Alerta: BH pode sofrer racionamento de água a partir de junho de 2020

Henrique Coelho/BHAZ + Amanda Dias/BHAZ

A situação do abastecimento de água em Belo Horizonte é alarmante. Para evitar que falte água na capital a partir de junho do ano que vem, será necessário um período chuvoso idêntico ao dos anos de 2013 e 14 e, também, que as obras de captação do Rio Paraopeba, atingido pela lama de rejeitos da Vale, em janeiro deste ano, sejam aceleradas.

A CPI das Barragens, instaurada na Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH), que apura os impactos da mineração e da tragédia no abastecimento da capital, estima que cerca de 4,5 milhões de moradores da cidade e região metropolitana terão que conviver com racionamento de água potável. 

A informação foi passada, nesta quinta-feira (4), aos vereadores Bella Gonçalves (Psol), Wesley Autoescola (PRP), Irlan Melo (PR) e Edmar Branco (Avante). 

“Desde o rompimento da barragem de Brumadinho, estamos abastecendo toda a região sem nenhum prejuízo, mas sem outro ponto de captação. Passamos de 10,7 mil litros por segundo para 7,3 mil litros por segundo de captação na Bacia do Paraopeba. Nossa média de captação é de 15 mil litros se somarmos os sistemas Paraopeba e Rio das Velhas”, explicou o diretor de Operações Metropolitanas da Copasa, Rômulo Tomaz Perilli.

Ainda segundo Rômulo, a Copasa tem um total de 500 mil metros cúbicos de águas tratadas e 250 milhões metros cúbicos de água bruta em reservatórios, volume que pode diminuir muito se a captação do Paraopeba não voltar a ser feita.

“Em maio do ano passado estávamos com 77% dos nossos reservatórios que abastecem a região metropolitana cheios. Em maio deste ano estávamos com 74%. No final de 2020 podemos chegar ao volume morto dos reservatórios, que é quando a água fica abaixo das comportas e a sua captação fica bem mais complicada de ser feita, caso a situação de 2013/2014 de poucas chuvas se repita”, explicou o diretor.

Além do problema, outras barragens ameaçam o abastecimento de mais da metade da cidade, em caso de um novo rompimento. Caso as barragens Forquilha I e III, localizadas na Mina de Fábrica, em Ouro Preto entrem em colapso, 51% da cidade fica sem água potável.

Obras de captação

Segundo os diretores da Copasa, a Vale, responsável pela construção da nova estação de captação de água no Rio Paraopeba, garantiu que tudo estará pronto e funcionando em setembro de 2020. No entanto, a Copasa tem negociado para que, mesmo de forma provisória, a captação comece a ser feita em junho. “Mesmo que a obra não esteja totalmente concluída, podemos começar o bombeamento em junho.

Estamos nos reunindo para que tudo seja feito com urgência, inclusive retirando empecilhos burocráticos. A captação nova pode ser construída até o ano que vem. O cronograma está em dia e pode ser cumprido. Apesar de não ter visualmente obras no local, estamos adiantados com o projeto e levantamento topográfico. Acredito que até o final deste mês teremos tudo pronto para dar início à obra física”, explicou Rômulo Tomaz.

O novo ponto de captação de água do Rio Paraopeba será construído a 12 quilômetros da estação atual, que custou aos cofres públicos R$ 128 milhões. Apesar de todo o problema ocorrido com o rompimento da barragem de Brumadinho, a nova estação de captação também pode ser afetada caso haja rompimento da barragem Casa de Pedra, de responsabilidade da Companhia Siderúrgica Nacional, em Congonhas. A barragem afetaria a nascente do rio, localizada pouco acima do município de Congonhas.

Rio das Velhas

Outro problema que está sendo tratado pelos vereadores que integram a CPI é o risco de rompimento de barragens da Vale em Macacos e Ouro Preto, o que afetaria diretamente o Rio das Velhas, responsável por parte do abastecimento dos municípios da Grande BH.

Segundo Rômulo Tomaz, além da nova captação no Paraopeba, a Vale também está construindo uma barreira metálica para proteger a bacia do Rio das Velhas, evitando prejuízos ao meio ambiente e ao abastecimento de água. Segundo ele, uma eventual tragédia que afete o Rio das Velhas traria prejuízos ainda maiores para toda a população. “Se suspender a captação no Rio das Velhas, o racionamento seria imediato. Seria algo como um dia com água e três sem água sendo que em algumas regiões não teria água em momento nenhum. Mas esta é uma situação extrema e não vamos deixar acontecer”, afirmou.

Ameaça

A Vale pretende construir, a partir do ano que vem, um muro de contenção de rejeitos a 11 quilômetros abaixo das barragens Forquilha I e III, localizadas na Mina de Fábrica, em Ouro Preto.

As estruturas de Forquilha I e III, juntas, têm mais de 35 milhões de metros cúbicos de rejeitos e ambas são à montante, mesmo método de construção que causou mortes em Brumadinho e Mariana. Em caso de rompimento, os rejeitos atingiriam o Rio das Velhas e, consequentemente, a estação de captação de Bela Fama, responsável por 51% do abastecimento de água da capital.

A estrutura para conter os rejeitos terá 70 metros de altura e será instalada a uma distância que dê tempo para que os trabalhadores saiam do local em caso de rompimento das barragens. Neste caso, o período seria de 40 minutos até que a lama atingisse o muro.

Prefeito será acionado

Segundo o presidente da CPI das Barragens, vereador Edmar Branco, os integrantes da CPI vão avaliar todo o material recebido até agora para definir encaminhamentos. Ainda segundo o vereador, algumas demandas serão encaminhadas ao prefeito, para que o Executivo também atue junto aos órgãos e empresas responsáveis pelo abastecimento de água em Belo Horizonte.

Com informações da CMBH

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