ONG denuncia mortes de gatos no Parque Municipal de BH por supostos ataques de cães

mariana morte de gatos no parque municipal bh
Uma das gatas que foi supostamente atacada por um cachorro está com lesão na medula (Arquivo Pessoal)

Cuidadores de gatos da ONG SOS Gatinhos do Parque denunciaram a morte de sete gatos por suspeita de ataques de cachorros, no Parque Municipal de Belo Horizonte. Os voluntários acreditam que os cães de pessoas em situação de rua tenham entrado no local sem os tutores e atacado os felinos.

Isabela, uma das cuidadoras da ONG, conta ao BHAZ que a gata Mariana está internada com suspeita de lesão na medula por causa de uma suposta mordida de cachorro. Nessa quarta-feira (8), os voluntários receberam mensagens de pessoas que viram cães correndo atrás de gatos e patos no parque.

“Recebemos a notícia de que uma gatinha tinha sido encontrada sem vida já, que é a Breve, e depois ficamos sabendo da Minerva, que também veio a falecer, vítima do que a gente suspeita ser ataque de cão. A gente recebeu foto da gatinha Breve, é um ataque bem característico de mordida de cachorro”, diz Isabela.

Segundo a voluntária, a ONG recebeu informações não oficiais de que outros quatro gatos foram encontrados mortos nas dependências do parque, nos últimos dias.

O que diz a Fundação de Parques de BH?

Em nota ao BHAZ, a FPMZB (Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica) relata ter registrado a morte de dois gatos no local nos últimos dias. Para o órgão, “as mortes podem ocorrer por causas naturais, brigas entre os próprios felinos ou com outros animais, além de alguns felinos que já são abandonados doentes”.

“Ocorre, ainda, que muitos gatos também saem do Parque para explorar outros ambientes, o que é um hábito comum da espécie, e nesse caminho podem sofrer acidentes ou serem atacados por pessoas ou outros animais de rua, retornando ao Parque por considerarem ser o seu refúgio”, explica em nota.

Visitantes deixam cachorros soltos

Além de suspeitar dos cachorros de pessoas em situação de rua, a cuidadora Isabela conta que os voluntários frequentemente precisam abordar visitantes do parque que passeiam com seus cachorros sem o uso da guia.

“No final de semana, quando estamos fazendo alimentação no parque, a gente tem que abordar os tutores que estão com cães soltos no parque. Tem tutores que realmente não concordam com o que falamos, saem andando, não respeitam a gente. Estamos fazendo tudo o que podemos”.

A FPMZB (Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica), por sua vez, disse que o acesso de animais é permitido no parque mediante o cumprimento das seguintes regras:

  • o uso de coleira ou guia de condução no cão durante toda a permanência dentro do parque;
  • o uso de focinheira para cães agressivos ou não socializados;
  • o recolhimento, por parte do tutor, das fezes do animal, que devem ser descartadas nas lixeiras;
  • a proibição da entrada dos animais domésticos nos canteiros ajardinados e nos lagos, por exemplo.

A fundação afirma que os tutores dos cães “são abordados na entrada do Parque e só entram no local com cães em suas guias e coleiras”. De acordo com a FPMZB, “há, ainda, cartazes espalhados que orientam sobre as condutas a serem observadas pelos tutores”.

“A área conta com um posto fixo da Guarda Civil Municipal que também monitora situações de abandono de animal. Além de servidores do Parque que realizam abordagens e orientações aos visitantes”, completou.

‘Tutores tiram as guias’

Os voluntários, por sua vez, dizem que alguns tutores tiram as guias após passarem pela entrada do Parque Municipal. “Dá dois passos para dentro do parque eles tiram a guia e o cachorro começa a correr até atrás de crianças”.

Atualmente, o parque possui de 350 a 400 gatos abandonados, os quais a ONG tenta cuidar. “Nenhum gato é originalmente do parque, eles são vítimas de abandono. Muitas vezes eles abandonam a mãezinha prenha ainda, ou abandonam uma caixa com vários filhotes dentro”, diz Isabela.

Possíveis soluções para os problemas

Para mitigar o problema do abandono de gatos, uma das soluções que a cuidadora aponta é a instalação de câmeras no Parque Municipal. A fundação de parques ressalta que “o abandono de animal é crime e pode resultar na prisão em flagrante”.

Já em relação às mortes causadas por ataques de cachorros, Isabela aponta a fiscalização dos animais nas entradas do parque como uma das soluções. “Para essas pessoas entenderem que é regra interna do parque. Os cachorros têm que sempre andarem com guia peitoral e focinheira, em casos de cães mais reativos ou agressivos”.

A fundação de parques garante que, “juntamente com a Guarda Municipal e outros órgãos da PBH (Secretarias de Saúde e Meio Ambiente), atua intensamente em ações para coibir o abandono de animais e também no controle da população do local, com ações de castração e programas de adoção”.

Maus-tratos a animais é crime

Maus-tratos a animais configura crime, sendo que a pena vai desde multa até a prisão em casos extremos. Maltratar animais é crime previsto pelo artigo 32 da lei nº 9.605 prevê reclusão de dois a cinco anos, multa e proibição da guarda. Caso o animal morra, a pena pode aumentar.

Em setembro de 2020, uma alteração na Lei 9.605/1998 fez com que a prática de abuso, maus-tratos, ferimentos e mutilações a animais domésticos, especificamente cães e gatos, passasse a ter pena de reclusão de 2 a 5 anos, com aumento de pena nos casos de morte do animal.

A norma ficou conhecida por Lei Sansão, em homenagem ao cão pitbull que, cruelmente, teve as patas traseiras decepadas, em julho do mesmo ano, na cidade de Confins, na região metropolitana de Belo Horizonte.

Como denunciar casos de maus-tratos

Em Belo Horizonte, os casos de maus-tratos a animais devem ser reportados à Delegacia de Proteção Animal, localizada no bairro Carlos Prates. A denúncia também pode ser realizada de forma anônima, pelo disque 181 ou pelo telefone (31) 3212-1339.

Caso crime esteja em execução, a orientação é acionar a Polícia Militar pelo disque 190.

 

Andreza Miranda[email protected]

Graduada em Jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2020. Participou de duas reportagens premiadas pela CDL/BH (2021 e 2022); de reportagem do projeto MonitorA, vencedor do Prêmio Cláudio Weber Abramo (2021); e de duas reportagens premiadas pelo Sebrae Minas (2021 e 2023).

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