[Retrospectiva 2017] Ataque em escola e polêmica em exposição foram alguns fatos marcantes

Exposição de Pedro Moraleida foi alvo de crítica por parte de conservadores

Relembrar tudo que aconteceu durante o ano não é tarefa das mais fáceis. No entanto, algumas são difíceis de serem esquecidas devido a inúmeros fatores: número de pessoas afetadas e o próprio fato em si, entre outros. Por isso, o Bhaz separou alguns fatos que movimentaram Belo Horizonte e Minas Gerais em 2017.

Retirada dos camelôs

Em um dos momentos mais tensos vividos pela população de Belo Horizonte a retirada dos camelôs das ruas do hipercentro da capital mineira causou manifestações e medo em comerciantes. A decisão do prefeito Alexandre Kalil (PHS) em transferir as pessoas que comercializavam produtos nas ruas para boxes de shoppings populares dividiu os camelôs.

Enquanto uns achavam válida a atitude do prefeito, outros viam como inviável a mudança. Estando eles satisfeitos ou não, a prefeitura realizou a retirada. Um sorteio foi realizado para definir para qual shopping popular os ambulantes cadastrados seriam encaminhados.

Como forma de repudiar a ação do Executivo, manifestações foram realizadas sucessivamente. Ambulantes foram para a porta da Prefeitura de BH cobrar um posicionamento, mas nada que impedisse a retirada, medida que, como disse Alexandre Kalil, era “definitiva e sem volta”.

Nos confrontos entre camelôs e a Polícia Militar, a PM precisou utilizar bombas de efeito moral e jatos de água para conter os ânimos mais exaltados.

Artur Almeida

A viagem que tinha como objetivo o descanso terminou de forma trágica para o jornalista e apresentador do jornal MG TV 1ª edição da Rede Globo Artur Almeida. Enquanto estava em Portugal, o jornalista sofreu uma parada cardiorrespiratória e morreu.

O fato, que aconteceu em julho, comoveu colegas de trabalho e o público, que admirava o trabalho do jornalista, que há mais de 20 anos trabalhava na emissora. Além de apresentador, Artur era editor-chefe do jornal. Ele deixou a mulher e três filhas.

Prefeita presa

Desvio da verba destinada à saúde. Isso foi feito de acordo com as investigações da Polícia Civil de Minas Gerais, pela ex-prefeita de Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, Roseli Ferreira Pimentel (PSB) para matar o jornalista Maurício Campos Rosa.

Roseli foi presa por ter ordenado a execução do profissional da comunicação, que era proprietário do jornal “O Grito”. Conforme investigação da Polícia, a prefeita teria ordenado o crime após ter sido chantageada pela vítima. Maurício, que era aliado de Roseli, ameaçou inverter a linha editorial do jornal, divulgando críticas à gestão da então candidata ao cargo de prefeita.

Tragédia em Janaúba

O ataque a uma creche em Janaúba, no Norte de Minas, ocorreu no dia 5 de outubro. O vigilante noturno Damião Soares dos Santos, de 50 anos, que trabalhava na creche, ateou fogo em si mesmo, em uma professora e em diversas crianças.

O acontecimento comoveu todo Brasil que, por dias, acompanhou a situação. No local, morreram quatro crianças; outras dezenas ficaram feridas. Nos dias que se seguiram, morreram outras cinco crianças, as professoras Heley de Abreu e Jéssica Morgana, a auxiliar Geni Oliveira, e o próprio agressor. No total, foram treze mortos.

O governador Fernando Pimentel (PT) decretou luto oficial de três dias e determinou que todas as forças de segurança e de saúde do Estado trabalhassem no atendimento às vítimas e na investigação. Também foi criado um posto de comando emergencial na cidade.

Michel Temer (PMDB) também se pronunciou e enviou solidariedade às famílias, além de liberar R$ 8,7 milhões para a reconstrução da creche incendiada e para a construção de outras duas instituições de ensino na cidade.

Falsa denúncia

O mês de junho ficou marcado pelo caso da estudante universitária Jamille Stephanie Sales Azevedo, 22 anos, que relatou uma tentativa de roubo da sua filha entre Ribeirão Vermelho e Perdões (MG). A autora fez um desabafo nas redes sociais sobre a suposta tentativa de sequestro de sua filha.

Na postagem, ela denunciava ter sido vítima de racismo por parte de uma mulher que teria tentado roubar sua filha durante a parada de viagem entre São Paulo e Belo Horizonte. No texto, Jamile, que é negra, contou que a mulher dizia ser a mãe da criança, que é branca.

Mas, no fim das contas a polícia concluiu o inquérito que apontava a falsa denúncia. Com isso, Jamille pode ser condenada por crime de denunciação caluniosa, que é o ato de atribuir a alguém a prática de um crime, sabendo que ele é falso. A pena varia de dois a oito anos de prisão.

Crise no pagamento de servidores

O servidor estadual passou por momentos difíceis no decorrer do ano. A crise financeira pela qual passa o país afetou os governos estaduais e acabou resultando no atraso dos pagamentos de salário aos servidores.

Muitos deles tiveram os vencimentos parcelados e, com a chegada do fim do ano, nada da gratificação natalina, popularmente conhecido como 13º salário. Isso gerou paralisação dos serviços e diversas reuniões entre servidores e governo.

Profissionais da segurança e alguns da saúde conseguiram receber parte do valor ainda em dezembro. Porém, outras categorias, como a da educação, sequer tiveram posicionamento sobre como ficaria a situação. Por conta disso, o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG) manifestou contrário à ação do governo, que prometeu pagar a primeira parcela somente em janeiro de 2018, finalizando em abril.

Arte vira “polêmica”

Performance de um artista nu no Museu de Arte Moderna (MAM), no Ibirapuera, Zona Sul de São Paulo, gerou polêmica nas redes sociais. Um vídeo que viralizou no Facebook mostrava quando uma criança de aproximadamente quatro anos toca no pé do artista, que estava nu.

No museu, havia sinalização sobre a nudez na sala onde a performance ocorria. Porém, a mãe da criança não viu problema algum da filha ver a apresentação artística e entrou no local acompanhada da filha.

Isso foi suficiente para gerar maior polêmica na internet. O Movimento Brasil Livre (MBL) e outros de direita falaram em crime. Os comentários de internautas acusaram o museu de “incentivo à pedofilia”, conforme dito, e ameaçavam a mãe da criança.

A polêmica também chegou em Belo Horizonte. No Palácio das Artes, a exposição “Faça Você Mesmo Sua Capela Sistina” foi alvo de ataque dos grupo conservadores. Parlamentares como o deputado estadual João Leite e o vereador de BH Jair Di Gregório manifestaram-se contrários à obra do artista Pedro Moraleida.

O prefeito Alexandre Kalil visitou a exposiçã, disse que ela era “absolutamente normal” e defendeu a liberdade de expressão em espaços dedicados à arte.

Vitor Fórneas[email protected]

Repórter do BHAZ de maio de 2017 a dezembro de 2021. Jornalista graduado pelo UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) e com atuação focada nas editorias de Cidades e Política. Teve reportagens agraciadas nos prêmios CDL (2018, 2019 e 2020), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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