Começou, na manhã desta quarta-feira (9), a primeira audiência do processo contra o delegado Rafael de Souza Horácio, que matou o motorista de reboque Anderson Cândido de Melo em julho deste ano, em Belo Horizonte. A família da vítima pede justiça em frente ao Fórum Lafayette, no Barro Preto.
Rafael Horácio, denunciado pelo MPMG (Ministério Público de Minas Gerais) por homicídio qualificado foi preso no dia 30 de julho e teve a prisão preventiva mantida pela Justiça em agosto. A Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública) confirmou que ele segue preso na Casa de Custódia da Polícia Civil.
O delegado alega legítima defesa e confessa que atirou contra Anderson Cândido de Melo. Segundo ele, os dois se envolveram em uma discussão de trânsito na avenida do Contorno.
Rafael de Souza Horário afirma que a vítima “fechou” a viatura dele no trânsito e que atirar contra o caminhão era “o único meio que possuía para cessar a iminente agressão”.
O motorista, de 48 anos, chegou vivo ao hospital João XXII e passou por cirurgia, mas não resistiu aos ferimentos.
Primeira audiência
A audiência de instrução começou por volta das 9h30, e a previsão é de que ela dure até 17h. Se os procedimentos não foram finalizados, ela será retomada nesta quinta-feira (10), a partir das 13h30.
Primeiro, serão ouvidos os policiais militares que atuaram na ocorrência à época. Depois, as testemunhas do caso, e por fim, o réu.
Família pede justiça
A família de Anderson Cândido de Melo se reúne nesta manhã em frente ao fórum onde ocorre a audiência de instrução. Ao BHAZ, a esposa do motorista de reboque, Maria Regina de Jesus, defendeu que o delegado pague por matar um pai de família.
“Eu quero ver a justiça ser feita. Ele matou não foi bandido, foi uma pessoa que trazia o sustento para a família. Sei que nada que fizer hoje vai trazer meu marido de volta, mas pelo menos eu vou ver a justiça ser feita”, disse.
A mulher contou que a família hoje vive de ajuda de amigos e familiares, já que a única renda vinha do trabalho do motorista de reboque.
“Não passamos fome porque os amigos estão ajudando a gente, mas é muita indignação, porque a gente não precisava estar passando por isso. Nós éramos muito felizes, ele acabou com uma família, ele destruiu uma família”.
‘Não foi briga de trânsito’
Maria Regina de Jesus ainda relembrou o dia do homicídio. Ela conversou com o marido dois minutos antes do crime e lembra que ele estava tranquilo, calmo, sem sinais de nervosismo ou de agitação.
“Ele era uma pessoa do bem, não era agressivo. Por isso que falo que não tinha motivo para isso. A polícia falou que foi uma briga de trânsito, eu não concordo. Isso não foi uma briga de trânsito, foi um homicídio no trânsito. Briga de trânsito é quando tem discussão, tem bate-boca, não teve nada disso”, defende.
Outros motoristas de reboque também devem se reunir em frente ao Fórum Lafayette, em protesto contra a morte de Anderson Cândido de Melo.