A Justiça de Minas Gerais anunciou que, a partir de 20 de março, vai colher depoimentos de 60 testemunhas de defesa no caso de contaminação da cerveja da Backer. Ao todo, 10 pessoas morreram após ingerirem bebidas produzidas pela cervejaria mineira em 2019.
As audiências ocorrerão em 11 dias. O juiz da 2ª Vara Criminal de Belo Horizonte, Alexandre Magno de Resende Oliveira, definiu que ouvirá, em média, seis pessoas por dia. Os indiciados pelo crime falarão somente em outro momento.
Segundo comunicado, alguns funcionários da cervejaria e parentes dos gestores da família Khalil Lebbos comparecerão à Justiça na ocasião. As audiências de instrução e julgamento serão em formato híbrido, presencialmente e por videoconferência.
Relembre o Caso Backer
Logo nos primeiros dias de 2019, moradores de Belo Horizonte começaram a apresentar problemas de saúde depois de ingerirem bebidas produzidas pela cervejaria. No dia 5 de janeiro, as investigações sobre o caso começaram.
Segundo o inquérito da Polícia Civil, 29 pessoas acabaram desenvolvendo uma síndrome que causa insuficiência renal aguda por conta do dietilenoglicol, substância tóxica encontrada nas bebidas, que vazou de um dos tanques. Dez pessoas morreram e outras 19 tiveram sequelas graves, como cegueira e paralisação da musculatura do corpo.
A corporação indiciou 11 pessoas por diversos crimes, como lesão corporal, contaminação e homicídio culposo. Assim, em setembro de 2020, o MPMG (Ministério Público de Minas Gerais) denunciou dez pessoas apontadas como responsáveis pela contaminação da cerveja.
Em maio de 2022, quatro vítimas e 23 testemunhas de acusação prestaram depoimento em quatro dias de audiência, no Fórum Lafayette. Dentre elas, parentes de vítimas, pessoas próximas e o delegado que conduziu o inquérito.
Ministério da Agricultura autoriza retomada
Em abril do ano passado, dois anos após a morte das vítimas, o Ministério da Agricultura autorizou que a Cervejaria Três Lobos retomasse a produção de bebidas vendidas pela Backer em seu polo industrial, em Belo Horizonte.
“A Cervejaria Três Lobos informa que obteve a aprovação para a retomada da produção de cervejas em seu parque industrial. O processo de reabertura contou com o acompanhamento das autoridades e órgãos competentes e observou todos os critérios legais e técnicos”, disse, em comunicado.
Dessa forma, segundo a pasta, a liberação ocorreu de forma parcial para duas adegas no parque industrial da empresa.
“O Mapa esclarece que a empresa atendeu às exigências feitas para garantir a segurança dos produtos, referentes às condições dos tanques de fermentação e equipamentos que serão utilizados neste retorno. A cervejaria ainda substituiu em seu processo o fluido refrigerante por solução hidroalcoólica – solução que contém água e álcool”, esclareceu o ministério (leia mais aqui).