Um funcionário dos Correios foi obrigado a ficar nu após ser espancado por fiscais de um supermercado localizado na avenida Silviano Brandão, na altura do bairro Horto, na região Leste de Belo Horizonte. As agressões contra Alexandre Ribeiro Rafael, de 27 anos, ocorreram na noite dessa segunda-feira (5), depois que ele foi acusado de roubar uma peça de picanha no Apoio Mineiro e escondê-la na calça.
De acordo com a Polícia Militar (PM), a vítima entrou no estabelecimento com um capacete na mão e não fez o uso de carrinho enquanto escolhia alguns itens. Em determinado momento, como estava com os braços cheios de produtos, ele usou a pochete que carrega para escorar o alimento. No entanto, desistiu de fazer a compra e no caminho para a saída do comércio foi abordado por um fiscal.
O funcionário do Apoio Mineiro recebeu a informação de um colega de trabalho de que Alexandre teria escondido a carne e que se preparava para deixar o local. O colaborador que fez a denuncia é responsável pelas imagens de câmeras de segurança que monitoram a parte interna do supermercado. Inconformado com a acusação, Alexandre reagiu dizendo ter desistido da compra e que não havia roubado nada. No entanto, o fiscal insistiu em revistar a vítima e uma confusão se formou.
Outros quatro seguranças foram chamados e, depois de muito bate-boca, começaram a agredir o cliente. O homem foi espancado e obrigado a tirar a roupa completamente para provar a inocência. Alexandre pediu socorro a outros frequentadores do supermercado e um policial militar que estava no local impediu que ele continuasse a ser agredido. Foi então que a Polícia Militar foi acionada.
Ensanguentado e com dores pelo corpo, Alexandre ligou para uma advogada que foi até o local para auxiliá-lo. Ao Bhaz, o funcionário dos Correios disse que prefere não comentar o assunto e que a defensora Gracielle Colen tem respondido por ele a respeito das agressões. Procurada pela reportagem, ela explicou que o cliente está bastante machucado, além de abalado com a situação.
“O Alexandre jamais imaginou que isso pudesse ocorrer com ele. Ele saiu para fazer compras e foi obrigado a ficar nu depois de ser agredido por cinco fiscais”, disse. “Ele está muito machucado e vai precisar ficar afastado do trabalho para se recuperar. O pescoço dele está inchado e por isso não tem condições de voltar às atividades que exercia por enquanto”, completou Gracielle.
A advogada ainda explica que já estuda medidas para responsabilizar o Apoio Mineiro pela atitude dos seguranças. “A gente já tem em mente o que pode ser feito em relação à conduta dos funcionários, mas o Alexandre está debilitado e ainda não sabe se realmente quer processar o supermercado”, contou. “A única coisa que ele espera no momento é que a justiça seja feita”, afirma.
Cinco fiscais agrediram Alexandre, mas apenas dois foram levados para a delegacia junto com a vítima, onde prestaram esclarecimentos e foram liberados. Os dois funcionários, de 28 e 35 anos, são apontados como os principais responsáveis pelas agressões. Um terceiro suspeito teria fugido do trabalho antes da chegada dos policiais e evitado retornar até o fechamento do supermercado.
Procurado pelo Bhaz para comentar as agressões sofridas por Alexandre, o Apoio Mineiro se limitou a informar por meio de nota que “a polícia já está investigando o caso” e que “ainda estão sendo apuradas as responsabilidades” dos envolvidos na confusão registrada na segunda-feira.
A Polícia Civil informou que imagens do circuito interno de segurança do supermercado vão ser analisadas na investigação.
