Uma ação de desocupação no Morro das Pedras, na região Oeste da capital, terminou em confusão nesta sexta-feira (21). Segundo relato de moradores, pessoas ficaram feridas após a Polícia Militar disparar balas de borracha no local. Além disso, outros três foram presos e um bebê de apenas um ano inalou gás de pimenta.
De acordo com a doméstica que está construindo no local, Odaleia Paulino, de 43 anos, a prefeitura exige que cerca de dez famílias deixem a área. “Há dois dias , a Prefeitura de Belo Horizonte nos notificou dizendo que deveríamos deixar o local. Mas nós não temos para onde ir. Eu estou construindo aqui, é um investimento meu. Hoje, chegaram dizendo que iriam derrubar as casas, sem ao menos uma ordem”, conta.
Ainda segundo a moradora, nesta sexta, os funcionários da prefeitura chegaram junto com policiais e começaram a ação truculenta. “Jogaram gás de pimenta, atiraram balas de borracha e prenderam três pessoas, dentre elas minha sobrinha. Algumas pessoas ficaram feridas e, além disso, um bebê que estava no colo de uma das moradoras respirou gás de pimenta”, relata.
Vídeo mostra início da confusão entre moradores e policiais no Morro das Pedras. pic.twitter.com/RZxNRdD7JW
— BHAZ (@sitebhaz) 21 de dezembro de 2018
A confusão aconteceu por volta das 9h de hoje. Segundo o tenente Aloíso Lopes, porta-voz do 22º Batalhão da Polícia Militar, responsável pela ação, os militares foram acionados no local para garantir a segurança de profissionais da prefeitura e guardas municipais que tentavam demolir as casas construídas em um terreno da PBH.
Segundo o tenente, houve duas tentativas de conversa com as famílias que estão construindo na área. Porém, sem sucesso. “As ordens não foram atendidas e as pessoas que estavam no local começaram a inflamar outros para entrar em confronto com a PM com palavras de ordem, xingamentos e inclusive começaram a jogar coisas nos militares, sendo necessária a atuação dos policiais com uso da força”, afirma o tenente.
O pedreiro Cherisvaldo Santos, de 41 anos, disse que estava trabalhando na construção de uma casa no local quando os militares começaram a atirar balas de borracha. “Eu fui atingido por um disparo nas costas e outro no peito. Nós somos trabalhadores, as pessoas aqui só precisam de um lugar para morar. Isso que fizeram é covardia”, diz ele.
Segundo a Polícia Militar, quem utilizou gás de pimenta para dispersas as pessoas do local foi a Guarda Civil Municipal, os militares realizaram disparos de balas de borracha. “São artefatos de menor potencial ofensivo”, afirma o tenente Aloíso.
Questionado sobre o bebê atingido pelo gás de pimenta, o militar disse que a mãe da criança estava a utilizando como escudo tentando conter a ação dos policiais e que ela teria sido orientada a deixar o local. Três pessoas foram detidas no local por desobediência e resistência. “Apesar dos objetos atirados, nenhuma viatura foi danificada ou militar ficou ferido”, afirma.
Quanto aos relatos de violência policial, o porta-voz disse que todos os depoimentos foram colhidos, assim como filmagens e o caso será investigado. Após a confusão, os funcionários da prefeitura foram embora da região.
Terreno é da PBH
Por meio da Subsecretaria de Fiscalização de Secretaria de Política Urbana, a PBH explicou que o terreno faz parte de uma área pública municipal, onde houve a ocupação.
“Os funcionários deram inicio à ação de demolição de edificações provisórias em terreno público nesta sexta-feira (21). Contudo, antes de realizar a demolição, os moradores foram notificados para se retirarem da área. A secretaria agora vai monitorar o local para que a área não seja ocupada e tomar as medidas cabíveis, para que não haja outras invasões na área”, disse a subsecretaria, por meio de sua assessoria.