A greve dos caminhoneiros já entra no seu oitavo dia e seus reflexos disso estão cada vez mais presentes no dia-a-dia do consumidor. Alimentos comuns, como frutas, legumes, verduras e carnes, são exemplos de itens em falta nos mercados, sacolão e açougues.
Nos corredores do Mercado Central de Belo Horizonte, ponto de compras de centenas de consumidores, o reflexo é visível. Se, por um lado, as bancadas de alimentos estão se esvaziando por falta de mercadorias; por outro, a incerteza do abastecimento de gasolina e diesel para o transporte público faz o local, tipicamente cheio, lidar com a falta de público nos últimos dias.
Reposição de estoques é problema
Antônio Procópio Filho, proprietário de uma banca de frutas, conta que, até na segunda-feira passada (21), o fornecimento dos produtos que vende estava normal. Porém, a partir desse dia, não está entrando mercadoria. “Hoje por exemplo nós fomos lá e não conseguimos comprar mercadoria com a qualidade que gostaríamos de trabalhar. Banana eu não encontrei, abacaxi eu não encontrei. Então, tá difícil”. Ainda segundo o comerciante, o preço aumentou por conta da falta de oferta e da alta demanda. “Cerca de 20% a 30% de aumento no preço e uma queda de 40% na procura aqui no comércio, mais ou menos”, finaliza.
Susto com os preços em alta
Já a consumidora Maria Sueli Pires, atendente, conta que a partir desta segunda (28), começou a sentir a falta de algumas frutas e legumes. “Estou assustada com os preços. A diferença está sendo muito grande”. E mesmo diante dos conflitos, a atendente é a favor da greve, apesar de, segundo ela, a manifestação já estar se alongando demais.
Produção própria ajudar a manter estoque
No setor de verduras, Gabriela Fernandes explica que, desde quarta-feira (23), encontra dificuldades para receber verduras como acelga, brócolis, salsão e alho poró, entre outros produtos. E, quando chega, o preço, segundo ela, é sempre bem mais alto que o normal. Mas, ainda segundo a comerciante, o que tem salvado seu comércio é a produção própria. “Nos temos produção própria e trazemos de carro”, diz ela.
Açougues também operam com estoque crítico
Outro setor crítico é o das carnes. O açougueiro Celso Miranda explica que a última vez que o estabelecimento recebeu carnes foi na sexta-feira (25). Hoje, segundo, ele já há problemas no fornecimento, principalmente os produtos de origem suína. “O frango também está zerando; o porco está no final, boi também. A gente está esperando o novo abastecimento. O que temos já teria acabado se o movimento no mercado estivesse normal”, explicou Celso.
O jeito é usar a criatividade
A falta de produtos está levando o advogado João Batista a usar a criatividade para substituir carnes, verduras e frutas na alimentação diária. “Procurei cenoura e não tem, são vários produtos. Carne eu não consegui comprar a de porco, costelinha não tinha. Agora, é o que estiver mais barato. Agora, é se adaptar”.
Centro da Cidade tem queda no movimento
Com a decretação do ponto facultativo pelo estado e pelo município, além da falta de transporte, ocorreu um esvaziamento da região Central de BH, que, em dias normais, é muito movimentada. No último domingo, até mesmo lanchonetes, que sempre ficam abertas aos domingos, estavam fechadas ou funcionando com equipe reduzida. Danielle Quênia Romano, funcionária de uma farmácia na Praça Sete, conta que desde que começou a greve, o movimento por lá caiu bastante. “No sábado, foram até dispensados alguns funcionários devido ao baixo fluxo de pessoas”.
No domingo, a lanchonete de Vânia não funcionou
Uma lanchonete bastante movimentada, também na Praça Sete, também vem enfrentando grandes prejuízos. Vânia Martins, gerente do estabelecimento, explica que o movimento caiu muito. “Em horário de pico, a loja esta vazia. Ontem [domingo], nós tivemos que fechar, mesmo sendo um dia bom de movimento. Tá muito fraco esses dias, pois a demanda caiu muito”.