O Centro Regional de Referência à Juventude de Belo Horizonte recebeu, na manhã desta sexta-feira (19), a ilustre presença do membro da Academia Brasileira de Letras Ailton Krenak. No dia em que são celebrados os Povos Indígenas, o escritor palestrou sobre o livro “Ideias para adiar o fim do mundo”, que vai inspirar uma peça de teatro.
O encontro foi organizado pela Cia Circunstância, companhia circense de Belo Horizonte que completa 20 anos em 2024. Essa é a primeira ação do projeto “Carnavália”, que tem como objetivo realizar a montagem de um novo espetáculo de rua inspirado no livro de Krenak.
A palestra teve como mediadora a líder comunitária indígena Kawany Tamoyos, artista urbana, designer, ilustradora, comunicadora e que trabalha com imagens que subvertem estereótipos sobre o feminino e os povos indígenas, contando histórias decoloniais que inspiram coragem e força.
O espetáculo “Ideias para adiar o fim do mundo” estreia em julho e ainda em processo de montagem. A proposta é buscar o entendimento do que seria esse fim do mundo para cada um dos artistas envolvidos na peça.
“Amparados e motivados pela obra de Ailton Krenak, os artistas encontram na subjetividade dos seres envolvidos no processo artístico o embalo para uma nova inspiração, uma ou algumas novas ideias para o adiamento do fim do mundo. Um despertar. O passeio no universo particular dos seres. O encontro no outro. Um manifesto. Um novo espetáculo”, informa Bela Leite, coordenadora de produção do projeto.
Ailton Krenak
Ailton Alves Lacerda Krenak nasceu em Itabirinha de Mantena, Minas Gerais, em 1953. Escritor, pesquisador, ambientalista, filósofo, escritor, poeta e líder indígena, suas pesquisas e atuação vão de encontro com a luta dos povos indígenas e questões ambientalistas. É também professor Honoris Causa pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e pela Universidade de Brasília (UnB).
No dia 5 de abril deste ano, Ailton Krenak tornou-se o primeiro indígena a se tornar ‘imortal’ da Academia Brasileira de Letras (ABL), ocupando a cadeira número 5, que pertencia ao historiador José Murilo de Carvalho, morto em agosto de 2023.
Na eleição para a Academia, realizada em outubro de 2023, ele angariou 23 votos, vencendo a historiadora Mary Del Priore, com 12, e o indígena Daniel Munduruku, que obteve quatro votos. Segundo Ailton Krenak, “a eleição de um indígena para a ABL é um reconhecimento da diversidade cultural e linguística do Brasil, que possui mais de 200 etnias e cerca de 180 idiomas diferentes”.