Jovem de BH desconfia de entrega e toma celular de golpista: ‘Ele dançou muito’

golpe falso entregador
O falso entregador pediu para a vítima tirar uma ‘selfie de comprovação’, que na verdade permitiria que o criminoso acessasse sua conta bancária (Reprodução/@paulorgoncalves/Twitter)

Os planos de um suposto golpista foram por água abaixo nessa sexta-feira (4), em Belo Horizonte. Enquanto tentava aplicar o golpe do “falso motoboy” em um morador da capital, o homem teve o celular que usava tomado pela vítima e, em seguida, foi denunciado às autoridades. Pelas redes sociais, Paulo Gonçalves conta que logo desconfiou da situação quando “uma floricultura inexistente disse que iria entregar um presente com remetente oculto”. O rapaz explica que teria a conta bancária invadida – para um financiamento -, ao tirar uma selfie no celular do entregador, mas que correu com o aparelho em mãos (veja detalhes abaixo).

Ao BHAZ, o jovem conta que trabalha como analista de testes de software e que sempre foi muito preocupado com os próprios dados. Mensalmente, ele gasta em média R$ 70 só com tecnologias que lhe ofereçam maior segurança online. E foi graças a uma delas que ele evitou ter caído no golpe.

“Na sexta-feira eu recebi um SMS do Serasa, de que alguém tinha consultado meu score. Tava lá que foi feita uma consulta pelo Itaú e pelo banco Pan. Eu achei muito suspeito”, relata ele. No mesmo dia, a suposta floricultura o abordou pelo WhatsApp com a desculpa de que um “admirador secreto” lhe mandou um presente e uma homenagem, que deveria ser entregue em mãos.

“Perguntei pra minha namorada se ela sabia de alguma coisa, e ela disse que não. A floricultura disse que a homenagem era em nome de uma empresa, então pensei que fosse a minha, já que vou me mudar pra Portugal daqui umas semanas”, conta ele.

‘Ele tentou gerar empatia’

Com a negativa tanto da namorada, quanto da empresa, Paulo ficou ainda mais desconfiado. Quando o motoboy chegou no seu condomínio, lhe entregou uma sacola de presente com um kit de cosméticos e disse que precisaria voltar mais tarde para confirmar o recebimento, pois o “sistema havia caído”.

“Ele me pediu algumas informações de endereço, passei endereços falsos. Depois me disse: ‘o sistema caiu, posso voltar aqui mais tarde pra fazer a comprovação da entrega? Se não, vão descontar do meu salário!’. Ele disse isso pra eu ter empatia e ainda disse que só depois da comprovação que eu receberia a ‘homenagem'”, relata.

Na visão de Paulo, o homem só queria despistá-lo para ter tempo de preencher as informações iniciais em um aplicativo bancário. Quando retornou, o motoboy então pediu uma “selfie de confirmação” para finalizar o pedido.

Nesse momento, Paulo não pensou duas vezes e pegou o celular da mão do homem e saiu correndo. O motoboy então pegou a moto e fugiu na contramão. Toda a ação foi filmada pelo rapaz e, sem seguida, publicada em seu perfil.

Caso foi denunciado

Ao analisar o celular do homem, Paulo percebeu que uma fita isolante cobria a parte superior do aparelho. A tela em que o motoboy iria tirar a selfie da vítima era a de financiamento do banco, que exige o reconhecimento facial para aprovar a transação.

Toda a “tour” foi narrada pelo Twitter, onde o caso já soma milhares de compartilhamentos. O jovem conta que logo procurou a delegacia para prestar queixa e que na próxima semana deve levar todos os vídeos que registrou, a fim de dar início às investigações.

“O celular é do cara mesmo, tinha muita conversa no WhatsApp que o policial mostrou. Já pegaram o IMEI (Identificação Internacional de Equipamento Móvel), sabem o nome dele e tudo. Tudo é de São Paulo, o número dos outros golpistas, o dele e onde a moto tá registrada. Acho que ele dançou muito”, comemora o rapaz em seu Twitter.

‘Não fiquei com medo, mas não recomendo’

Mesmo que Paulo tenha conseguido evitar o golpe, ele não recomenda que as pessoas também o façam. Ele reconhece do risco que se expôs, embora não tenha se sentido intimidado de confrontar o entregador.

“Não fiquei com medo, mas não recomendo fazer isso, porque podia acontecer algo pior. Mas pensei que o crime que ele tava cometendo não era violento, era um crime de engenharia social, de enganação, então imaginei que ele não estaria armado”, relata.

Além de pagar por plataformas que gerenciam suas senhas e gerem alertas no caso de possíveis invasores, o rapaz conta que possui diversas outras estratégias para garantir sua segurança na internet.

“Só escapei [do golpe] porque tenho uma neura muito grande com segurança, tenho um email diferente pra cada site que eu acesso. Eu comprei um IPhone por segurança, porque caso alguém acesse fora do meu WiFi, o celular vai ser bloqueado”, relata.

Edição: Roberth Costa
Larissa Reis[email protected]

Graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Vencedora do 13° Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, idealizado pelo Instituto Vladimir Herzog. Também participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

SIGA O BHAZ NO INSTAGRAM!

O BHAZ está com uma conta nova no Instagram.

Vem seguir a gente e saber tudo o que rola em BH!