Confeiteira de BH personaliza cartão em braile para mãe de cliente com deficiência visual e emociona

cartão em braile
A confeiteira andou por toda a cidade para conseguir fazer um cartão de Feliz Dia das Mães em braile. A ação, que não gerou nenhum custo à cliente (Arquivo pessoal)

Uma confeiteira de Belo Horizonte deu uma aula de solidariedade e inclusão ao receber o pedido especial de uma cliente nesse Dia das Mães. Ao BHAZ, Amanda Ricci conta ter se sensibilizado ao saber que a pessoa a ser homenageada pela cesta de café da manhã feita por ela seria uma mãe com deficiência visual.

Para proporcionar uma experiência que mexesse com todas as sensações, além de colocar todo o carinho em cada doce da cesta, a confeiteira andou por toda a cidade para fazer um cartão de Feliz Dia das Mães em braile. A ação, que não gerou nenhum custo à cliente, emocionou a cliente.

“Um dos valores da minha profissão é gerar valor para quem consome os nossos produtos, para além da comida. O nosso objetivo é estar presente nas memórias de cada cliente”, conta ela, em conversa com a reportagem.

Apoio e acolhimento

Amanda explica que a cliente chegou até ela por acaso, em um grupo que elas têm em comum nas redes sociais. A confeiteira conta que ela sugere enviar um cartão com a foto da pessoa homenageada e perguntou a moça se ela também gostaria desse “mimo”.

A cliente, contudo, disse que não precisava já que a mãe dela é cega. A doceira então logo pensou em estratégias de como tornar a cesta mais acessível e lembrou do Instituto São Rafael, escola estadual localizada no Barro Preto, na região Centro-Sul de BH, que é conhecido por acolher pessoas com deficiência.

“Logo falei para o meu marido que a gente ia ter que criar alguma forma de ela entender o que vai consumir na cesta. Mas uma coisa que aqui em Belo Horizonte ainda é muito escasso são gráficas que imprimem em braile. Foi quando lembrei do Instituto São Rafael e fui lá no dia seguinte, com a cara e a coragem”, lembra.

“Chegando lá, a moça que me recebeu nem esperou eu terminar de falar e disse: ‘a gente vai te ajudar’. Nessa hora, eu comecei a chorar. Foi quando ela me levou até um senhor, o Juarez. Eu não acredito em coincidências, mas ele conhece a mãe da minha cliente, já que ela frequenta desde jovem o instituto”, acrescenta ela.

Cliente se emociona

Juarez então redigiu em braile a frase ‘Para quem sempre me incentivou a sonhar’ no cartão, além do descritivo do cardápio que ela iria consumir. Para Amanda, o gesto foi transformador. “Eu sai de lá muito emocionada, muito feliz de ter conseguido”, diz.

No mesmo dia, contudo, a cliente cancelou o pedido da cesta já que o irmão dela já tinha comprado uma de surpresa. A doceira então contou a iniciativa dela de fazer o cartão personalizado.

“Eu agradeci a ela por ter expandido meus horizontes e me mostrado mais a respeito da deficiência visual. Contei para ela que estive no Instituto São Rafael e ela começou a chorar. Ela então pediu para não cancelar, já que a mãe ia adorar saber do carinho que tive com ela”, conta a confeiteira.

A entrega foi feita nesse fim de semana e Amanda logo recebeu um áudio de gratidão de Tereza, mãe da cliente. “Para mim o mais importante foi que virei uma memória afetiva para as duas. Só isso já valeu todo o percurso”, finaliza.

O cartão em braile também contou com elementos em alto relevo (Arquivo pessoal)
Edição: Roberth Costa
Larissa Reis[email protected]

Graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Vencedora do 13° Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, idealizado pelo Instituto Vladimir Herzog. Também participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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