Estudantes de universidades em BH se manifestam contra aulas híbridas e pedem retorno 100% presencial

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Alunos se juntaram em frente a Una Linha Verde para se manifestarem contra o ensino híbrido (Reprodução/Redes Sociais)

Estudantes de faculdades que integram o Grupo Ânima fizeram protestos em unidades espalhadas por BH, nessa terça-feira (7). Uma das unidades foi o Centro Universitário Una, onde alunos se juntaram em frente ao campus da Linha Verde, no bairro Vila Suzana. Eles reclamaram sobre o formato de ensino híbrido adotado para este semestre letivo, e pediram a volta das aulas 100% presenciais.

Em conversa com o BHAZ, a estudante de pedagogia Stefany Silva Gonçalves relata que o Grupo Ânima, responsável pelas instituições de ensino Una, Uni-BH e UnP, determinou que as aulas seriam em formato híbrido no primeiro semestre de 2021 sem consultar previamente os alunos.

A estudante de psicologia Victoria Elizabeth conta que os alunos foram informados que as aulas voltariam presencialmente no dia 7 de março. “Porém, quando fomos retornar, foi informado que as aulas presenciais seriam apenas duas vezes na semana”, acrescenta Victoria.

‘Modelo atende melhor os alunos’

Com a chegada da pandemia de Covid-19, a aluna relata que as universidades do Grupo Ânima adotaram o formato “síncrono”, em que os professores ficavam disponíveis para dar as aulas on-line. A modalidade foi adotada para conter o avanço do coronavírus, assim como fizeram outras insituições de ensino ao redor do mundo.

Mesmo com a baixa nas taxas de da Covid-19 no Brasil, o Grupo Ânima decidiu adotar o formato híbrido, com duas aulas presenciais e três aulas on-line, durante a semana. “Agora a justificativa é que o modelo atende melhor os alunos. Um dos nossos questionamentos é se o aluno deseja ter aula a distância, que ele deveria procurar um curso que tenha esse formato”, diz Victoria Elizabeth.

Insatisfeitos, os alunos de diversas faculdades do Grupo Ânima em Belo Horizonte fizeram protestos ontem (7) em frente às unidades. Na Una Linha Verde, a estudante de psicologia relata que a manifestação foi pacífica, mas que os discentes foram impedidos de entrar dentro do prédio, ao contrário das outras unidades na capital, em que a entrada foi permitida.

“Através de um grupo do WhatsApp conseguimos vídeos de outras unidades que conseguiram protestar dentro da instituição, e na nossa nós não conseguimos. E aí a polícia falou que não poderíamos manifestar na rua por estar gerando tumulto no trânsito. Com isso, a manifestação foi interrompida”, relembra Victoria.

Estudantes e funcionários discutem

Ainda durante a manifestação, os alunos entraram em conflito com dois funcionários da Una Linha Verde. Conforme vídeos do momento compartilhados em aplicativo de mensagem, é possível ver que os estudantes ficaram revoltados. Segundo eles, a funcionária disse que “quem não quiser estudar na Una, é só ir embora”.

“A gente pagando para ela mandar a gente ir embora”, disse uma das manifestantes. O outro funcionário alegou: “Aqui dentro não pode porque é uma instituição particular”. Um dos estudantes respondeu: “Mas é o nosso direito, nós estamos pagando”. Confira o vídeo da discussão:

#Desanimaeducação

Nos cartazes da manifestação, os alunos escreveram frases como “Chega de enganação, fora Ânima” e “Aulas híbridas não, presenciais 100% já”. Além disso, os estudantes criaram um perfil no Instagram chamado @desanimalunos para divulgar as reclamações e utiliazaram a hashtag “desanimaeducação” em tuítes de protesto.

Alunos da Una manifestando pelo retorno das aulas 100% presenciais (Reprodução/Redes Sociais)

“#desanimaeducacao #desanima Estamos pagando por um ensino de qualidade e presencial. Não queremos um ensino híbrido que foi imposto pela Ânima e em momento algum discutido com os alunos. Batalhamos todos os dias para conseguir se formar, queremos respeito, não ao ensino híbrido!”, escreveu uma estudante no Twitter.

Instituição diz que modelo é ‘inovador’

Em nota ao BHAZ, a Una informou que “manifestações são uma característica da democracia e, enquanto instituição de ensino, incentiva o diálogo e o pensamento analítico como fundamentais na formação dos estudantes”. Segundo a instituição, “as aulas retornaram de maneira presencial ontem, 7 de março, respeitando todas as diretrizes do Ministério da Educação” (leia nota na íntegra abaixo).   

“Ressaltamos ainda que o modelo acadêmico estabelecido pela instituição é inovador e incentiva o estudante a desenvolver competências que os preparam para os desafios reais da carreira”, acrescentou.

A Una disse que o formato “foi construído de forma que alterna a composição com aulas, atividades de extensão presenciais e online, entre outros, permitindo o aperfeiçoamento e desenvolvimento de habilidades e competências que serão chaves para a sua formação”. Por fim, a universidade reforçou “o canal aberto ao diálogo com seus estudantes”.

Questionado pelo BHAZ, o Grupo Ânima se limitou a dizer que eles possuem o mesmo posicionamento do Centro Universitário Una. Confira abaixo.

Nota da Una na íntegra

Em atenção ao questionamento do portal BHAZ, a Una informa que manifestações são uma característica da democracia e, enquanto instituição de ensino, incentiva o diálogo e o pensamento analítico como fundamentais na formação dos estudantes.  As aulas retornaram de maneira presencial ontem, 7 de março, respeitando todas as diretrizes do Ministério da Educação.   

Ressaltamos ainda que o modelo acadêmico estabelecido pela instituição é inovador e incentiva o estudante a desenvolver competências que os preparam para os desafios reais da carreira. Para tanto, foi construído de forma que alterna a composição com aulas, atividades de extensão presenciais e online, entre outros, permitindo o aperfeiçoamento e desenvolvimento de habilidades e competências que serão chaves para a sua formação. 

Por fim, a Una reforça o canal aberto ao diálogo com seus estudantes.

Edição: Roberth Costa
Andreza Miranda[email protected]

Graduada em Jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2020. Participou de duas reportagens premiadas pela CDL/BH (2021 e 2022); de reportagem do projeto MonitorA, vencedor do Prêmio Cláudio Weber Abramo (2021); e de duas reportagens premiadas pelo Sebrae Minas (2021 e 2023).

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