo para o término da implantação do sistema, a administração estadual também repetiu o retorno no último ano: “o Governo do Estado vem empenhando todos os esforços necessários para implementar, até o final deste mandato, o SAMU Regional em cada um dos 17 Territórios de Desenvolvimento. Em poucos meses, a gestão estadual, em plena consonância com o Ministério da Saúde, já estabeleceu o planejamento necessário para assegurar a conclusão dos procedimentos”.
Vidas perdidas?
O tempo de atendimento, citado no evento de lançamento do projeto em 2013, e o treinamento para a realização do socorro são fundamentais quando se trata de uma vida em apuro. “Bombeiros são treinados para fazer resgate, tirar pessoas de ferragens etc. Os profissionais do Samu são técnicos em enfermagem, têm formação bem diferente da formação militarista”, afirma o presidente da Ammetra (Associação Mineira de Medicina do Tráfego), Fábio Nascimento.
“O tempo quando se trata de trauma é precioso. Quanto mais rápido tiver assistência eficiente, muito maior a chance de sobrevida. Se não existe Samu na região, fica realmente difícil transportar até outra cidade. Uma medida interessante que realmente faz diferença é o uso de helicóptero do Corpo de Bombeiros com um profissional de enfermagem acompanhando”, completa Nascimento.
Confira o andamento da implantação de cada uma das centrais do Samu Regional, segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES):
SUL – O governo inaugurou, em 30 de janeiro de 2016, o SAMU Regional Sul, em Varginha. Agora, estão em andamento discussões acerca da expansão do SAMU na região.
TRIÂNGULO NORTE – Já está implantado e em funcionamento, em Uberlândia, o SAMU, de forma integrada com o Corpo de Bombeiros, nos municípios da macrorregião do Triângulo Norte.
VALE DO RIO DOCE – A SES iniciou o Plano de Trabalho para assinatura dos convênios necessários. Já está definido que o serviço terá operações na Central de Regulação das Urgências de Governador Valadares.
VALE DO AÇO – A SES iniciou o Plano de Trabalho para assinatura dos convênios necessários. Já está definido que o serviço terá operações na Central de Regulação das Urgências de Ipatinga.
OESTE – A SES iniciou o Plano de Trabalho para assinatura dos convênios necessários. Já está definido que o serviço terá operações na Central de Regulação das Urgências de Divinópolis.
NOROESTE – Gestores da SES fizeram visita técnica a Patos de Minas e iniciaram o Plano de Trabalho para assinatura dos convênios necessários. Já está definido que o serviço terá operações na Central de Regulação das Urgências de Patos de Minas.
TRIÂNGULO SUL – Gestores da SES farão visita técnica, programada para 11 de dezembro deste ano, ao local onde será construída a Central de Regulação das Urgências Regional no município de Uberaba. A partir daí, será iniciado o Plano de Trabalho para assinatura dos convênios necessários.
CENTRAL / METROPOLITANA – Diante da área estratégica de abrangência, está em fase de elaboração pela SES os estudos necessários para implantação do SAMU Regional em novas centrais de regulação em Belo Horizonte, Betim, Contagem, Itabira e Sete Lagoas – municípios que já contam com o serviço.
MÉDIO E BAIXO JEQUITINHONHA – Estão em andamento discussões acerca da expansão do SAMU na região, haja vista que o serviço já está implantado e em funcionamento, com Central de Regulação das Urgências sediada em Teófilo Otoni.
CAPARAÓ – A elaboração do Plano de Ação Regional de Atenção as Urgências e Emergências está em fase de estudos.
Regiões Norte, Mucuri, Alto Jequitinhonha, Zona da Mata, Vertentes e Sudoeste – Estão em andamento discussões acerca da expansão do SAMU em cada uma dessas regiões, tendo em vista que o serviço já está implantado e em funcionamento.
