[Na ponta da língua] Faixa pede “conciência crítica” à população de BH

Faixa afixada em esquina do bairro do Prado contém um erro de português grave

O autor (a) da faixa acima, até então desconhecido, “acertou” quando afirma que “o momento é de CONCIÊNCIA crítica”. Disso ninguém duvida ! Afinal, tal habilidade permite às pessoas que a têm tomar posições firmes diante dos dilemas da vida, fazer julgamentos precisos e dar opiniões claras quando necessário. Ademais, duvidar das aparências e querer descobrir a essência do que ocorre à nossa volta, ao levantar questões dos fatos é pensar criticamente. Contudo, ele falhou na correção do texto: a palavra Consciência foi grafada sem o S. O fato é que a faixa na rua Turqueza, na altura do número 75, na Região Oeste de Belo Horizonte, chama a atenção de quem passa pela região. Pedestres que por ali passam são quase unânimes em afirmar que a consciência crítica é fruto de uma rara combinação de conhecimento e sabedoria — duas coisas diferentes. Talvez, por isso, seja tão difícil de encontrá-la por aí.

Desvios estão por todo lado

O fato mencionado acima já virou uma espécie de “vício de linguagem” que se espalhou pelas ruas de Belo Horizonte.  Basta percorrer os principais corredores de trânsito e avenidas da cidade para perceber que muitos ainda se esquecem de utilizar a crase, não conferem a grafia correta de algumas palavras ou cometem inadequações na concordância. Apesar disso, é importante destacar que os vícios de linguagem cumprem função importante quando vistos pela linguística, a ciência que analisa a língua em seu uso no dia a dia. Sob tal ponto de vista, trata-se, na verdade, de inadequações. Embora não estejam de acordo com as regras normativas, esse tipo de equívoco serve para aperfeiçoar a comunicação falada. Logo, tem sua importância. Contudo, existem situações em que os vícios de linguagem não são admitidos. Daí entra a importância de se saber bem a gramática normativa, pois existem situações em que ela é necessária. Nas universidades, por exemplo, não dá para usar a linguagem informal em trabalhos acadêmicos. É preciso que as pessoas dominem as regras, desde a escola.

Bola Fora

A regra é clara: não se separa o sujeito do verbo com vírgula. A propaganda acima está circulando nas principais redes sociais do país e apresenta um deslize gramatical cometido por muitos estudantes: o uso de uma vírgula entre o sujeito e o predicado da oração. Entende-se por “sujeito” da oração a expressão que representa aquele ou aquilo de que se fala. Na prática, para encontrar o sujeito de uma oração, “pergunta-se” ao verbo “quem?” ou “quê?”. A resposta a uma dessas perguntas será o que se chama, na análise sintática, de “sujeito” da oração. O predicado, por sua vez, é aquilo que se declara sobre o sujeito. Uma oração é composta de sujeito e predicado. Do ponto de vista estilístico, para marcar uma pausa ou dar uma ênfase no verbo “respeita” é aceitável a utilização de tal sinal de pontuação.

Uma simples vírgula muda tudo

Os exemplos abaixo foram retirados das redes sociais e mostram o quão importante é a utilização correta da vírgula nas frases. Tal sinal de pontuação mantém estreita relação com a intencionalidade discursiva, ou seja, sua existência ou não depende muitas vezes da intencionalidade do falante. 

Christian Catão

Jornalista e professor de Língua Portuguesa e Produção de Texto. Já escreveu nos jornais “Diário da Tarde”, “O Tempo” e “Diário do Comércio”. Trabalhou, também, como repórter e colunista da Revista “Encontro”.  Atualmente, leciona na rede particular de educação e é mestrando na Faculdade de Educação da UFMG.  É autor da apostila “De olho no Enem” (teoria e exercícios) e ganhador do Prêmio Sinparc/Usiminas (2005) como melhor matéria jornalística “Falta de público e a crise no teatro mineiro” – Jornal “Diário da Tarde – Estado de Minas”. E-mail: christiansouza@hotmail. com  (031) 99697-9405

Marcelo

Marcelo Freitas é redador-chefe do Bhaz

SIGA O BHAZ NO INSTAGRAM!

O BHAZ está com uma conta nova no Instagram.

Vem seguir a gente e saber tudo o que rola em BH!