Mãe é ameaçada por policial ao praticar corrida com a filha na Lagoa da Pampulha: ‘Traumatizada’

Mãe faz atividade com filha de 8 meses
Jornalista faz atividades com a filha desde o primeiro mês (@casalqueelepedalaeelacorre/Instagram/Reprodução)

Uma jornalista de 33 anos enfrentou uma “saia justa”, por duas vezes, enquanto realizava atividades físicas com a filha de 8 meses nas proximidades da Lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte. A mulher foi acusada por uma policial militar de cometer o crime de abuso contra menor.

Daiane Fernandes pratica exercícios com a filha desde o primeiro mês de vida da bebê, mas foi surpreendida por uma policial, pela primeira vez, durante a corrida matinal dessa segunda-feira (2).

“Estava próxima do zoológico quando policiais me abordaram e uma militar desceu da viatura dizendo que eu estava cometendo o crime de abuso contra menor, pois corria com minha filha na chuva”.

A mãe relembra que estava ofegante, visto que corria e acabou falando com voz alta para justificar a atividade física e mostrar que a filha estava em segurança.

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“Ela falou pra eu ‘maneirar o tom’, pedi desculpas e falei que minha filha estava segura. Mostrei os equipamentos de segurança e que ela usava uma capa de chuva. A PM falou que ela estava sufocada e mostrei que não”.

Os equipamentos usados por Daiane são de marcas internacionais e, segundo a mãe, referência para a prática de atividades físicas com os pequenos. Os produtos têm a autenticação do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia).

‘Você vai perder a guarda’

Durante a abordagem, a jornalista foi informada de que poderia até perder a guarda da filha por levá-la para as atividades, já que estava “expondo” a criança. “A policial disse que eu seria denunciada no Conselho Tutelar e que perderia a guarda da criança”.

Apesar de ter sido repreendida, mas não ser conduzida para nenhuma delegacia, Daiane ficou assustada. “Meu marido teve que me buscar no lugar onde treino. Fiquei traumatizada e sequer conseguia dirigir”.

Apesar do que passou, a mãe voltou para a Pampulha na manhã desta terça-feira (3) e, novamente, foi parada pela mesma policial. “Desta vez estava perto da Toca da Raposa. Quando ela me viu já balançou a cabeça de forma negativa e acenei. Ela parou a viatura e disse que consultou uma conselheira tutelar”.

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De acordo com o relato de Daiane, a policial disse ter sido orientada a prendê-la por ter cometido um crime. Mesmo com a “orientação”, a PM resolveu não conduzir a jornalista, pois, segundo a militar, estaria “expondo a criança”. “Depois de dizer isso, ela entrou na viatura e arrancou com o carro”.

‘Jamais vou prejudicar meus filhos’

Daiane reafirma que usa os equipamentos para garantir a segurança da criança. “Jamais vou prejudicar meus filhos. Nós cuidamos de nós, mas em primeiro lugar colocamos a segurança deles. O carrinho que compramos para a minha filha poder ir nas atividades custa cerca de R$ 4 mil”.

Além da corrida, a bebê acompanha os pais e o irmão no ciclismo e o próximo esporte será a natação. “Ela gosta de nos acompanhar. Mesmo ela não sabendo falar, quando está incomodada, chora e dá outros sinais”, disse Daiane.

‘Não tem problema algum’

O BHAZ conversou com a pediatra Juliana Franco para saber se a prática de exercícios com as crianças colocam em risco a saúde dos pequenos. A médica ressaltou que não há problema.

“Se a criança estiver no carrinho com o cinto de segurança, não tem problema algum. Os carros próprios para corrida têm amortecedores e isso também ajuda com que as mães não tenham lesões”.

Além da corrida, a pediatra destaca que não há contra indicação para a prática esportiva. “Tanto no carrinho ou na bicicleta não há problema os pais levarem os filhos”.

Quem também não vê problemas na atividade praticada por Denise junto à filha é o advogado Ronner Botelho. Segundo ele, a mãe é a melhor pessoa para definir o “senso de proteção da criança”. Para ele Daiane não cometeu crime algum, como a militar informou.

“Se a bebê estava com equipamentos de segurança não vejo problemas. Até por que ninguém melhor do que a mãe para saber ofertar segurança para o filho. Não vejo prática de crime nesse caso”, disse.

‘Eu tomava a mesma atitude’

O major Flávio Santiago, porta-voz da Polícia Militar, disse à reportagem que a policial teve tal atitude visando assegurar a segurança da criança. Ele afirmou que se estivesse no lugar da militar faria a abordagem.

“Eu teria tomado a mesma atitude, em virtude de proteção social. A PM estará sempre presente para avaliar perigos momentâneos. Se a militar entendeu que a corrida poderia trazer malefícios para a bebê foi correto em abordar”.

A mãe da criança procurou a Corregedoria e fez uma manifestação contra a militar. “Desejo que esta policial reveja as suas atitudes e não coloque mais pessoas em situação de constrangimento. Que ela apenas cumpra o que lhe compete enquanto profissional”, concluiu.

Vitor Fórneas[email protected]

Repórter do BHAZ de maio de 2017 a dezembro de 2021. Jornalista graduado pelo UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) e com atuação focada nas editorias de Cidades e Política. Teve reportagens agraciadas nos prêmios CDL (2018, 2019 e 2020), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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