O homem acusado de matar a companheira Clenilda Alzira da Silva a facadas, em 2021, foi condenado a 23 anos de prisão pelos crimes de feminicídio, extorsão e tortura. A sentença foi publicada nessa quarta-feira (8) pela juíza Fabiana Cardoso Gomes Ferreira, do TJMG (Tribunal de Justiça de Minas Gerais).
Tiago Vinícios Gomes Correia assassinou a vítima no dia 22 de fevereiro daquele ano, na Vila Cemig, região do Barreiro, em Belo Horizonte. O crime foi cometido enquanto policiais já estavam em frente à residência de Clenilda da Silva. Depois de matá-la, ele desdenhou: “Podem entrar, ela está morta”.
A juíza levou a situação em conta ao determinar o aumento da pena-base do acusado. “O crime foi finalizado enquanto policiais estavam na porta da residência da vítima, demonstrando desprezo pela punição”, escreveu a magistrada na decisão.
Relembre
O feminicídio chocou a Vila Cemig em 2021. Nilda, como Clenilda era chamada, estava desaparecida desde o dia 19 de fevereiro, uma sexta-feira. Na segunda-feira seguinte, dia 22, um colega de trabalho passou de manhã em frente à casa dela para dar carona, como fazia corriqueiramente, mas a mulher não desceu. Ele ligou várias vezes, não tendo sucesso em nenhuma, e decidiu ir para o trabalho.
Já na tarde daquela segunda, ele recebeu uma ligação da mulher, com voz estranha, falando que iria para a casa da mãe, em Pernambuco. O homem estranhou e acionou a polícia, que se deslocou imediatamente para a residência dela.
Chegando lá, os agentes de segurança foram recebidos pelo companheiro de Clenilda Alzira da Silva, Tiago Vinícios Gomes Correia, na varanda. “O que vocês querem?”, teria questionado o homem de 45 anos.
Testemunhas ouvidas pelo BHAZ à época relataram que, após conversar rapidamente com os policiais, Tiago entrou para o interior da residência. “Quando ele entrou pra casa, ela gritou ‘socorro’. Nesta hora, a polícia já começou a chutar o portão mais que depressa e ele falou que já tinha matado ela e poderiam entrar”, relatou uma das pessoas que acompanharam a sequência dos fatos.
Ainda naquele ano, o delegado que atendeu a ocorrência, Rômulo Guimarães Dias, afirmou que o autor torturou a vítima durante dias antes de matá-la.
“Provavelmente, ela estava sendo torturada desde sexta-feira, quando parou de dar notícias. A escalada de violência para com ela é nítida. Por que ela não saiu para trabalhar? Como ia sair com aquele olho [roxo] e nariz fraturado? Se ela sai, denunciaria o autor e essa não era intenção dele”, afirmou o delegado, da 2ª Delegacia Regional de Polícia Civil do Barreiro.