Torcedor é preso após jogar cadeira para cima e ferir criança durante jogo no Mineirão

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Criança estava no jogo do Cruzeiro, no Mineirão, quando foi atingida por cadeira (Reprodução/Redes sociais)

Um homem de 29 anos, membro da organizada Máfia Azul, foi preso em flagrante na noite de ontem (5) depois de arremessar uma cadeira para cima e atingir uma criança no fim do jogo entre Cruzeiro e Ituano, no Mineirão. O torcedor deve responder por tentativa de homicídio.

Em conversa com o BHAZ, o pai da pequena Alícia Danielli, 7, disse que a menina sofreu um corte profundo próximo aos olhos e precisou receber cinco pontos. Era a primeira vez da criança no Mineirão.

“Por ser um jogo de torcida única, imaginei que seria mais calmo. O jogo correu bem, a gente cantou, ela subiu nos meus ombros, bateu palma. Era o sonho dela ir no Mineirão, conhecer o Edu e tirar foto com o Fubá [“puxador” da Máfia Azul]”, conta Renan Freitas.

‘Pensei que era uma bomba’

No final da partida, enquanto pai e filha comemoravam próximo aos jogadores, um torcedor arremessou uma das cadeiras do estádio para o alto. O objeto acertou Renan e a filha, que teve dois cortes no rosto, um deles com intenso sangramento.

“Nós dois caímos no chão e quando eu levantei pensei que era uma bomba por causa do barulho. Quando vi que o olho dela estava todo ensanguentado, entrei em desespero. A gente procurou a tropa de choque e eles nos ajudaram a encontrar a enfermaria, o que foi difícil pra caramba. De lá, fomos para o hospital”, relembra ele.

Renan, natural de Congonhas, na região Central de Minas, conta que tem o costume de frequentar os jogos do Cruzeiro há vários anos. O pai disse que, desde o ocorrido, tem recebido muito apoio de torcedores da Máfia Azul. Na tarde de hoje (6), a organizada informou a expulsão do membro que feriu a pequena Alícia (leia abaixo).

“O Fubá já me ligou, o pessoal da Máfia Azul de Congonhas, de Itabira. Eu não culpo a torcida, culpo esse cara. Na hora que eu vi minha filha sangrando, meu sentimento foi de raiva, olhei para trás e disse: ‘olha o que vocês fizeram’. Os torcedores ficaram revoltados e foram atrás do indivíduo que atirou a cadeira”, narra o pai.

Polícia investiga o caso

Segundo Renan, a menina ficou com medo de ir ao Mineirão após a experiência traumática. O pai espera que a criança consiga superar esse medo para construir, ao lado dele, novas e boas memórias do time do coração.

“Ainda no hospital, a médica perguntou para ela se ela quer ir de novo, mas ela disse que nunca mais quer voltar no Mineirão. Fiz uma promessa para ela de que enquanto ela não voltar, eu também não volto. Enquanto ela tiver com esse medo, não vou mais não”, lamenta o pai.

Por meio de nota (leia abaixo na íntegra), a Polícia Civil disse que o suspeito foi ouvido e “autuado em flagrante por tentativa de homicídio”. O homem foi levado ao sistema prisional, onde permanece à disposição da Justiça. O órgão investiga o caso.

Máfia Azul expulsa torcedor

A Máfia Azul emitiu uma nota (veja abaixo na íntegra), no início da tarde de hoje (6), informando a expulsão do membro da organizada, “por conduta inadequada levando perigo aos torcedores ao arremessar objetos na arquibancada”.

“Sendo assim, o mesmo fica proibido de frequentar qualquer evento de nossa torcida, setores onde ficamos nos estádios ou adquirir qualquer vestimenta referente à torcida ou comando”, continua.

No fim da nota, a organizada diz que a cobrança da expulsão foi feita por parte da torcida no mesmo momento que o homem foi preso. “Deixamos assim o exemplo de que qualquer membro que ouse agir da mesma forma também será cobrado na pele e será expulso”.

Quase 5 mil cadeiras quebradas em 2022

O BHAZ também procurou a administração do Mineirão que informou, em nota, ter tomado conhecimento do caso. Segundo o Mineirão, só neste ano, cerca de 4.800 cadeiras do estádio foram danificadas em 45 partidas, média de uma cadeira quebrada a cada 50 segundos de jogo.

A instituição diz repudiar veementemente “atitudes de vandalismo e violência como essa, comportamento que vem se repetindo, mesmo com campanhas promovidas pelos clubes e pelo estádio nas redes sociais, telão e sistema de som” (leia na íntegra abaixo).

“Quando atiradas a esmo, as cadeiras ou pedaços vandalizados podem atingir pessoas e os responsáveis processados criminalmente. Além de atingir pessoas, o prejuízo até o momento para os clubes mandantes é de R$ 345.911,74”, informou.

Nota da Polícia Civil

“Sobre os fatos registrados ontem (5/10), no estádio de futebol, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informa que o suspeito, de 29 anos, foi conduzido e ouvido pela Autoridade Policial por meio da Central Estadual do Plantão Digital, onde foi autuado em flagrante por tentativa de homicídio. Ele foi encaminhado ao sistema prisional, onde permanecerá à disposição da Justiça. As investigações prosseguem na Delegacia de Eventos e de Proteção ao Turista para a completa elucidação dos fatos”.

Nota do Mineirão

O Mineirão lamenta e se sensibiliza com o caso de uma criança atingida por um banco de cadeira na partida entre Cruzeiro e Ituano, nessa quarta-feira (5). O estádio tomou conhecimento e acompanhou o fato, que ocorreu no setor Amarelo Superior. O autor foi identificado na hora pela Polícia Militar e preso em flagrante. A criança foi atendida no posto médico e, posteriormente, encaminhada ao hospital.

O Mineirão repudia, veementemente, atitudes de vandalismo e violência como essa, comportamento que vem se repetindo, mesmo com campanhas promovidas pelos clubes e pelo estádio nas redes sociais, telão e sistema de som.

Só em 2022, a administração contabilizou 4.800 cadeiras danificadas em 45 partidas, média de uma cadeira quebrada a cada 50 segundos de jogo. Quando atiradas a esmo, as cadeiras ou pedaços vandalizados podem atingir pessoas e os responsáveis processados criminalmente. Além de atingir pessoas, o prejuízo até o momento para os clubes mandantes é de R$ 345.911,74.

Edição: Roberth Costa
Vitor Fernandes[email protected]

Sub-editor, no BHAZ desde fevereiro de 2017. Jornalista graduado pela PUC Minas, com experiência em redações de veículos de comunicação. Trabalhou na gestão de redes do interior da Rede Minas e na parte esportiva do Portal UOL. Com reportagens vencedoras nos prêmios CDL (2018, 2019, 2020 e 2022), Sindibel (2019), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

Larissa Reis[email protected]

Graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Vencedora do 13° Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, idealizado pelo Instituto Vladimir Herzog. Também participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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