Tarifa a R$ 4,50, contratação de 500 agentes de bordo e 300 ônibus novos nas ruas. Essas foram as propostas apresentadas pelo prefeito Alexandre Kalil (PHS) para o sistema de transporte coletivo de Belo Horizonte durante reunião com representantes do Sindicato das Empresas de Transporte de Belo Horizonte (Setra-BH) na tarde desta sexta-feira (21).
Joel Paschoalin, presidente do Setra-BH, disse que o valor é inviável e que os empresários tomarão medidas judiciais contra o Executivo. “Houve imposição e não negociação. O valor proposto por Kalil não paga nem o valor da inflação dos insumos dos últimos dois anos. A gente sai daqui sem solução e vamos procurar nossos direitos”, disse.
Para o presidente do sindicato, as empresas não têm condições de fazer novos investimentos com a tarifa proposta pela prefeitura e que a aquisição de novos veículos com ar-condicionado custaria mais de R$ 120 milhões. “Com certeza não teremos novos investimentos e não temos condição de recontratar cobradores”, disse Paschoalin.
Representando a PBH, Célio Bouzada, presidente da BHTrans, disse que uma nova reunião entre Setra-BH e prefeitura acontecerá na segunda-feira (24).
“Nosso desejo era não reajustar [a tarifa], tanto que essa foi a primeira pauta. Não adianta impor um pagamento que a população não tenha condição”, disse Bouzada. Indagado sobre como a PBH chegou ao valor de R$ 4,50, o presidente da BHTrans disse que foi usada a inflação do setor. O presidente da BHTrans ainda destacou que R$ 4,50 será o valor máximo apresentado pelo Executivo.
Caixa-preta
Pela manhã, o prefeito da capital, Alexandre Kalil, apresentou os resultados de uma auditoria feita por especialistas da Maciel Consultores sobre ‘a caixa-preta’ da BHTrans, que analisou 104 mil documentos, como contratos com as concessionárias e as planilhas sobre custos operacionais do sistema de transporte público.
Além de não encontrar nenhuma irregularidade nos contratos da BHTrans, a auditoria definiu que o valor de tarifa considerado o ideal para que as empresas consigam arcar com custos operacionais e de manutenção do ônibus seria de R$ 6,35. Para Kalil, no entanto, o preço é inviável de se praticar por conta do atual cenário econômico vivido pela população mais pobre.
Já segundo a Associação Nacional de Trasportes Públicos (ANTP), a tarifa do transporte público de Belo Horizonte deveria variar entre R$ 5 e R$ 5,61 a partir da observação de valores registrados em tabela.
Enquanto nada é decidido, o belo-horizontino continuará pagando R$ 4,05 pela tarifa regular.