Delegado que matou motorista de reboque em Belo Horizonte vai a júri popular

Delegado que matou motorista
Magistrada também manteve a prisão preventiva do delegado (Reprodução/Redes sociais)

O delegado Rafael de Souza Horácio, que matou o motorista de reboque Anderson Cândido de Melo no trânsito, em julho de 2022, vai a júri popular. A decisão da juíza Bárbara Heliodora Quaresma Bomfim, do 1º Tribunal do Júri de BH, foi publicada nessa quarta-feira (18).

A magistrada também manteve a prisão preventiva do delegado, com base no artigo 413 do Código de Processo Penal, considerando “especialmente a brutalidade do crime em questão; e a necessidade de pronta e severa resposta do aparato estatal a delitos dessa natureza; e as condições pessoais do acusado”.

Rafael Horácio, denunciado pelo MPMG (Ministério Público de Minas Gerais) por homicídio qualificado, foi preso em 30 de julho.

O delegado confessa que matou o motorista Anderson Cândido de Melo com um tiro, mas alega legítima defesa. Segundo ele, os dois se envolveram em uma discussão de trânsito na avenida do Contorno.

Rafael de Souza Horário afirma que a vítima “fechou” a viatura dele no trânsito e que atirar contra o caminhão era “o único meio que possuía para cessar a iminente agressão”.

O motorista do reboque, de 48 anos, chegou vivo ao hospital João XXII e passou por cirurgia, mas não resistiu aos ferimentos. 

Família pede justiça

No dia da primeira audiência do processo, em novembro de 2022, a esposa do motorista de reboque falou ao BHAZ sobre o caso. Maria Regina de Jesus defendeu que o delegado pague por matar um pai de família.

“Eu quero ver a justiça ser feita. Ele matou não foi bandido, foi uma pessoa que trazia o sustento para a família. Sei que nada que fizer hoje vai trazer meu marido de volta, mas pelo menos eu vou ver a justiça ser feita”, disse.

A mulher contou que a família hoje vive de ajuda de amigos e familiares, já que a única renda vinha do trabalho do motorista de reboque.

“Não passamos fome porque os amigos estão ajudando a gente, mas é muita indignação, porque a gente não precisava estar passando por isso. Nós éramos muito felizes, ele acabou com uma família, ele destruiu uma família”.

‘Não foi briga de trânsito’

Maria Regina de Jesus ainda relembrou o dia do homicídio. Ela conversou com o marido dois minutos antes do crime e lembra que ele estava tranquilo, calmo, sem sinais de nervosismo ou de agitação.

“Ele era uma pessoa do bem, não era agressivo. Por isso que falo que não tinha motivo para isso. A polícia falou que foi uma briga de trânsito, eu não concordo. Isso não foi uma briga de trânsito, foi um homicídio no trânsito. Briga de trânsito é quando tem discussão, tem bate-boca, não teve nada disso”, defende.

Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

SIGA O BHAZ NO INSTAGRAM!

O BHAZ está com uma conta nova no Instagram.

Vem seguir a gente e saber tudo o que rola em BH!