Lágrimas de sangue: Árvores podadas em BH intrigam por ‘choro’ vermelho

Pedaços de árvores podadas na avenida do Contorno (Thiago Ricci/BHAZ)

Quem passou pela avenida do Contorno nos últimos dias, na altura do bairro Floresta, região Leste de Belo Horizonte, se deparou com uma cena – no mínimo – intrigante. Após mais uma operação da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) para podar árvores, dezenas de tocos “sangravam” nas calçadas. Uma substância liberada como forma de proteção da árvore possui cor avermelhada, se assemelhando – e muito – a sangue.

“É uma resina que fica dentro da planta como uma forma de proteção. Aí ela é liberada quando um vaso é cortado”, explica ao BHAZ o professor de Ecologia da UFMG, Geraldo Fernandes. Densa, essa substância consegue afastar os insetos – e até mesmo prendê-los – e, ainda, ajuda a cicatrizar a árvore. Justamente por isso, por essa função, que muita gente afirma que se trata do sangue da árvore – aliás, uma espécie que solta essa tipo de substância é conhecida como Sangue de Dragão (Dracaena draco L.) – da família Euphorbiaceae.

Trabalhos de poda foram realizados no bairro Floresta nesta semana (Thiago Ricci/BHAZ)

Segundo o site Diário de Biologia, a seiva dessa espécie foi comercializada nos séculos 15 e 16 por causa da sua coloração: transformada em pó, era usada em tinturaria, verniz e antioxidante, além de ter função medicinal. “A seiva atualmente vem sendo estudada por pesquisadores. Já demonstrou ser um composto bastante poderoso que além de servir como antioxidante também é adstringente, anti-inflamatório, germicida, bactericida e apresenta propriedades para o rejuvenescimento da pele”, diz.

Curiosidades

Apesar da forte cena, com os troncos sangrando e as árvores do canteiro central da Contorno peladas, o professor da UFMG reforça sobre o ciclo da vida da planta. “Como todo organismo vivo, nasce, cresce, fica velho e morre. A cidade já tem mais de cem anos e essas árvores morrem. E, quando uma espécime está infectada, se ela não for suprimida, pode comprometer outras árvores”, explica Geraldo Fernandes.

Canteiro central da Contorno, na altura do bairro Floresta, ficou com árvores peladas (Thiago Ricci/BHAZ)

E mais um fator, infelizmente, contribui para o fim antecipado da vida dessas plantas. “As árvores estão em um ambiente muito hostil aqui na cidade. Tem poluição, temperatura alta, falta de água, já que estão cercadas de asfalto… É semelhante a nós: mais estressados, o sistema imunológico fica comprometido, e as pragas se aproveitam disso”, completa. “A prefeitura só tem, lógico, que se certificar se a árvore está condenada antes de fazer a poda”, conclui.

Podas

Procurada, a prefeitura informou que “as solicitações de podas e supressões de árvores são criteriosamente avaliadas pelas Gerências de Infraestrutura Urbana das Regionais para que o atendimento possa ser realizado de forma adequada, mantendo os padrões de qualidade e respeitando a disponibilidade dos recursos”. “São priorizadas as podas e supressões de árvores condenadas ou que possam representar riscos de causar danos humanos ou materiais e que já possuam laudos indicando a supressão, com eminente risco de queda”, diz trecho do posicionamento.

Mais de 160 árvores foram podadas ou suprimidas, todos os dias, em 2018 (Thiago Ricci/BHAZ)

Em 2018, foram executadas ao todo 47.870 podas e 10.122 supressões. O investimento foi de aproximadamente R$ 11 milhões. Em 2017, foram investidos cerca de R$ 4 milhões nestes serviços, com 16.445 podas de árvores e 3.041 supressões feitas. Já em 2016, foram R$ 2,8 milhões investidos, com 14.133 podas e 1.415 supressões.

“O trabalho de manutenção da arborização urbana é rotineiro e ocorre diariamente nas nove regionais da cidade. Após a realização das podas ou supressões, as prestadoras dos serviços têm o prazo contratual de 48 horas para efetuar o recolhimento dos resíduos. É importante esclarecer que além da Prefeitura, a CEMIG também executa podas e supressões, sendo a mesma responsável pelo recolhimento dos resíduos que produzir”, complementa.

Acidentes

Nos últimos meses, BH foi palco de graves acidentes envolvendo quedas de árvore. No caso mais grave, o motorista de uma van escolar morreu após o veículo ser atingido por uma árvore. Em um dos temporais do fim do ano passado, foram registradas quase 400 ocorrências de queda de árvore na capital mineira e em Contagem.

 

2018  
REGIONALPODASSUPRESSÕES
BARREIRO4.596910
CENTRO SUL3.393893
LESTE4.3581.464
NORDESTE4.0161.609
NOROESTE5.9751.326
NORTE6.860601
OESTE3.0001504
PAMPULHA4.271741
VENDA NOVA11.4011.074
TOTAL47.87010.122

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