Maior maternidade do estado, Sofia Feldman enfrenta crise financeira e ameaça reduzir atendimentos e fechar leitos

02/05/2025 às 15h42 - Atualizado em 02/05/2025 às 17h43
sofia feldman
(Sofia Feldman/Divulgação)

Referência nacional na atenção à saúde da mulher e do bebê, o Hospital Sofia Feldman, em Belo Horizonte, considerado a maior maternidade de Minas Gerais, enfrenta uma crise financeira que ameaça a continuidade dos serviços prestados à população. Com um déficit mensal de aproximadamente R$ 3 milhões, a direção da instituição filantrópica alerta para o risco de ter que reduzir o número de atendimentos e fechar leitos, caso não haja um aumento imediato nos repasses públicos.

O Sofia Feldman possui duas unidade, no bairro Tupi e Carlos Prates, que prestam serviços apenas para o Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com a diretora executiva do hospital, Tatiana Coelho, a defasagem nos valores recebidos é reflexo de um subfinanciamento crônico. “A tabela do SUS não tem reajuste há mais de 15 anos, e os contratos com a prefeitura também não são corrigidos. Enquanto isso, os custos com insumos, salários e fornecedores aumentam ano a ano”, explica ao BHAZ.

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Atualmente, o Sofia Feldman recebe cerca de R$ 10 milhões por mês, sendo 75% repassados pelo Ministério da Saúde e o restante divido entre governos estadual e municipal. Esse valor, no entanto, já não cobre as despesas básicas da instituição. Para manter a folha de pagamento e evitar o colapso do atendimento neste primeiro semestre de 2025, o hospital teve que recorrer a um empréstimo bancário de R$ 12 milhões.

“Esse valor vai acabar em algum momento se não houver reforço nos repasses. Já vivemos uma crise semelhante em 2018, e hoje a situação volta a se agravar. Se não houver uma solução, corremos o risco de fechar leitos e comprometer atendimentos essenciais”, alerta Tatiana.

Atendimentos

Atualmente, o hospital possui cerca de 290 leitos, sendo 110 voltados à neonatologia, ou seja, para recém-nascidos de alto risco. São realizados cerca de 800 partos por mês e mais de 3 mil atendimentos no pronto-atendimento da unidade. Na sede Carlos Prates, onde são feitas cirurgias eletivas, consultas de pré-natal e acompanhamento de crianças, o volume ultrapassa 4 mil atendimentos mensais.

A redução de leitos no Sofia Feldman, especialmente de UTIs neonatais, pode gerar um impacto significativo em toda a rede pública de saúde. “O Sofia é estratégico e essencial para a saúde da mulher no estado. Se ele parar, a rede entra em colapso e é a população que mais vai sofrer com isso”, reforça a diretora.

A direção do hospital busca, junto às autoridades, a revisão dos valores repassados. “Estamos solicitando que os governos avaliem urgentemente um aumento. Sem isso, a situação tende a piorar ainda mais”, conclui Tatiana.

A reportagem entrou em contato com o Ministério da Saúde e os governos municipal e estadual.

A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais informou que os repasses financeiros de responsabilidade do Governo de Minas para o Hospital Sofia Feldman estão em dia e sem pendências.

Amanda Serrano

Com experiência nas principais redações de Minas, como Jornal Estado de Minas e TV Band Minas, além de atuação como assessora política, Amanda Serrano é, atualmente, repórter do Portal BHAZ. Em 2024, fez parte da equipe vencedora do Prêmio CDL/BH de Jornalismo.

Amanda Serrano

Email: [email protected]

Com experiência nas principais redações de Minas, como Jornal Estado de Minas e TV Band Minas, além de atuação como assessora política, Amanda Serrano é, atualmente, repórter do Portal BHAZ. Em 2024, fez parte da equipe vencedora do Prêmio CDL/BH de Jornalismo.

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