O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PHS), afirmou nesta terça-feira (13) que enfrentará a “injustiça e ignorância de uma parte que se abraça em uma falsa religiosidade que quer combater quem faz cultura e arte”. O mandatário municipal se referiu especialmente a vereadores da Câmara Municipal da cidade que travam um embate contra o secretário municipal de Cultura, Juca Ferreira – inclusive, tentando abrir uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) com o ex-ministro de Dilma Rousseff.
Kalil deu as declarações durante lançamento do programa BH nas Telas, hoje, no Museu da Imagem e do Som Cine Santa Tereza. “Quero avisar a esses demagogos que Deus me poupou o sentimento do medo”, disse o prefeito, parafraseando o ex-presidente da República Juscelino Kubitschek. “Vamos enfrentar, derrotar e colocar a cultura de BH no lugar de onde nunca deveria ter saído”, complementou, afirmando ainda que as críticas a Juca vêm de “oportunistas” que pensam em “benefício próprio”.
Entenda
O embate capitaneado especialmente pelos vereadores Fernando Borja (Avante) e Jair di Gregório (PP) ganhou força no ano passado, quando os parlamentares questionaram exposições realizadas na capital mineira. Desde então, o secretário municipal tem recebido críticas constantes do grupo, que tentou até mesmo instaurar uma CPI da Cultura. “A Cultura de BH está com viés ideológico e só privilegia gente de esquerda. Os funcionários da secretaria de Cultura são todos a favor de ‘Lula Livre’ e Haddad. Não tem uma pessoa contra o Lula”, afirma ao BHAZ Fernando Borja.
Sobre a crítica de Kalil, o qualificando como “oportunista”, Borja diz que está fazendo seu trabalho. “O Kalil deveria encarar a verdade, mas tem medo do Juca cair. O PT e PSOL mandam e desmandam na PBH”, afirma. “Setenta e um palestrantes foram contratados sem licitação. Quais são os critérios? Eles montaram um ‘clubezinho’, tudo do PT e PSOL”, acusa se referindo ao Festival Literário Internacional, realizado em 2017 em BH, e que recebeu R$ 528 mil da prefeitura.
Por sua vez, Juca garante não dar importância aos vereadores. “São dois mentirosos. O Jair eu já processei e o processo está na fase de determinar a multa que ele vai me pagar. Já o Fernando estou observando. Não se ataca a honra de pessoas de bem construindo calúnias”, disse, antes de complementar dizendo que a dupla tentou se eleger a deputado “criando mentiras”. “Já tive adversários maiores que eles. Tentam se aparecer com polêmica envolvendo ex-ministro. Talvez isso fará com que eles saiam da insignificância”, disse.
Segundo Borja, o Ministério Público abriu um inquérito justamente para investigar as denúncias apontadas por ele. Além do festival literário, o vereador alega irregularidades na Zona de Arte da Periferia (ZAP-Dezoito), contemplada pela Lei Municipal de Incentivo à Cultura. Por fim, acusa o Executivo de evitar que a CPI seja aberta. “Chegamos a 25 [assinaturas] no início de setembro, mas o prefeito fez um lobby com os vereadores e eles retiraram. Ficamos apenas com 11”.
“Respeito o prefeito no que tange fomentar a cultura de BH. Não posso aceitar quando o Juca Ferreira me chama de mentiroso. Não posso aceitar ser um vereador da base do prefeito, ajudando-o em aprovar os projetos importantes para a cidade, ver prefeito se manifestando a favor do Juca Ferreira. Porque o Juca vai ter que explicar muita coisa na Cultura. Pelo menos uma comissão especial deve ser criada para ser investigar as irregularidades”, diz Jair Di Gregório ao BHAZ.
