Por que filhotinhos tomam sol nas costas de jacaré adulto na Lagoa da Pampulha?

jacarés na lagoa da pampulha
(Pedro Henrique Tunes/Divulgação)

Uma foto curiosa de um jacaré com seus filhotes tomando sol na lagoa da Pampulha viralizou nessa quarta-feira (29). O fotógrafo da Prefeitura de Belo Horizonte, Antônio Rodrigues, é o responsável pelo registro. Na imagem, é possível ver que o jacaré tinha 11 filhotes em cima dele, todos muito bem acomodados.

Ao BHAZ, a bióloga especialista em saúde pública Daniela Santos explicou que a espécie fotografada era o jacaré-do-papo-amarelo (Caiman latirostris), muito comum na região. “No caso, a gente está em uma situação de frio. Eles estão ali tentando pegar um sol, já que o jacaré não tem sangue quente como os mamíferos. Por causa dessas temperaturas baixas eles vem para a superfície para se aquecer com o sol”, explica. Ela ainda especula a idade dos filhotes, levando em consideração que a espécie costuma eclodir os ovos em abril, os pequeninos devem ter por volta de 2 meses de vida.

Segundo a bióloga, quando os animais colocam os ovos, costumam usar a vegetação nas margens ou no centro da lagoa como abrigo. As fêmeas colocam uma média de 15 a 50 ovos, porém nem todos chegam a nascer por causa dos predadores naturais da espécie. Após a eclosão, eles ganham independência com o tempo. O divulgador científico e biológo Pedro Henrique Tunes também flagrou o jacaré com filhotes nas costas, na segunda-feira (27). Ele compartilhou os registros nas redes sociais.

Sobre o montinho de filhotes nas costas do animal adulto, Daniela explica que é uma estratégia de proteção. “Estar junto dos pais em um momento desses é estratégia de sobrevivência da própria espécie contra predadores. Estar no gramado cria independência, mas naquele momento que foi registrado [eles] poderiam estar próximos do ninho e por acaso o fotógrafo registrou eles se aquecendo no sol”, diz.

Lagoa da Pampulha

A bióloga ainda explica que o ambiente urbano da lagoa não é o ideal para a espécie, mas também não a prejudica. “O lugar deles não é ali, mas eles foram colocados por alguém. A lagoa pelo espaço que ela tem, pela quantidade de outros animais que eles se alimentam, faz com que eles consigam sobreviver”, conta.

O ambiente não seria mais viável caso a população de jacarés crescesse muito ou a fonte de comida dos animais começasse a se esgotar. De acordo com a especialista, enquanto houver oferta de alimento e capacidade de abrigo os animais estarão bem.

A bióloga ainda conta que as chances dos animais atacarem humanos é muito baixa e nunca houve registro na capital mineira desse tipo de incidente. “Risco por enquanto não porque eles tem oferta de alimento, animais, peixes, mamíferos e moluscos. O comportamento dele é bem diferente em relação ao crocodilo, ele é menos agressivo”, afirma.

Além disso, o crescimento da população de jacarés é um indicativo da melhora da poluição da lagoa. “Ela está em um processo de tratamento. Mas por você ter esses animais sobrevivendo e reproduzindo, indica que ela não oferece risco à saúde deles. Mas como eles encontraram um meio de reprodução significa que o percentual de poluição não afeta”, conclui Daniela Santos.

A Prefeitura de Belo Horizonte também informou que mantém o monitoramento dos jacarés presentes na Lagoa da Pampulha. Até o momento, foram identificados 20 animais adultos e 11 filhotes na bacia. Trata-se de uma população que cresce lentamente devido à baixa taxa de reprodução e ao fato de estas espécies, quando filhotes, serem uma fácil presa para aves de grande porte.

Edição: Roberth Costa
Giulia Di Napoli[email protected]

Estudante de Jornalismo na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

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