Reitora da UFMG explica novo vestibular que pode ser implementado ano que vem

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A UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) avalia implementar um vestibular próprio para o acesso aos cursos de graduação em 2024 (Amanda Dias/BHAZ)

A UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) avalia implementar um vestibular próprio para o acesso aos cursos de graduação em 2024. O processo seletivo, que ainda está sendo debatido entre a comunidade acadêmica, seria aplicado de forma paralela ao Sisu (Sistema de Seleção Unificada), que atualmente é a única porta de entrada à universidade.

Em conversa com o BHAZ nesta quarta-feira (22), a reitora Sandra Goulart, disse que o novo vestibular seria aplicado de forma seriada, ou seja, os estudantes realizariam uma prova ao final de cada ano do Ensino Médio. O objetivo de retomar o vestibular próprio, segundo ela, seria aproximar a UFMG à realidade de ensino dos candidatos que ainda estão na escola.

“O Sisu tem um papel muito importante e a gente não está pensando em sair dele, mas avaliamos que seria importante a UFMG se aproximar mais do Ensino Médio e pensar outras formas de seleção que nos permita, de uma certa forma, acompanhar esses alunos. Nós distanciamos muito, antigamente a gente ia até as escolas dar orientação, direcionava os livros para a leitura. Esse contrato a gente perdeu”, explica ela.

Até 2013, a UFMG preparava e aplicava seus próprios vestibulares. A partir de 2011, a primeira etapa da seleção foi substituída pelo Enem. Em 2014, a universidade aderiu ao Sisu, exceção feita para cursos que demandam processos seletivos específicos, como os do campo das artes e três cursos de licenciatura.

Caso seja implementado, o vestibular da UFMG ficaria com determinada porcentagem de vagas que, atualmente, são preenchidas pelo Sisu.

Nesta quarta-feira (22), o processo seletivo está sendo debatido pela comunidade da UFMG na segunda de quatro audiências públicas que estão previstas para acontecerem. Ele ainda precisa ser aprovado pela Câmara de Graduação, pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão e pelo Conselho Universitário para ser implementado.

Audiência foi realizada na Faculdade de Medicina da UFMG (Asafe Alcântara/BHAZ)

Seleção e política de cotas

A expectativa é que, caso seja aprovado, o novo sistema entre em vigor a partir de dezembro de 2024, para alunos do primeiro ano do Ensino Médio. Dessa forma, os primeiros estudantes selecionados ingressariam na UFMG no primeiro período letivo de 2027 após realizarem as três provas.

Esse tipo de vestibular já é aplicado em outras universidades públicas, como o Pism (Programa de Ingresso Seletivo Misto) da Universidade Federal de Juiz de Fora. Sandra avalia que as experiências positivas que outras instituições tiveram com o processo seletivo seriado foi crucial para fundamentar essa discussão na UFMG.

“Na nossa avaliação essa seria mais uma possibilidade para o estudante. Ele pode tentar o processo seriado ao longo do Ensino Médio ou pode simplesmente fazer o Enem normalmente. Essa experiência do Sisu é importante, mas também acreditamos que a universidade deva estreitar os seus laços com educação básica”, declarou a reitora.

Ainda de acordo com Sandra Goulart, a política de cotas do vestibular adotaria os mesmos critérios que hoje estão em vigor pelo Sisu. Desse modo, uma parcela das vagas seria destinado a pessoas com deficiência, autodeclarados pretos, pardos ou indígenas, quilombolas, estudantes de escolas públicas e de baixa renda.

“Nós acreditamos muito na lei de cotas e na capacidade de melhoria de vida das pessoas por meio da educação. Algo que nós temos observado é a dificuldade do estudante da educação pública chegar à universidade. Nós esperamos que com esse movimento a gente também se aproxime da escola pública e ajude a melhorar a qualidade desse ensino”, finalizou.

Edição: Lucas Negrisoli
Larissa Reis[email protected]

Graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Vencedora do 13° Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, idealizado pelo Instituto Vladimir Herzog. Também participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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