A justiça mineira negou o pedido de Myrza Guimarães para que seja retirada uma placa comemorativa afixada pelo América na janela da casa dela. A idosa de 69 anos mora nos arredores da Arena Independência, no Horto, onde tinha visão privilegiada do campo e costumava assistir a partidas do Atlético, seu time do coração.
Na ação, a moradora alegou que, além de obstruir a visão da janela, o outdoor também teria atrapalhado a ventilação do imóvel. Ela relatou, nos autos, ser diagnosticada com problemas de saúde, “sendo que a ausência de circulação pode agravar o seu quadro de saúde, além do surgimento de infecções”.
A torcedora fanática do Atlético pediu que a Justiça determinasse, em caráter imediato, a retirada da placa. A ação, no entanto, não foi acatada pelo juiz da 8ª Vara Cível de Belo Horizonte, Armando Ghedini Neto.
Para juiz, América não ‘invadiu o espaço’ da vizinha
Para o magistrado, a idosa não apresentou provas contundentes de que a instalação do outdoor tenha comprometido, de alguma forma, o quadro de saúde dela. Além disso, ele reforça que é direito do clube “levantar a sua edificação no respectivo terreno”.
“É de notar, aliás, que as fotografias colacionadas indicam a passagem de ar e claridade, ainda que seja de forma reduzida, através das sobreditas janelas, não interferindo diretamente o direito a segurança, saúde e convivência assegurado aos vizinhos”, diz um trecho da decisão.
De acordo com o juiz, “não foi demonstrado que o América Esporte Clube descumpriu os preceitos do art. 1.301 do Código Civil, desrespeitando a distância mínima exigida” e que “tampouco que o suposto painel do América gerou prejuízos nocivos ao quadro de saúde da autora”.
O magistrado deu um prazo de 15 dias para que as partes apresentem algum recurso contrário a decisão. O BHAZ procurou Myrza Guimarães para saber se ela recorrerá e aguarda um retorno.
‘Achei uma afronta’
Em conversa com o BHAZ dias depois da instalação da placa, Myrza Guimarães contou que, quando o Atlético joga no Independência, ela tinha o costume de assistir aos jogos direto de casa. Em dias de partidas do Cruzeiro ou do América, a torcedora diz que “nem a luz acende”, mas também não se incomoda com o barulho ou com o movimento.
“Nunca reclamei de nada, estou reclamando não porque não posso ver o jogo, mas porque achei uma afronta colocar esse negócio na janela”, disse ela.
A moradora se queixa da falta de diálogo por parte do América, dono do estádio. “Imagina você levantar, chegar na janela e tem um ‘trem preto’ na frente”, reclama.
Procurado pela reportagem, o América disse que não se pronunciaria sobre o caso, já que a propriedade é do clube.