Vídeo mostra professor universitário se divertindo em festa horas antes de ser morto

Reprodução/Facebook

O assassinato do professor universitário André Felipe Vieira Colares, de 24 anos, segue como um dos assuntos mais repercutidos das redes sociais desde a última semana. Ele foi morto, na sexta-feira (1º), em uma chácara onde ocorria uma festa, em Montes Claros, na região Norte do Estado.

Além de chocar, pelas circunstâncias em que o corpo do jovem foi encontrado, o crime gera comoção na comunidade acadêmica e entre familiares e amigos dele. Um desabafo publicado por um rapaz no Facebook e um vídeo que mostram André dançando e se divertindo na festa, horas antes de ser morto, encabeçam as manifestações de solidariedade e revolta a respeito do caso.

No texto, que já alcançou quase três mil compartilhamentos e mais de mil comentários, até a manhã desta segunda-feira (4), o internauta ressalta as qualidades de André e dá a entender que o assassinato dele foi motivado por homofobia, a aversão ou rejeição a homossexuais. “André Felipe era um cara inteligente. Montes Claros ficou pequena e lá foi ele pra capital. Em dois anos, virou Mestre pela UFMG, prestes a ser Doutorando e professor universitário da UFOP. Tudo isso aos 24 anos”, diz em um trecho.

andre
Veja o vídeo que mostra André se divertindo horas antes de ser morto ao fim da matéria
Reprodução/Facebook

“Além de todas as características citadas, André tinha uma outra, essa não tão admirada por uma sociedade doente, podre. André era homossexual. E mesmo tendo passado por todas as instâncias de ascensão social via educação, mesmo tendo chegado ao nível em que o preconceito tende a ser menos limitador, André não conseguiu fugir do triste destino de centenas de brasileiros todos os anos: a morte, advinda do sentimento mais profano que alguém pode ter: o ódio.”, segue o desabafo.

Apesar de a homofobia ser apontada por muitos como a motivação para o assassinato de André, a Polícia Civil informou que não há indícios, até o momento, que levem a essa linha de raciocínio. Ainda na sexta-feira (1º), a corporação divulgou uma nota na qual descarta a possibilidade.

“Um adolescente de 17 anos foi apreendido suspeito de ter cometido o crime. O suspeito foi ouvido pela Polícia Civil nesta tarde e entrou em contradição diversas vezes, durante o depoimento. Não há indícios de que o crime tenha motivações homofóbicas”, afirma o comunicado. “O menor infrator será apresentado ao Ministério Público para a análise do pedido de internação. As investigações seguem em andamento para apuração das circunstâncias e motivação do crime”, completa.

Já o vídeo que mostra o professor se divertindo foi visto mais de nove mil vezes. Na gravação, divulgada por uma página de Montes Claros, André aparece dançando ao som de música sertaneja. Ele sorri enquanto acompanha atentamente passos de dança arriscados por outros convidados. Nos comentários da postagem, revolta e indignação. “Todo feliz mal sabia que seria suas ultimas horas de vida. Lamentável!!!”, escreveu uma internauta. “Uma pessoa não pode curtir uma festa mais porque tem receio de ser atingido por um homofóbico”, disse outra. “Tadinho, que Deus console o coração dos familiares”, desejou uma terceira.

Veja o vídeo e o desabafo que tem repercutido na íntegra:

“André era um cara diferenciado. Desses que a faculdade inteira conhece (e reconhece). Um dos melhores da sala, presidente do D.A. e da Empresa Júnior da Administração da Unimontes. Líder nato.

André Felipe era um cara inteligente. Montes Claros ficou pequena e lá foi ele pra capital. Em dois anos, virou Mestre pela UFMG, prestes a ser Doutorando e professor universitário da UFOP. Tudo isso aos 24 anos.

André Felipe Vieira era um cara brilhante! Afora toda a descrição acima, era alguém que sabia conversar sobre tudo com propriedade. Era dos melhores amigos do meu irmão, e isso fez com que tivéssemos alguns longos e ótimos papos regados a cerveja e cultura — mais dele do que minha, confesso.

Hoje, André Felipe Vieira Colares é um número. Uma estatística. Não vai continuar seus estudos, não vai mais dar aulas, não vai mais poder passar seus conhecimentos e sua alegria adiante. Alguém se considerou no direito de tirar de André os sonhos, perspectivas, ideais. Alguém resolveu tirar de André o chão, o futuro, o ar.

Alguém tirou a vida de André.

Além de todas as características citadas, André tinha uma outra, essa não tão admirada por uma sociedade doente, podre. André era homossexual. E mesmo tendo passado por todas as instâncias de ascensão social via educação, mesmo tendo chegado ao nível em que o preconceito tende a ser menos limitador, André não conseguiu fugir do triste destino de centenas de brasileiros todos os anos: a morte, advinda do sentimento mais profano que alguém pode ter: o ódio.

Quando alguém disser a você que não existe homofobia; quando disserem que a militância é “exagerada”; que gays se aproveitam de “tragédias para se promover”; peço que você se lembre de André. Quando ouvir a fala de Bolsonaros, Malafaias e Felicianos, lembre-se do André, e de qual foi a arma responsável pela morte do jovem — a verdadeira, e não apenas a que consumou o ato.

Agora, resta a André descansar. E quem foi que disse que ele estava cansado?

‪#‎RipAndréFelipe‬

 

 

Roberth Costa[email protected]

De estagiário a redator, produtor, repórter e, desde 2021, coordenador da equipe de redação do BHAZ. Participou do processo de criação do portal em 2012; são 11 anos de aprendizado contínuo. Formado em Publicidade e Propaganda e aventureiro do ‘DDJ’ (Data Driven Journalism). Junto da equipe acumula 10 premiações por reportagens com o ‘DNA’ do BHAZ.

SIGA O BHAZ NO INSTAGRAM!

O BHAZ está com uma conta nova no Instagram.

Vem seguir a gente e saber tudo o que rola em BH!