Atualização às 11:56 do dia 09/05/2024 : Esta matéria foi atualizada para incluir o posicionamento do Verdemar, enviado após a publicação.
Um relatório apresentado pelo superintendente regional do Trabalho de Minas Gerais, Carlos Calazans, nessa quarta-feira (8), aponta diversas falhas na obra do supermercado Verdemar, no bairro Belvedere, região Centro-Sul de Belo Horizonte. Em outubro do ano passado, cinco trabalhadores foram soterrados no local e quatro deles morreram.
Familiares das vítimas e representantes do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção de BH e Região estiveram presentes na apresentação do documento, que aponta negligência na condução da obra.
Ao BHAZ, Carlos Salazans disse que a construção não contava com nenhuma proteção para evitar o desmoronamento de terra.
“Se você abre um buraco, ou o que nós chamamos de tubulão, para evitar que as pessoas caiam nesses buracos ou que haja desmoronamento, deslocamento de pedras, você tem que colocar proteção nesses locais. Isso não tinha na obra”, disse.
“Abertura de tubulões sem guarda-corpo, sem proteção. Corte de terreno sem proteção e, principalmente, o que levou ao acidente fatal das quatro pessoas da obra: ao cortar o talude, você precisa colocar escoramentos, e eles não existiam”, acrescentou o superintendente.
Falta de treinamento e equipamentos
O relatório também destaca que não houve treinamento adequado dos profissionais da obra, além de falta de equipamentos de proteção individual. “Nós apontamos mais de 60 autos de infração na obra. Isso demonstra que quem estava tocando a obra deixou muito a desejar. O acidente não foi por acaso, houve uma negligência”, observou.
O documento foi entregue aos familiares das vítimas e também será encaminhado ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) para que o caso ganhe andamento judicial. Salazans acrescenta, ainda, que o resultado do relatório deve servir como material para que outros acidentes em obras sejam evitados.
“Na semana que vem já vou convocar o setor da construção civil todo para que a gente encaminhe a conclusão do relatório, para que esse fato não aconteça mais. Eu quero que esses acidentes que acontecem sirvam como um modelo para que outros não aconteçam”, finalizou.
Ao BHAZ, o Verdemar disse que “não teve conhecimento do teor do referido documento nem foi informada quanto à sua divulgação”. A empresa acrescenta, ainda, “que enquanto proprietária do empreendimento e contratante dos serviços de construção da obra, sempre zelou pelos cuidados inerentes às suas responsabilidades” (leia na íntegra abaixo).
Relembre o acidente
Em 17 de outubro do ano passado, quatro pessoas morreram soterradas em uma obra do supermercado Verdemar, no bairro Belvedere.
Os operários Rafael Pereira Barbosa, de 35 anos, Zacarias Evangelista Fonseca, de 59 anos, e Roberto Mauro da Silva, de 55 anos, além da engenheira Juliana Angélica Menezes Veloso, de 30 anos trabalhavam no momento do acidente.
Na época, a Defesa Civil de Belo Horizonte informou que a obra estava regular e com alvará ativo. Ela foi suspensa temporariamente e depois retomada.
Nota do Verdemar na íntegra
A VILA BELVEDERE EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS, considerando as notícias veiculadas pela imprensa, que informam quanto à divulgação, pela Secretaria Regional de Trabalho em Minas Gerais, de “relatório de inspeção” referente ao acidente ocorrido em obra de empreendimento comercial de sua propriedade e executada pela construtora KAENG, informa (i) que não teve conhecimento do teor do referido documento nem foi informada quanto à sua divulgação; (ii) que enquanto proprietária do empreendimento e contratante dos serviços de construção da obra, sempre zelou pelos cuidados inerentes às suas responsabilidades; (iii) que, pelo apurado até o momento, ainda não é possível determinar as causas do infeliz acidente, sendo inapropriadas as conclusões veiculadas; (iv) que o Supermercado Verdemar é uma das lojas que comporá o empreendimento comercial em construção no local não possuindo responsabilidade pela execução da obra; e, por fim, (iv) que manifestará quanto ao referido “relatório de inspeção” quando e se intimada do seu teor, nos foros adequados.
