Supermercados de BH limitam compra de arroz por cliente após enchentes no Rio Grande do Sul

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Maior produtor de arroz do Brasil, o Rio Grande do Sul sofre com impactos de fortes chuvas que atingem o estado ao longo dos últimos dias. Em decorrência da tragédia, supermercados de Belo Horizonte já limitam a quantidade de pacotes de arroz vendidos por cliente. Fotos que mostram informes a respeito da situação, fixados em gôndolas de estabelecimentos, viralizam nas redes sociais nesta quarta-feira (8).

Na capital mineira, lojas do Supermercados BH e do MartMinas limitam a compra de unidades de pacotes de arroz. Ao BHAZ, a primeira rede citada informa que a medida é preventiva (veja detalhes abaixo). Relatos nas redes sociais ainda dão conta de que supermercados do Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Ceará e Paraná também limitam a venda do produto.

(Reprodução/@raposaodadepre/Twitter)

A restrição de unidades por cliente é explicada pelas enchentes que atingem o estado do Rio Grande do Sul, que é responsável por 70% da produção nacional do arroz. Fontes ouvidas pelo BHAZ explicam que não há, até o momento, um cenário de desabastecimento de arroz em supermercados de Minas Gerais e que não é preciso alarde.

A reportagem entrou em contato com a Amis (Associação Mineira de Supermercados) para entender a situação. A reportagem será atualizada tão logo uma resposta seja recebida.

Ao BHAZ, a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais informa que não há cenário de desabastecimento de arroz no estado. Segundo a pasta, cerca de 80% da safra de arroz já foi colhida (veja a nota na íntegra abaixo).

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, explica que as chuvas no Rio Grande do Sul impactaram a agricultura e pecuária da região. As enchentes causaram perdas na lavoura, alagamento nos armazéns e, principalmente, dificuldade logística para escoar o produtos, o que compromete a produção de arroz.

Já chega a 100 o número de mortos em consequência da tragédia que atinge o estado. De acordo com a Defesa Civil, há ao menos 128 pessoas desaparecidas no RS.

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O boletim divulgado ao meio-dia desta quarta-feira (8) informa que cerca de 1,45 milhão de pessoas já foram afetadas pelas consequências das chuvas em 417 municípios gaúchos.

Conforme o boletim, há 163.720 desalojados – pessoas que tiveram, em algum momento, que buscar abrigo nas residências de familiares ou amigos. Muitas delas esperam o nível das águas baixar  para voltar para casa. Outras 66.761 pessoas ficaram desabrigadas, ou seja, sem ter para onde ir, e precisaram se refugiar em abrigos públicos municipais. Ao menos 372 pessoas se feriram.

Nota do Supermercados BH na íntegra

O Supermercados BH informa que implementou medidas preventivas para assegurar suprimento contínuo de arroz, mas a rede assegura que não vai faltar este item essencial em suas lojas.

A precaução visa desincentivar que o consumidor faça um estoque desnecessário o que poderia resultar em escassez injustificada do produto.

Nota MartMinas na íntegra

Em decorrência das recentes condições climáticas desafiadoras enfrentadas pelo estado do Rio Grande do Sul, e em um esforço para garantir um equilíbrio no fornecimento de produtos essenciais aos nossos clientes do atacado, gostaríamos de informar que estamos implementando uma medida temporária de restrição nas vendas de arroz.

A partir de hoje, a venda do produto estará limitada a 5 fardos, equivalente a 30 pacotes, por cliente. Esta medida visa garantir que o fornecimento seja distribuído de forma equitativa, permitindo que todos os nossos clientes possam ter acesso ao arroz necessário para atender às suas demandas.

É importante ressaltar que esta restrição não afetará o consumidor final no varejo. Nossa intenção é assegurar que a disponibilidade do arroz seja mantida para todos os clientes, enquanto trabalhamos em conjunto para superar os desafios recentemente impostos.

Neste momento, é crucial que nos unamos em solidariedade ao Rio Grande do Sul e às comunidades afetadas pelas chuvas. Estamos comprometidos em fazer nossa parte para apoiar a região e seus habitantes durante este período desafiador, fazendo a doação de 90mil litros de água potável.

Agradecemos a compreensão e colaboração de todos os nossos clientes, fornecedores e funcionários enquanto trabalhamos para garantir um fornecimento estável de produtos essenciais.

Nota da Amis na íntegra

“A Associação Mineira de Supermercados (AMIS) informa que tem recebido questionamentos da imprensa sobre a limitação da venda de arroz nos supermercados restringindo a quantidade por cliente.

A justificativa das empresas é o estado de calamidade pública em decorrência das enchentes sem precedentes vividas pelo estado do Rio Grande do Sul, maior produtor nacional de arroz. A AMIS informa que a prática dos supermercados são decisões autônomas de cada empresa, com o objetivo de propiciar a todos os consumidores o acesso ao produto.

A orientação da AMIS aos consumidores é que evitem compras para formar estoques. O aumento anormal da demanda nesse sentido representa desestabilização da cadeia de abastecimento, com o desequilíbrio entre procura e oferta, o que é prejudicial ao próprio consumidor. A entidade informa ainda que o setor supermercadista mineiro está abastecido e com capacidade para atender a toda a população mineira.

Por fim, a AMIS e todo o setor supermercadista mineiro se solidarizam com o povo gaúcho neste momento de tamanha catástrofe.

Nota do Governo de Minas na íntegra

Informamos que, neste momento, não há cenário de desabastecimento de arroz em Minas Gerais, em virtude da situação de calamidade no Rio Grande do Sul, responsável pela maior produção do alimento no Brasil. Cabe informar que estima-se que cerca de 80% da safra de arroz já foi colhida.

Neste cenário, o Governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa-MG), segue atento às deliberações do Governo Federal sobre o tema”.

Brasil vai importar arroz

Para evitar uma escalada dos preços, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) vai comprar arroz já industrializado e empacotado no mercado internacional. É o que explica o ministro Carlos Fávaro.

“O problema é que teremos perdas do que ainda está na lavoura, e algumas coisas que já estão nos armazéns, nos silos, que estão alagados. Além disso, a grande dificuldade é a infraestrutura logística de tirar do Rio Grande do Sul, neste momento, e levar para os centros consumidores”, explicou . Os recursos para a compra pública de estoques de arroz empacotado serão viabilizados por meio da abertura de crédito extraordinário.

“Uma das medidas já está sendo preparada, uma medida provisória autorizando a Conab a fazer compras, na ordem de 1 milhão de toneladas, mas não é concorrer. A Conab não vai importar arroz e vender aos atacadistas, que são compradores dos produtos do agricultor. O primeiro momento é evitar desabastecimento, evitar especulação”, acrescentou o ministro.

Na primeira etapa, o leilão de compra da Conab, uma empresa pública federal, será para 200 mil toneladas de arroz, que devem ser importados dos países vizinhos do Mercosul, como Argentina, Uruguai e Paraguai, e eventualmente da Bolívia. “Se a gente for rápido na importação, a gente mantém [o preço] estável”, garantiu. O restante, até totalizar 1 milhão de toneladas, será importando conforme a avaliação de mercado. Essa cota ainda poderá ser elevada, se for necessário, assegurou o ministro.

Fávaro explicou que a Conab só deverá revender o produto no mercado interno diretamente para pequenos mercados, nas periferias das cidades, especialmente nas regiões Norte e Nordeste, para não afetar a relação dos produtores de arroz brasileiros com os atacadistas, que são seus principais clientes.

Com Agência Brasil

Isabella Guasti[email protected]

Jornalista graduada pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022 e também de reportagem premiada pelo Sebrae Minas em 2023.

Amanda Serrano[email protected]

Foi estagiária do Jornal Estado de Minas e da TV Band Minas. Também trabalhou na assessoria política. Atualmente é repórter do Portal BHAZ.

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