Passando pelas ruas de BH com um olhar mais atento, você já deve ter deparado com pelo menos um mural de grafite bem grande, mas com um detalhe: um rostinho de bebê no meio dos desenhos. O Bhaz descobriu quem é esse baby que anda estampando alguns muros de BH. O dono das artes é o grafiteiro belo-horizontino John Vianna, de 24 anos.
Bem que dizem que quando chega um filho, a vida dos pais mudam… No caso de John, trouxe uma renovação para sua arte! Desde o nascimento do filho – Jonhzinho – seus grafites ganharam uma marca registrada: o rosto do primogênito. O bebezinho já virou personagem de quadrinho nas artes, como o Goku, do Dragon Ball Z, no bairro Pindorama.
Johnzinho também já virou personagens como o Madinbu, Hulk, Transformers e Thor, entre outros. “Durante um trabalho com as pessoas em processo de recuperação na Apac, fiz um Hulk de 6 metros de altura e 11 de comprimento com o rosto do meu filho. Também desenhei um Thor de 7 metros de altura por 5 metros de comprimento dentro de uma escola”, conta John.
No dia do nascimento do bebê, John conseguiu fazer um registro encantador em um dos muros da Avenida Cristiano Machado. Para representar o momento, desenhou o rostinho do bebê, um cordão umbilical ligado ao corpo e uma cegonha.
“Foi na correria, mas tive o convite para pintar uma parede com muita visibilidade. E está lá até hoje, quase um ano depois, o trabalho que registra um pouco desse momento especial na minha vida”.
Internacional
O bebê também já teve seu rostinho estampado em outro país! No mês de junho deste ano, John foi selecionado para participar de um dos maiores eventos mundiais sobre grafite – o “Meeting of Styles”–, na Alemanha. “Fiz a inscrição, mas sem muita fé de que eu seria chamado. Quando recebi a resposta de que havia sido selecionado, movimentei tudo que pude para arrecadar o dinheiro da passagem de avião. Fiz até vaquinha!”, afirma Vianna.
John, sua esposa e o Johnzinho – com poucos meses de idade – embarcaram para Alemanha. Lá foi só sucesso! Junto com mais 11 artistas, John pintou um mural coletivo na temática de “bichinhos”. Em seu desenho, fez um bebê com um capuz de onça pintada. “O Johnzinho nos braços da mãe e também nas telas de arte chamou atenção do público. Quando voltamos, vi uma matéria em um jornal alemão dedicada totalmente a minha obra com o rosto do bebê”, relembra John com muito orgulho.
Carreira
No Brasil, John já faz história com sua arte. Em 2015, realizou exposição no Museu de Arte da Pampulha, com obras na temática da valorização das relações familiares. Também possui obras expostas em diversos países da América do Sul e da Europa. Recentemente, no mês de agosto, teve seis telas expostas na mostra “Da Arte Urbana às Galerias”, no Salão dos Ferroviários, em Itabirito. Além disso, já participou de evento em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e cidades no interior de Minas.
Já são nove anos e meio no mundo do grafite. “Sempre desenhei e mexi com arte ligada à cultura do hip hop. Tudo começou por influência do meu irmão, que me levou para fazer o primeiro trabalho quando eu tinha por volta dos 14, 15 anos. Desde então, nunca mais parei”, conta John.
Hoje, John sustenta a família com o grafite, através da venda de telas e produção de trabalhos comerciais, como grafites em muros privados. Mas pontua que “a arte no Brasil é muito difícil. Para buscar um reconhecimento, nós, artistas, temos que começar a valorizar nosso próprio trabalho”, afirma John.
Grafite em BH
Como artista do Grafite, John acredita que o cenário da arte em Belo Horizonte está mudando, principalmente na forma como ele é visto pelas outras pessoas. “No olho da população, ainda há bastante preconceito. Mas a nova gestão da cidade está mais aberta, inclusive para ouvir os grafiteiros. Recentemente aconteceu um projeto muito massa, o Cura, que ultrapassou barreiras ao colocar grafites no alto de prédios no centro da cidade.”
Nesse meio cultural, há muitos debates acerca da legalidade dessa arte. “Para esclarecer, o grafite mesmo é ilegal. Porém, ele deixa de ser ilegal quando você possui autorização da prefeitura ou do proprietário do imóvel para grafitar”.
Parece até clichê, mas o grafite é tudo para John: “Eu sempre respirei grafite”, diz, com convicção. Hoje, entre seus vários sonhos na área, está o desejo de fazer grafite em algum prédio da cidade.