PBH aciona Justiça para acabar com greve dos professores

professores da escola municipal estão emgreve
Professores estão em greve desde o dia 27 de fevereiro (Amanda Dias/BHAZ)

A PBH (Prefeitura de Belo Horizonte) acionou a Justiça nesta segunda-feira (2) pedindo a suspensão imediata da greve dos professores da rede municipal. O Executivo entende que a paralisação é “ilegal, abusiva e quebra do acordo o acordo assinado entre as partes, em novembro do ano passado”. Em nota (veja abaixo), o sindicato da categoria disse que a prefeitura tenta deslegitimar o movimento grevista.

Os professores estão em greve desde o dia 27 de fevereiro. Nesta segunda (2), após assembleia do Sind-Rede (Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Rede Pública Municipal de Belo Horizonte), os profissionais decidiram manter a paralisação por tempo indeterminado.

Entre as reivindicações, os professores cobram o reajuste salarial, conforme estabelecido pelo Piso Nacional da Educação que é de R$ 2.886,24. A prefeitura, no entanto, se debruça sobre o acordo entre as partes feito no ano passado. Segundo a PBH, no documento, a categoria concordou e encerrou as negociações para aumentos em 2019 e 2020, com reajuste de 7,2%, sendo duas parcelas, pagas em janeiro e dezembro de 2020, além do ganho de dois níveis na carreira do Professor da Educação Infantil.

“Ressaltando o compromisso com a responsabilidade fiscal, destacamos que não há qualquer margem para novas concessões além das já negociadas e acordadas. A Prefeitura cumpriu a sua parte do acordo e o projeto de lei com a correção inflacionária de 2019 e 2020 já foi votado em 1º turno na Câmara Municipal. Diante disso, o Município ajuizou, na data de hoje, uma ação civil pública com pedido liminar para suspensão imediata da greve”, diz a prefeitura.

Divergências

O sindicato afirma que 60% das escolas municipais aderiram ao movimento de greve. No entanto, a Smed (Secretaria Municipal de Educação) informa que das 323 escolas municipais, apenas quatro aderiram totalmente à paralisação, ou seja, 1%.

Nota do Sind-Rede

“Recebemos no início da noite hoje através da imprensa nota da Prefeitura informando que entrará na justiça contra a greve dos trabalhadores em Educação da Rede Municipal de Ensino de Belo Horizonte.

Informamos que não existe abusividade da greve, o acordo feito em novembro do ano passado está sendo cumprido por nós e até o momento a Prefeitura é que não cumpriu a parte dela.

No entanto, a motivação da greve é que em janeiro foi aprovado um reajuste de 12,84%, com este reajuste o valor do Piso Salarial para o nível Médio da Prefeitura fica abaixo dos valores estipulados pela Lei Federal.

O primeiro nível da Carreira da Educação em BH, caso projeto em tramitação na Câmara seja aprovado será de R$1.543,43. O Piso Nacional para Trabalhadores de Nível Médio para o primeiro nível na Carreira é de R$2.886,24, se considerar a proporcionalidade para 22h30m, jornada de trabalho da Rede Municipal de Ensino de Belo Horizonte, é de R$1.623,51.

O que reivindicamos é simplesmente o cumprimento da Lei do Piso Salarial Nacional Profissional da Educação.

Lamentamos a atitude da Prefeitura de tentar deslegitimar o movimento grevista dos trabalhadores em Educação. Esperamos a sensibilidade do Judiciário, faremos a discussão nos espaços pertinentes. Mas a decisão de início e fim de greve é exclusivamente da categoria.

Diretoria Colegiada Sind-REDE/BH”.

Nota da PBH

“A Prefeitura de Belo Horizonte entende que a greve liderada pelo Sind-Rede é ilegal, abusiva e quebra acordo assinado em novembro de 2019 (em anexo) pelos representantes do próprio sindicato e do governo.

No documento, a categoria concordou e encerrou as negociações para aumentos em 2019 e 2020, com reajuste de 7,2% (duas parcelas, pagas em janeiro e dezembro de 2020), além do ganho de dois níveis na carreira do Professor da Educação Infantil. 

Ressaltando o compromisso com a responsabilidade fiscal, destacamos que não há qualquer margem para novas concessões além das já negociadas e acordadas. A Prefeitura cumpriu a sua parte do acordo e o projeto de lei com a correção inflacionária de 2019 e 2020 já foi votado em 1º turno na Câmara Municipal.

Diante disso, o Município ajuizou, na data de hoje, uma ação civil pública com pedido liminar para suspensão imediata da greve.

Prefeitura paga acima do piso

A Lei Federal 11.378/08 estabeleceu o piso nacional da educação para o vencimento inicial das carreiras de magistério para a jornada de 40 horas semanais. Entretanto, o §3º do artigo 2º da lei federal estabelece que os vencimentos iniciais referentes às demais jornadas de trabalho serão, no mínimo, proporcionais ao valor mencionado no caput deste artigo. Assim, os valores pagos são proporcionais ao número de horas trabalhadas:

·         Piso Nacional 40 horas: R$ 2.886,24

·         Piso Nacional 22h30: R$ 1.623,51

Como em Belo Horizonte a carga horária é de 22h30, entende-se que o Município paga, proporcionalmente, valor superior ao do piso.

Professor da Educação Infantil – 22h30 de trabalho semanal

·         Janeiro – R$ 1.969,85 – 21% acima do piso 

·         Abril – R$ 2.171,76 – 34% acima do piso – aumento decorrente da concessão de mais dois níveis na carreira (conforme acordado com a categoria). 

·         Dezembro – R$ 2.243,42 – 38% acima do piso nacional (proporcionalizado de 22h30).  Esse valor será atingido com o segundo reajuste do ano (aumento geral concedido a todas as categorias).

Professor do Ensino Fundamental – 22h30 de trabalho semanal

·         Janeiro – R$ 2.394,36 – 47% acima do piso

·         Dezembro – R$ 2.473,37 – 52% acima do piso nacional (proporcionalizado de 22h30). Esse será o segundo reajuste do ano (aumento geral concedido a todas as categorias.

Destacamos que esse valor é pago para aqueles que acabam de ingressar na Prefeitura. Como os professores possuem Plano de Carreira, outros benefícios vão sendo adicionados à remuneração, conforme abaixo:

·         Progressão por escolaridade (adicional que varia de 5% a 10,25% no vencimento).

·         Progressão por mérito (adicional de 5% no vencimento a cada 1.095 dias de efetivo exercício).

·         Licença assiduidade ou férias-prêmio (concessão de 3 meses de licença ou pagamento em espécie a cada 5 anos de trabalho).

·         Quinquênio (concessão de adicional de 10% sobre o vencimento a cada 5 anos).

Dados de dezembro de 2019 indicam que 4.821 professores trabalham em dois turnos, tendo assim remuneração equivalente a até 45h semanais (30 horas em sala de aula e 15 horas em atividades extraclasse). Isso quer dizer que um professor que acaba de ingressar na carreira do Ensino Fundamental, por exemplo, e trabalha de manhã e à tarde, receberá R$ 4.788,72 para essa jornada”.

Rafael D'Oliveira[email protected]

Repórter do BHAZ desde janeiro de 2017. Formado em Jornalismo e com mais de cinco anos de experiência em coberturas políticas, econômicas e da editoria de Cidades. Pós-graduando em Poder Legislativo e Políticas Públicas na Escola Legislativa.

SIGA O BHAZ NO INSTAGRAM!

O BHAZ está com uma conta nova no Instagram.

Vem seguir a gente e saber tudo o que rola em BH!