Investigado desde o ano passado, padre de Santa Luzia é indiciado por importunação e assédio sexual

padre indiciado
O religioso estava sendo investigado desde o ano passado, após ser acusado por funcionárias de cometer os crimes de importunação e assédio sexual (Reprodução/ Paroquia São Benedito Santa Luzia/Youtube)

A Polícia Civil indiciou o padre José Carlos Pereira, de Santa Luzia, na região metropolitana de Belo Horizonte. O religioso estava sendo investigado desde o ano passado, após ser acusado por funcionárias de cometer importunação e assédio sexual.

A primeira vítima procurou a polícia no dia 29 de agosto do ano passado, quando o advogado entrou com representação criminal detalhando o depoimento da jovem e pedindo apuração da denúncia. Na época, o advogado Mário Lúcio de Moura Alves, que representa a vítima de 23 anos, explicou ao BHAZ que os abusos começaram em março de 2020 e se repetiram semanalmente por mais de um ano (veja aqui).

O líder religioso era responsável por uma igreja que fica no bairro São Benedito, na cidade da região metropolitana de Belo Horizonte, além de ser dono da rede Colégio São Benedito, que tem duas unidades de escolas e uma faculdade. Ele atuou como padre na comunidade há décadas, e, inclusive, foi o responsável pelo batismo de uma das vítimas que denunciam o abuso.

Dinâmica dos abusos

“Toda sexta-feira, o padre a chamava para a sala dele, onde aconteciam as abordagens sexuais e o abuso. Ele tentava apalpá-la, beijá-la, e depois dava uma quantia em dinheiro para ela além do salário, como se estivesse pagando por uma ‘atividade fora do trabalho’”, descreve Mário Lúcio Alves.

A representação criminal descreve como o assédio teria começado: “o representado começou a praticar uma série de atos abusivos, retirando a máscara de proteção do rosto da representante, forçando beijos de língua e afirmando que queria ser um ‘pai para ela’, que ‘gostava muito dela’, que ficava em casa e ‘pensava nela’”.

Depois que a jovem se demitiu da escola, funcionárias de outras unidades da instituição entraram em contato com ela e acabou-se descobrindo que o padre teria feito outras vítimas. O advogado Tiago Lenoir, que representa uma delas, conta que a situação era parecida com a jovem.

“Ele constantemente abusava dela, a beijava à força, passava a mão nas partes íntimas… Chegamos a contar e foram mais de 50 abusos, ao longo de um ano. Toda semana, ele também dava dinheiro para ela, fora o salário, até que a situação se tornou insuportável e ela saiu”, relata.

Onde conseguir ajuda?

Caso você seja vítima ou conheça alguém que precise de ajuda, pode fazer denúncias pelos números 181, 197 ou 190. Além deles, veja alguns outros mecanismos de denúncia:

Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher: av. Barbacena, 288, Barro Preto | Telefones: 181 ou 197 ou 190

Casa de Referência Tina Martins: r. Paraíba, 641, Santa Efigênia | 3658-9221

Nudem (Núcleo de Defesa da Mulher): r. Araguari, 210, 5º Andar, Barro Preto | 2010-3171

Casa Benvinda – Centro de Apoio à Mulher: r. Hermilo Alves, 34, Santa Tereza | 3277-4380

Ponto de Acolhimento e Orientação à Mulher em Situação de Violência: avenida dos Andradas, 3.100, no Núcleo de Cidadania da Câmara Municipal de Belo Horizonte.

Aplicativo MG Mulher: Disponível para download gratuito nos sistemas iOS e Android, o app indica à vítima endereços e telefones dos equipamentos mais próximos de sua localização, que podem auxiliá-la em caso de emergência. O app permite também a criação de uma rede colaborativa de contatos confiáveis que ela pode acionar de forma rápida caso sinta que está em perigo.

Seja qual for o dispositivo mais acessível, as autoridades reforçam o recado: peça ajuda.

Edição: Roberth Costa
Larissa Reis[email protected]

Graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Vencedora do 13° Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, idealizado pelo Instituto Vladimir Herzog. Também participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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