A UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) segue na tentativa de impedir que a Stock Car, prevista para agosto, seja realizada na Pampulha, em Belo Horizonte. Nesta quinta-feira (7), a instituição protocolou representações para os ministérios públicos estadual e federal. O BHAZ acompanha cada passo do imbróglio e conversou com a reitora da UFMG, Sandra Goulart, para entender as medidas tomadas mais cedo.
Um argumento utilizado é de que não houve diálogo entre organizadores, poder público municipal, UFMG e a comunidade universitária. A reitora conta que ficou sabendo da realização do evento por meio da mídia.
A falta de comunicação entre a organização do evento e a UFMG seria um dos principais motivos para que um desacordo entre as partes se tornasse público. Mas, Sandra ainda enfatiza o que considera um problema maior.
“É uma falta de respeito com a UFMG. O Mineirão está dentro da UFMG, bem no meio. Então como você organiza algo dessa natureza, por um período tão longo, sem conversar com os mais interessados. Eu achei que faltou respeito com a UFMG e com o que ela [a instituição] representa para Belo Horizonte”.
A reitora faz uma comparação com a postura adotada pelos organizadores da Copa do Mundo em 2014, quando BH sediou algumas partidas. “A UFMG participou de todas as comissões desde o início. Era ativa e tinha representantes nos comitês”, diz.
Reitora aponta problemas
De acordo com a representante da Universidade, cerca de 40% da arrecadação de BH é oriunda da instituição. Justamente por ter posição de extrema relevância em BH, Sandra explica que não é contra a realização da Stock Car.
Porém, o evento precisa ser realizado em um local, segundo ela, mais apropriado. Essa justificativa é sustentada por diversos impactos que seriam gerados com a realização da corrida na Pampulha.
“Eles vão bloquear a única entrada do Hospital Veterinário da UFMG. Isso é muito preocupante. Além disso, na avenida Rei Pelé, nós temos a única entrada de estacionamento para o Instituto de Ciências Biológicas, ou seja, já são dois problemas de acesso”.
“Além disso, temos o Biotério, um espaço de criação de animais para pesquisa. E eles têm que ser criados em certas condições para que a gente possa fazer as pesquisas. Isso fora a comunidade ecológica, já que têm muitos animais que sofrem com os barulhos”, finaliza.
Para tentar alterar o local de realização da Stock Car, Sandra encaminhou hoje (7) um ofício ao procurador-geral de Justiça de Minas Gerais, Jarbas Soares Júnior, e ao procurador da República, Carlos Bruno Ferreira da Silva.
Em nota ao BHAZ, a organização da Stock Car explica que a reitora Sandra Goulart recebeu responsáveis pela realização do evento e que ela foi informada de todo o projeto. O encontro ocorreu em 16 de janeiro. Veja a nota na íntegra abaixo.
A reportagem procurou também a Prefeitura de Belo Horizonte para entender sobre as reclamações feitas por parte da UFMG e aguarda retorno. O texto será atualizado tão logo as respostas sejam recebidas.
Nota da Stock Car na íntegra
“No dia 16 de janeiro de 2024, a reitora da Universidade Federal de Minas Gerais, Sandra Regina Goulart Almeida, recebeu os responsáveis pela realização do evento quando, em audiência na própria reitoria da UFMG, foi cientificada de todo o projeto bem como das soluções ambientais e acústicas previstas para a sua implantação.
Diante da proximidade de cerca de 80 metros de parte do circuito à área do Hospital Veterinário da UFMG, os organizadores ofereceram como solução para o impacto sonoro gerado pelos carros a construção de barreiras acústicas.
As barreiras acústicas, utilizadas em larga escala em auto-estradas ao redor do mundo, serão um legado oferecido pelo BH Stock Festival à comunidade de Belo Horizonte. Elas poderão permanecer instaladas de forma definitiva no local que, historicamente, recebe inúmeros jogos de futebol, shows, buzinaços, blocos carnavalescos, etc”.
