A capital mineira não tem acordado com o horizonte tão belo nos últimos dias. A cidade está envolta em uma névoa seca, e moradores de diversas regiões de BH têm relatado um cheiro forte de fumaça no ar. Esse fenômeno resulta de uma combinação de fatores climáticos típicos desta época do ano, que incluem a baixa umidade, a amplitude térmica e os ventos que trazem poluentes de queimadas para a cidade.
Ao BHAZ, a meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Andrea Ramos, explicou o motivo dessa “cortina de fumaça”. “A corrente de ventos tem transportado poluentes provenientes de focos de queimadas, que se intensificam durante o período de seca. Esses poluentes estão sendo retidos próximo à superfície, formando uma neblina que turva o céu e reduz a visibilidade na cidade”, afirma.
De acordo com a especialista, a massa de ar seco que atinge a cidade, característica do inverno, agrava ainda mais a situação. “A massa de ar seco e quente, que é característica desse período, junto com a grande amplitude térmica e os 128 dias sem chuva em BH, contribuem para que esse cenário se mantenha”, complementa Andrea.
Maior período de estiagem
Os 128 dias sem chuvas em BH são o maior intervalo de seca na capital mineira nos últimos 61 anos. Neste ano, não há registro de chuvas significativas (com volume superior a 1 milímetro) desde 18 de abril. De lá para cá, em duas ocasiões a capital mineira teve registro de chuvisco em alguns bairros na primeira semana de agosto, mas, para a climatologia não é nem considerado chuva.
Esse período de estiagem prolongado propicia a ocorrência de incêndios. Minas Gerais registrou em 2024 o maior número de incêndios florestais dos últimos cinco anos. Segundo balanço apresentado pelo Corpo de Bombeiros nessa sexta-feira (23), já são mais de 14 mil ocorrências registradas em todo o estado entre janeiro e agosto deste ano. O dado ultrapassa o último teto de chamados para o mesmo período: 12 mil incêndios em 2021.
No entanto, há uma expectativa de mudança com a possibilidade de chuva no dia 26, o que pode ajudar a dissipar essa condição. “Há uma pequena possibilidade de chuva entre a próxima segunda (26) e terça-feira (27), o que pode contribuir para amenizar essa cortina de fumaça”, conclui Andrea.
Maiores períodos consecutivos sem chuva em BH
1963 – 198 dias
2024 – 123 dias
1991 – 117 dias
1988 – 116 dias
2011 – 115 dias
2019 – 113 dias
2003 – 111 dias
2010 – 110 dias
2017 – 107 dias