Se Bridgerton fosse em BH: veja como seriam os bailes, rolês e fofocas

penélope bridgerton
Já imaginou como seria o universo de Bridgerton se a série fosse em BH? (Reprodução/@bridgerton/X)

A tão aguardada segunda parte da 3ª temporada de Bridgerton estreou nesta quinta-feira (13) na Netflix. Entre debutantes, bailes e fofocas, o enredo da série não parece estar muito diferente da Belo Horizonte dos anos 1940, época da efervescência da alta sociedade local.

Bridgerton é a adaptação de uma série de livros de mesmo nome, da autora estadunidense Julia Quinn. Criada por Chris Van Dusen, a série mostra a história de oito irmãos buscando amor e felicidade na alta sociedade de Londres, no século 19.

Em cada temporada, um dos irmãos Bridgerton ganha destaque na trama. A série tem conquistado várias gerações, sobretudo a Z, ao mesclar escapismo ao glamour fictício de vestidos bonitos, bailes brilhantes e romances avassaladores.

Embora exista um gap entre a época em que Bridgerton é retratada e os anos da efervescência da alta sociedade de BH, a capital mineira também dispunha de elementos marcantes da série: bailes, eventos para debutantes, revistas sobre a alta sociedade e recato feminino.

Querido leitor, convido-te agora a imaginar: como seria o universo de Bridgerton se a série fosse ambientada em Belo Horizonte, nos anos 1940?

O BHAZ conversou com a historiadora do APCBH (Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte), Michelle Torre, e descobriu que a capital mineira não era tão diferente assim de Bridgerton.

Apresentação das debutantes

Em Bridgerton, as jovens são apresentadas à rainha Charlotte e à sociedade quando chegam em uma idade considerada apropriada para casar, ou seja, debutam no ‘mercado casamenteiro’. No evento, a monarca escolhe sua favorita para ser o Diamante da temporada.

Viajando para Belo Horizonte, os bailes de debutantes aconteciam na Casa do Baile, na Pampulha, entre 1940 e 1950. Segundo a historiadora, as jovens de 15 anos eram apresentadas para a alta sociedade em vestidos bonitos feitos sob medida.

“Só a elite mesmo que participava desses bailes. Essas pessoas frequentavam o Minas Tênis Clube, Automóvel Clube… esses lugares que tinham as festas que as pessoas da elite iam”, conta Michelle.

As debutantes de BH seguiam a mesma pompa das personagens de Bridgerton para o momento de debutar. “Elas colocavam vestidos de saia rodada com tafetá, bordado… Usava-se muito isso na época, e esses vestidos são muito lindos”, opina a especialista.

Moças e rapazes em baile na Casa do Baile (Arquivo/Casa do Baile)
Casa do Baile era o local onde os bailes de debutantes aconteciam (Acervo Belotur/Qu4rto Studio)

Bailes

Os bailes são pontos altos para a sociedade de Bridgerton, pois são oportunidades para as jovens socializarem com seus pretendentes. Os personagens capricham na produção, escolhendo as melhores roupas e joias. Há muita dança, flerte e fofocas sobre a aparência alheia.

Conforme citado pela historiadora da APCBH, os bailes aconteciam em locais como Casa do Baile, Minas Tênis Clube e Automóvel Clube de Minas Gerais. Michelle lembra do Baile das Debutantes Mineiras, promovido por Sarah Kubitschek, em 1951, na Casa do Baile.

“Nessa época, JK era governador de Minas Gerais. A esposa dele sempre trabalhava muito com questões beneficentes. Então, nessa época aqui, ela fez uma festa em benefício da Organização das Voluntárias”, narra a historiadora.

Passeios

Se Bridgerton fosse em Belo Horizonte, os passeios durante o dia seriam na Praça da Liberdade ou na avenida Afonso Pena. O famoso “footing” nada mais era do que um passeio para flertar com pretendentes. Moças e rapazes ficavam perambulando e trocando olhares, bem à moda antiga.

“O footing acontecia em vários lugares, aí a Praça da Liberdade era um point. E aí as pessoas se arrumavam e andavam de um lado para o outro e ficavam flertando, só que sem beijar, não tinha essa coisa de beijar em público”, conta a historiadora.

Bem Bridgerton, né? Na época, a avenida Afonso Pena era bastante arborizada, o que dava mais possibilidade de passeios para a população. E já era tudo asfaltado, viu? As ruas foram projetadas com paralelepípedo ou asfalto para passar os bondes.

“Os caras ficavam olhando para ver se as meninas deixavam aparecer pelo menos o tornozelo na hora de subir no bonde”, diz Michelle.

Avenida Afonso Pena em 1960 (Divulgação/Acervo APCBH)
Praça da Liberdade (Amanda Dias/BHAZ)

Modista

A ida à modista é outro grande evento para as moças de Bridgerton, que gostam de estar bem vestidas. Em Mayfair, distrito onde se passa a série, as jovens têm uma modista favorita, e cada importante momento é motivo para pedir novos vestidos e ver diferentes tecidos.

Assim como em Bridgerton, na década de 1940, a capital mineira dispunha de casas de tecidos, uma vez que a compra de roupas prontas era bastante cara. “Tinham algumas lojas de comprar tecidos famosas. Tinha uma que chamava ‘Casa Henrique’, que ficava na Carijós com a rua São Paulo”.

“Tinha também a Copacabana Tecidos, ficava no Edifício Mariana, na década de 1960. Nas revistas saíam muitas modelagens, por exemplo, tinha a revista Alterosa com uma sessão que apresentava a última moda das estrelas de Hollywood, porque a moda que se seguia aqui era a dos EUA”.

Personagens de Bridgerton escolhem tecidos na modista (Reprodução/X)

Lady Whistledown

Lady Whistledown movimenta toda a sociedade de Mayfair publicando fofocas sobre a vida dos personagens. Nem mesmo a rainha fica ilesa das palavras da colunista, que aponta os deslizes diversos da monarca, como escolher um Diamante errado para a temporada.

Diferente de Bridgerton, em que o foco de Lady Whistledown é fofocar sobre a vida amorosa das jovens e ajudar à formar uma opinião pública sobre elas — que podia ser bem negativa — , as revistas de BH eram só elogios à alta sociedade.

“Na Revista Alterosa, tem uma sessão que chama ‘A Sociedade’, em que as pessoas da alta sociedade apareciam. Mostravam fulano de tal visitando algum lugar, ou um almoço beneficente, formaturas… Era uma forma de publicizar, mas não tinham fofocas, as mulheres de BH eram muito reservadas”, conta a historiadora Michelle Torre.

Outra revista que os belo–horizontinos gostavam era a Revista Belo Horizonte. “Essas duas eram feitas e publicadas aqui de forma mensal. Na Alterosa tem uma sessão falando das lojas, reportagens de como a mulher deve se comportar, se vestir, como tratar o marido,etc”.

As jovens em Bridgerton sempre se preocupam com o que sai sobre elas no jornal (Reprodução/@bridgertonnetflix/Instagram)

Para entrar mais nesse universo

Ficou com vontade de conhecer mais da história de Belo Horizonte? O Arquivo Público da Cidade está disponível para consultas, basta agendar pelo e-mail [email protected] ou pelo telefone (31) 3277- 4603. O prédio fica na rua Itambé, 227, Floresta.

A segunda parte da 3ª temporada de Bridgerton está disponível na Netflix!

Andreza Miranda[email protected]

Graduada em Jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2020. Participou de duas reportagens premiadas pela CDL/BH (2021 e 2022); de reportagem do projeto MonitorA, vencedor do Prêmio Cláudio Weber Abramo (2021); e de duas reportagens premiadas pelo Sebrae Minas (2021 e 2023).

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