O autor das ameaças a profissionais e alunos do colégio Bernoulli e à professora e vereadora mais votada da história de Belo Horizonte, Duda Salabert, voltou a falar em massacre na unidade de ensino. Um email assinado por um grupo neonazista, que está na mira da Polícia Civil, foi enviado ao BHAZ e a outros profissionais da imprensa nesse domingo (6). Na mensagem é reafirmada a promessa de que o Colégio Bernoulli se tornará um “mar de sangue”.
“Eu avisei que se vocês fossem na polícia eu ia ficar sabendo. Agora eu irei transformar o Bernoulli num mar de sangue. Vou invadir essa merda e vou matar todas as vadias e todos os negros. Inclusive os negros que trabalham como porteiros, faxineiros etc, já que praticamente não há negros no colégio”, escreveu o criminoso em um dos trechos da mensagem.
Na quinta-feira (3), o mesmo grupo fez ameaças contra a unidade de educação e também contra Duda Salabert. À reportagem, a primeira mulher transexual eleita vereada na capital mineira disse que as ameaças se intensificaram depois da vitória no pleito. Uma ocorrência foi registrada na Polícia Civil, que investiga a autoria das mensagens criminosas.
“Nunca em minha vida fui tão acolhida… Vamos juntas! E trago em mim mais este verso do Ferreira Gullar. ‘A luta comum me acende o sangue e me bate no peito como o coice de uma lembrança’. Sigo em luta”, afirmou Duda Salabert em postagem realizada nas redes sociais, assim que chegou da Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher.
Cheguei da delegacia da Polícia Civil, onde fiz a denúncia do atentado psicológico e das ameaças que sofri. Trago em mim…
Publicado por Duda Salabert em Sexta-feira, 4 de dezembro de 2020
‘Aparecerei’
No email enviado a profissionais da imprensa, a assinatura também é de Ricardo Wagner Arouxa, nome usado por um grupo neonazista. Em outro trecho da mensagem, o grupo ainda ameaçou uma pessoa que, segundo o próprio, é conhecido como “papa da pedofilia”. O criminoso, assim como na primeira ameaça, disse que vai aguardar a volta às aulas para ir ao Bernoulli. “Quando as aulas presenciais voltarem eu aparecerei aí”, finalizou.
Procurado, o colégio Bernoulli reforçou o posicionamento do primeiro ataque, direcionado também à vereadora eleita Duda Salabert. “A questão já foi direcionada às autoridades competentes para que sejam tomadas as providências cabíveis e acompanharemos seus desdobramentos”, afirmou, por nota (leia na íntegra abaixo).
A Polícia Civil de Minas Gerais, por sua vez, informou que um inquérito policial foi instaurado e “segue a cargo da Delegacia Especializada em Repressão aos Crimes de Racismo, Xenofobia, LGBTfobia e Intolerâncias Correlatas”. Sobre a ameaça de massacre ao Colégio Bernoulli, a corporação esclareceu que “o procedimento está a cargo da Delegacia Adjunta ao Juizado Especial Criminal”.
Nota do Bernoulli na íntegra
“Em relação às ameaças sofridas pela professora Duda Salabert e que citam o Bernoulli, a questão já foi direcionada às autoridades competentes para que sejam tomadas as providências cabíveis e acompanharemos seus desdobramentos. O Bernoulli ressalta que repudia qualquer tipo de violência, preconceito e ódio”.
Nota da Polícia Civil de Minas Gerais na íntegra
“A PCMG informa que na tarde de sexta-feira (4) recebeu a vereadora e formalizou o registro de ocorrência. Foi instaurado um inquérito policial que segue a cargo da Delegacia Especializada em Repressão aos Crimes de Racismo, Xenofobia, LGBTfobia e Intolerâncias Correlatas – DECRIN.
Sobre a ocorrência registrada em relação a ameaça a uma instituição de ensino, a PCMG esclarece que o procedimento está a cargo da Delegacia Adjunta ao Juizado Especial Criminal. As vítimas já foram chamadas para proceder com a representação criminal”.