PBH soltará milhares de mosquitos da dengue amanhã; entenda

mosquito da dengue
Mosquitos modificados devem se reproduzir e impedir circulação de vírus (WMP Brasil/Divulgação)

Mesmo em meio à pandemia de Covid-19, as doenças provocadas pelo Aedes aegypti seguem despertando preocupação nas autoridades de saúde. Para tentar conter a dengue, a zika e a chikungunya, a PBH (Prefeitura de Belo Horizonte) irá liberar mosquitos modificados com uma bactéria que impede que os vírus se desenvolvam dentro dos insetos.

A iniciativa é uma parceria da PBH com o Ministério da Saúde, a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e o WMP Brasil (World Mosquito Program). Ela terá início nesta segunda-feira (5), com a liberação dos mosquitos pela regional Venda Nova. Os bairros Copacabana, Jardim Leblon e Piratininga serão os primeiros a receber os mosquitos modificados.

A liberação dos mosquitos faz parte da estratégia do Método Wolbachia, iniciativa do WMP, conduzida no país pela Fiocruz, com apoio financeiro do Ministério da Saúde, e que utiliza a bactéria Wolbachia para o controle de arboviroses, doenças que são transmitidas por mosquitos.

Na capital mineira, a PBH construiu com recursos próprios uma biofábrica para a produção dos Aedes aegypti com Wolbachia, o que proporcionará maior sustentabilidade para o projeto na cidade, sendo o primeiro município do mundo a dispor desta estrutura própria.

Wolbachia

O Método Wolbachia tem eficácia comprovada. Um Estudo Clínico Controlado Randomizado (RCT, sigla em inglês), realizado em Yogyakarta, Indonésia, aponta uma redução de 77% na incidência de dengue em áreas tratadas com Wolbachia em comparação com áreas não tratadas.

A Wolbachia é um microrganismo intracelular presente em 60% dos insetos da natureza, mas que não estava presente no Aedes aegypti, e foi introduzida por pesquisadores do WMP, iniciativa global sem fins-lucrativos que trabalha para proteger a comunidade global das doenças transmitidas por mosquitos. 

Quando presente no Aedes aegypti, a Wolbachia impede que os vírus da dengue, zika, chikungunya e febre amarela se desenvolvam dentro do inseto, contribuindo para a redução destas doenças. Não existe modificação genética neste processo.

O Método Wolbachia consiste na liberação de Aedes aegypti com Wolbachia para que se reproduzam com os Aedes aegypti locais e seja estabelecida uma população destes mosquitos, todos com Wolbachia.

Mosquitos modificados introduzem mudança e impedem proliferação de vírus
(Divulgação/Fiocruz)

Método Wolbachia em BH

Em Belo Horizonte serão realizadas duas ações relacionadas ao Método Wolbachia: com início da soltura amanhã (5), três áreas de abrangência da Regional Venda Nova e um estudo clínico randomizado controlado (Randomized Clinical Trial, RCT) que cobrirá outras regionais, em uma área onde vivem cerca de 400 mil pessoas. 

Até o final do ano serão atendidos os demais bairros que estão contemplados no estudo clínico. O RCT é um estudo complementar ao trabalho de implementação do Método Wolbachia e será conduzido por uma equipe da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).

Para viabilizar a chegada do Método Wolbachia na capital, a PBH construiu uma biofábrica no bairro São Francisco, além de contar com um programa municipal de controle que atende a todos os requisitos do Ministério da Saúde. O espaço tem aproximadamente 250 metros quadrados e abriga a equipe do WMP Brasil/Fiocruz e da prefeitura responsável pela produção dos Aedes aegypti com Wolbachia. Para esta primeira etapa de liberações, a produção esperada é de cerca de 275 mil mosquitos por semana. 

O Método Wolbachia é complementar às demais ações de controle das arboviroses realizadas pela prefeitura. A população deve continuar a realizar as ações de combate à dengue, zika e chikungunya que já realizam em suas casas e estabelecimentos comerciais.

Com Agência Fiocruz

Roberth Costa[email protected]

De estagiário a redator, produtor, repórter e, desde 2021, coordenador da equipe de redação do BHAZ. Participou do processo de criação do portal em 2012; são 11 anos de aprendizado contínuo. Formado em Publicidade e Propaganda e aventureiro do ‘DDJ’ (Data Driven Journalism). Junto da equipe acumula 10 premiações por reportagens com o ‘DNA’ do BHAZ.

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