O prefeito Alexandre Kalil (PSD) acaba de anunciar, em entrevista coletiva na tarde desta quarta-feira (26), que a volta às aulas para as crianças de 5 a 11 anos será adiada para o dia 14 de fevereiro em Belo Horizonte. A medida foi tomada para garantir mais tempo para a vacinação das crianças desta faixa etária, que são a principal preocupação diante do avanço do coronavírus.
Antes, a data prevista para o retorno da faixa etária às escolas era o dia 3 de fevereiro. Ainda segundo Kalil, a decisão vale para as instituições de ensino públicas e privadas e engloba apenas as crianças de 5 a 11 anos.
As demais, que já estão vacinadas ou que ainda não estão na faixa etária autorizada para imunização contra a Covid-19, poderão retomar as atividades presenciais nas datas estipuladas pelas escolas. A secretária Municipal de Educação, Ângela Dalben, ainda informou que a pasta não considera a possibilidade de retorno ao ensino à distância.
Já o secretário Municipal de Saúde, Jackson Machado, reforçou que as regras e datas para as universidades permanecem as mesmas. “Como essa população já está teoricamente 100% vacinada, não há por que tirar essas pessoas das faculdades e deixar que possam frequentar butecos, festas, etc.”, defende.
Apelo
Além de anunciar a nova data, o prefeito, que revelou que a neta está infectada com a Covid-19, fez um apelo para que os pais e responsáveis não deixem de vacinar as crianças.
“Essa nova variante está atingindo as crianças, então eu vou tentar usar a linguagem mais simples possível para a população entender a gravidade dessa variante nas crianças”, disse o prefeito antes de anunciar a mudança nas datas.
“Nós temos que dar a chance, nós temos o dever de dar a proteção das crianças que devem ser protegidas. Então eu quero dizer para os pais, como gestor público, como pai e como avô, que levem seus filhos para vacinar”, continuou.
“Existe um dado importantíssimo, gente: uma dose da Pfizer ou da Coronavac em uma criança, uma dose a protege em mais de 90%. As crianças estão adoecendo e é cruel para esse pai e para essa mãe que se protegeu não ter a consciência e ter medo e não vacinar seus filhos”, alertou o prefeito.
‘Não comparem com futebol e Carnaval’
O gestor ainda rebateu as críticas que costumam surgir quando há o anúncio de alguma restrição em função da pandemia de Covid-19 na capital. “Não compare a proteção à criança, não falem que o futebol está aberto, que o Carnaval vai acontecer, que a gente nem sabe, que o teatro está aberto”, pediu.
“Esses são adultos protegidos, vacinados. A criança não está protegida e vacinada. É obrigação pública, humana, proteger a criança. Levem seus filhos, pelo amor de Deus, para vacinar. Temos a obrigação como pai, como avô, como quem cuida, de vacinar essas crianças”, alertou Kalil.
Novos leitos pediátricos
Com a alta de internações de crianças com Covid-19 em Belo Horizonte, o sistema de saúde já está ficando sobrecarregado. O Hospital Infantil João Paulo II, administrado pela Fhemig (Fundação Hospitalar de Minas Gerais) já atingiu 100% de ocupação dos leitos de internação.
Kalil informou que, por causa da demanda, a PBH (Prefeitura de Belo Horizonte) abriu hoje quatro leitos de enfermaria pediátricos e 10 UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) pediátricos nos hospitais Santa Casa e Padre Anchieta.
Ainda segundo ele, nesta quinta-feira (27), mais 35 leitos de enfermaria para crianças devem ser abertos nas duas unidades de saúde: 29 na Santa Casa e 6 no hospital Padre Anchieta.
Fechamento descartado
O prefeito Alexandre Kalil já havia descartado a possibilidade de um “fechamento” de Belo Horizonte. Em publicação no Twitter feita nessa terça-feira (25), ele ainda reforçou que “a pandemia não acabou”.
“Não haverá fechamento da cidade amanhã, mas a pandemia ainda não acabou. No mais, é especulação”, escreveu. A preocupação com um possível novo fechamento veio após o avanço da variante ômicron piorar o cenário da pandemia na capital.
Não haverá fechamento da cidade amanhã, mas a pandemia ainda não acabou. No mais, é especulação.
— Alexandre Kalil (@alexandrekalil) January 25, 2022
Entidades se posicionam
Na segunda-feira (24), diferentes entidades do comércio divulgaram um manifesto contra a restrição de atividades do setor. Os responsáveis se reuniram para discutir o assunto, após insinuações do secretário de Saúde de BH, Jackson Machado, de que medidas restritivas poderiam ser tomadas novamente (veja aqui).
O encontro contou com a participação de 17 entidades do comércio, na sede da CDL/BH (Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte). A reivindicação é de que a PBH encontre formas de conter a nova onda do coronavírus sem prejudicar a atividade dos comércios, bares e restaurantes.
Para o presidente da CDL/BH, Marcelo de Souza e Silva, uma nova restrição ao comércio pode levar ao colapso do setor. “Somos a cidade onde o comércio ficou mais tempo fechado ao longo de 2020 e 2021. O setor não suportará um novo fechamento ou redução do horário das atividades”, avalia.
A fala do secretário municipal da Saúde, que motivou o manifesto, aconteceu em coletiva na última sexta-feira (21). “Não queremos fechar nada. É a última coisa que queremos. Mas se continuar assim, o comitê vai ter que sugerir [restrições]”, disse.
Demanda por leitos preocupa
A ocupação de UTIs e enfermarias em Belo Horizonte segue no nível de alerta máximo. Segundo o boletim epidemiológico divulgado ontem (25) pela PBH, 88.5% dos leitos destinados a pacientes graves da Covid-19 estão ocupados.
Ontem, a prefeitura anunciou a abertura de 15 novas UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) para garantir o atendimento à população. Desde o início do mês de janeiro, foram abertos 42 leitos para pacientes internados com Covid-19.
Também em alerta está a situação das enfermarias na capital. Os 897 leitos das redes pública e privada registraram 90.5% de ocupação nessa terça-feira. Só no SUS (Sistema Único de Saúde), a porcentagem chega a 88,6%, ainda que a prefeitura tenha aberto novos 358 leitos só neste ano.