Médico de paciente que morreu durante retirada de DIU é indiciado por homicídio doloso

Clínica não possuía alvará para realizar o procedimento (Polícia Civil/Divulgação)

A Polícia Civil de Minas Gerais indiciou por homicídio doloso o médico cardiologista, 59, da paciente Jéssica Marques Vieira, 32, que morreu durante procedimento de retirada do Dispositivo Intrauterino (DIU) em uma clínica particular de Matozinhos, na região metropolitana de BH.

A paciente morreu no dia 4 de novembro de 2023. De acordo com a Polícia Civil, o laudo da necropsia concluiu que a causa da morte foi um edema pulmonar, provocado pelos efeitos adversos das medicações utilizadas. Além disso, o médico demorou para acionar a UPA da cidade.

O cardiologista descumpriu a Resolução 1.670/2003 do Conselho Regional de Medicina (CRM), que estabelece que a anestesia deve ser obrigatoriamente realizada por um segundo médico. Ainda segundo as investigações, a clínica Med Center possuía alvará apenas para realização de consultas cardiológicas e não tinha autorização para realizar o procedimento.

“O médico tentou realizar pelo menos 12 manobras de ressuscitação antes de acionar apoio dos socorristas da UPA de Matozinhos… A demora teria ocorrido com o objetivo de resolver a situação internamente e evitar problemas para o médico e para a clínica, que estava irregular”, afirma o delegado Cláudio de Freitas.

A Prefeitura de Matozinhos interditou a Clínica Med Center, que não tinha autorização de realizar o procedimento. A equipe se deslocou ao local para averiguar as estruturas físicas, os procedimentos e as atividades exercidas, onde foram encontradas divergências e irregularidades no funcionamento.

Crimes sexuais

O mesmo médico foi indiciado por violação sexual mediante fraude contra outras seis pacientes. Os abusos teriam ocorrido durante consultas e exames. As investigações apontam que as violações aconteciam há, pelo menos, cinco anos. Há cinco denúncias formais contra ele.

O delegado responsável pelo caso, Cláudio de Freitas Neto, explica que a primeira acusação ocorreu em 2018. “A clínica, a qual o médico é proprietário, funciona há cerca de 22 anos na cidade. Pelo modo de agir dele e a repetição dos relatos das vítimas, acreditamos que existam outras vítimas”, explica.

Em um dos casos, a vítima relatou que pretendia fazer um exame de risco cirúrgico com esse especialista e ele teria oferecido procedimentos ginecológicos de forma gratuita. A mulher ainda disse que durante esses exames, o médico começou a fazer toques abusivos, além de falar palavras de cunho sexual.

Amanda Serrano[email protected]

Foi estagiária do Jornal Estado de Minas e da TV Band Minas. Também trabalhou na assessoria política. Atualmente é repórter do Portal BHAZ.

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