Motorista que atropelou e matou mulher na Raja Gabaglia é indiciado

Atropelamento na Raja Gabaglia
Jerusa de Alencar Viana foi atropelada ao descer do próprio carro, um Jeep Renegade (Polícia Civil/Divulgação)

O motorista responsável pelo atropelamento que matou uma mulher de 47 anos na avenida Raja Gabaglia, em Belo Horizonte, em janeiro do ano passado, foi indiciado pela Polícia Civil. A gerente de indústria farmacêutica Jerusa de Alencar Viana foi atropelada pela BMW X1 do homem de 41 anos, ao descer do próprio carro. A corporação indiciou o responsável por homicídio culposo na direção de veículo, deixar de prestar socorro e fraude processual.

De acordo com o delegado Wagner Sales, da Divisão Especializada de Prevenção e Investigação de Crimes de Trânsito (DEPICT), após fugir do local do acidente, o indivíduo tentou descaracterizar o veículo. Dois dias depois do homicídio, a equipe policial localizou o carro estacionado ao lado de uma oficina de lanternagem. No dia seguinte, o motorista se apresentou à polícia, mas alegou que não sabia que havia atropelado uma pessoa.

“Segundo testemunhas, outros condutores tentaram avisar o indivíduo para que ele retornasse ao local do acidente, mas foram ignorados. Ele foi embora e deixou a vítima à própria sorte. Infelizmente, essa não é a primeira vez que testemunhamos algo semelhante”, afirmou o delegado nesta quinta (27).

“A palavra de ordem é empatia, nos colocarmos no lugar do outro. É bom lembrar que ela tinha dois filhos adolescentes que, com certeza, estão sofrendo até hoje essa perda irreparável”, completou.

O inquérito policial será encaminhado à Justiça, que irá analisar o caso. Ao final do processo, o condutor poderá ser penalizado com até quatro anos de prisão pelo homicídio culposo, com aumento de pena de até dois anos por ter deixado de prestar socorro à vítima. A fraude processual pode acarretar prisão de até um ano.

O caso

Jerusa de Alencar Viana foi atropelada na noite do dia 11 de janeiro de 2020, em frente ao supermercado Verdemar, no bairro São Bento, no sentido Praça da Assembleia. Ela dirigia um Jeep Renegade de cor branca e estava com o namorado, João Marcos Ribeiro, de 50 anos. Os dois pretendiam fazer compras no supermercado, que fica no sentido contrário ao que estacionaram.

Ao sair do carro que dirigia, ela foi atingida pela BMW X1 de cor escura do condutor responsável pelo homicídio culposo, que fugiu sem prestar socorro. A porta do Jeep Renegade ficou completamente destruída.

À época, uma testemunha relatou à PM que também quase foi atingida pela BMW em outra altura da avenida Raja Gabaglia e que o veículo estava com a parte da frente danificada. Além disso, contou ter visto o momento em que o motorista fez retorno em local proibido e seguiu na direção do bairro Belvedere.

Quando o condutor se apresentou à Polícia Civil, no dia 14 de janeiro, foi informado pela corporação que ele estava com a CNH (Carteira Nacional de Habilitação) vencida havia mais de três meses. Além disso, o veículo estava com multas e irregularidades registradas, e ele também já havia se envolvido em outro acidente por embriaguez ao volante (relembre aqui).

Depoimento

Na saída da delegacia, à época, o condutor falou rapidamente e negou que estava em alta velocidade. Ele pediu desculpas aos familiares da vítima e disse que “foi tudo muito rápido”.  Ele disse ao delegado que “perdeu o norte” em 2019, após a morte da mulher dele, vítima de um erro médico.

“Ele disse que estava conduzindo pela Raja e, em determinado momento, viu um vulto saindo do veículo – de Jerusa – e colidiu contra o vulto e a porta do carro. Ele ficou em estado de choque e evadiu do local por medo de ser linchado pela população”, disse à época o delegado Rodrigo Otávio Fagundes da Deav (Delegacia Especializada de Acidentes de Veículos).

“Mas, isso não elimina o condutor de, no momento de segurança, comunicar as autoridades e se apresentar em uma unidade policial”, acrescentou. Ainda de acordo com o delegado, o motorista tentou se livrar da responsabilidade pelo acidente.

“Ele ficou em estado de choque e ficou rodando pelo Buritis. Ele foi até um bar de um amigo e ficou sentado por um tempo. Depois, quando a gasolina estava acabando, ele encostou o carro, coincidentemente, ao lado de uma lanternagem. O que nos leva a crer que ele queria arrumar o veículo – que estava com a frente danificada – para se furtar das responsabilidades”, disse.

Com PCMG

Edição: Giovanna Fávero
Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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