BH tem maio mais frio da década; infectologista alerta para riscos em meio à pandemia

BH não registrava temperaturas tão baixas em maio desde 2010 (Amanda Dias/BHAZ)

Já é o quarto dia consecutivo em que Belo Horizonte registra a menor temperatura do ano. Na manhã desta sexta-feira (29), os termômetros marcaram 8,3ºC. Por isso, o maio deste ano é o mais gelado desde 2010.

O recorde do ano foi registrado na região da Pampulha, nesta manhã. Desde o início da semana, as temperaturas vêm caindo. Na terça-feira (26), a mínima foi de 10,4°C. Já na quarta-feira (27), os termômetros marcaram 9,3°C. Na quinta-feira (28), a menor temperatura registrada foi de 8,6°C.

Em Minas Gerais, a temperatura mais baixa desta sexta-feira foi de -1,4°C, registrada na cidade de Monte Verde, no Sul do Estado. Segundo o meteorologista Heriberto dos Anjos, o frio é normal nesta época do ano.

“Com a chegada das massas de ar, sempre vemos quedas acentuadas nas temperaturas. Isso costuma acontecer nesta época do ano e, nos próximos dois meses, registraremos com maior frequência a presença dessas massas de origem polar”, explica o especialista.

Recorde da década

Apesar do frio ser esperado em maio, as temperaturas mínimas registradas na capital mineira em 2020 se destacam em relação aos anos anteriores. No ano passado, entre janeiro e maio, a temperatura em Belo Horizonte não chegou a menos de 13,7°C.

Em 2010, a mínima neste período do ano foi de 8,1°C. Depois disso, o recorde só foi quebrado nesta semana. O mês de maio de 2020 é, segundo o meteorologista Heriberto dos Anjos, o maio mais frio da década em Belo Horizonte.

Confira as temperaturas mais baixas registradas em maio nos últimos dez anos na capital, segundo dados do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia):

  • 2019: 13,7°C
  • 2018: 8,7°C
  • 2017: 12,4°C
  • 2016: 11°C
  • 2015: 11,7°C
  • 2014: 10,2°C
  • 2013: 12,2°C
  • 2012: 12,2°C
  • 2011: 10,5°C
  • 2010: 8,1°C

O meteorologista acrescenta que, neste fim de semana, a intensidade do frio deve diminuir um pouco. Isso ocorre devido à dispersão da massa de ar polar. Ainda assim, a tendência é de que os meses de junho e julho sejam ainda mais frios, por causa da chegada do inverno.

Frio em tempos de Covid-19

Apesar do tempo frio agradar muita gente, ele acende um alerta em relação à saúde, principalmente em meio a uma pandemia. O médico infectologista Leandro Curi explica que a combinação das temperaturas baixas com o tempo seco e o vento facilita contaminações por vírus, como o da gripe ou da Covid-19.

“Esse tempo favorece a dispersão desse tipo de vírus pelo ar, o vento carrega os micróbios de um lugar ao outro mais facilmente. Além disso, vírus, como o da gripe ou o coronavírus, usam esse tempo para se manifestar melhor”, afirma.

O médico explica que a baixa umidade relativa do ar faz com que o vírus se anexe mais facilmente às vias aéreas, contribuindo para a contaminação. Por outro lado, a baixa umidade dificulta a disseminação do vírus pelo ar, enquanto o vento a favorece.

“Quanto mais úmido, mais fácil é para o coronavírus se dispersar pelo ar. Mas, ainda assim, ele se espalha melhor no frio. Quando a umidade está baixa, as vias aéreas ficam mais secas e vírus como esses se aderem mais facilmente a essas superfícies”, completa o infectologista.

Outro fator que favorece a disseminação de doenças é a falta de ventilação. Leandro Curi acrescenta que, em tempos de frio, as pessoas costumam deixar os ambientes fechados. Assim, quando uma pessoa tosse ou espirra, as gotículas se concentram e não se dispersam.

Quando ir ao hospital?

Leandro Curi também acrescenta que doenças respiratórias não-infecciosas, como asma e bronquite, também têm maior incidência nesta época do ano. Alergias e resfriados também podem ser frequentes e o especialista reforça as recomendações em caso de sintomas da Covid-19.

“Caso uma pessoa apresente sintomas da Covid-19, o recomendado é que ela não ultrapasse seu limite só para evitar ir ao hospital. Em caso de sintomas leves, o ideal é ficar em casa. No entanto, em situações mais graves, a pessoa deve, sim, ir a um pronto-socorro”, detalha o especialista.

“A recomendação geral é de evitar centros de saúde, já que podem ser lugares de provável contaminação, mas ninguém deve passar mal em casa. Tem muita gente que obedece até demais a orientação de não ir ao hospital e acaba morrendo em casa”, finaliza.

Sintomas da Covid-19

De acordo com o Ministério da Saúde, os sintomas mais comuns do novo coronavírus são febre, cansaço e tosse seca.

Alguns pacientes podem apresentar dores, congestão nasal, dor de cabeça, conjuntivite, dor de garganta, dificuldade para respirar, diarreia, perda de paladar ou olfato, erupção cutânea na pele ou descoloração dos dedos das mãos ou dos pés.

Esses sintomas geralmente são leves e começam gradualmente. Algumas pessoas são infectadas, mas apresentam apenas sintomas muito leves ou são assintomáticas.

Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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